12 questões para
perceber a “revolta” dos taxistas contra a Uber
28 Abril 2016215
Ana Pimentel
http://observador.pt/explicadores/12-questoes-perceber-revolta-dos-taxistas-uber/
Motorista
que trabalha com Uber atacada com dejectos de animais
Mariana Oliveira
02/09/2016 – 19:12
Incidente aconteceu
esta quinta-feira à tarde junto à estação de Campanhã, no Porto.
Uma motorista que
trabalha com a Uber foi atacada no interior da viatura que conduz com
dejectos de animais ao fim da tarde desta quinta-feira perto da
estação de Campanhã, no Porto. O autor do ataque fugiu e não
chegou a ser identificado pela polícia, mas a vítima acredita que
foi um taxista ou alguém a mando de um destes profissionais.
A motorista Patrícia
Madureira, de 42 anos, ficou com “estrume líquido” na cabeça,
nos braços e no vestido que usava, como é possível ver nas fotos
que partilhou no Facebook. “Já tomei mais de 20 banhos, fui cortar
o cabelo a pente um e continuo com um cheiro nauseabundo”,
queixa-se a condutora ao PÚBLICO, lamentando a humilhação a que
foi sujeita.
A vítima, que
chamou a polícia que registou a ocorrência, dirigiu-se esta
sexta-feira a uma esquadra para apresentar uma queixa de agressão
contra desconhecidos. Foi convocada para se apresentar no Instituto
de Medicina Legal, já que não se conhece o teor da substância que
a atingiu nem os eventuais efeitos nocivos para a sua saúde. A PSP
do Porto confirma, através do seu porta-voz, António Veiga, que
recebeu uma queixa deste teor na 4ª. esquadra e adianta que não tem
conhecimento de situações idênticas.
O veículo que
conduzia, um carro eléctrico que funciona integrado no serviço Uber
Green, ficou com dejectos espalhados pelo interior, essencialmente no
tablier, nos estofos da frente e no tecto. O proprietário da
empresa, parceira da Uber, também apresentou uma participação na
PSP por causa dos danos na viatura, confirmou Vítor Pessegueiro,
dono da Honras e Cortesias. O empresário considera que a polícia
devia ter um papel mais activo na defesa destes condutores
essencialmente nas zonas onde tem ocorrido os principais problemas no
Porto: as estações de Campanhã e de São Bento e na zona da
Batalha. Foi neste último local, que no final de Julho um outro
carro da empresa foi danificado ao pontapé por um grupo de quatro ou
cinco homens, que o empresário acredita serem taxistas. “Os
clientes iam dentro do carro. A parte lateral esquerda da viatura vai
ser toda substituída”, explica.
Vítor Pessegueiro
já teve um motorista agredido, carros apedrejados e vidros partidos.
As ameaças e os insultos são um problema diário. Garante que não
é a primeira vez que há ataques com dejectos de animais, mas até
agora apenas terão atingido o exterior das viaturas.
Patrícia Madureira
conta que tudo começou com um pedido para ir buscar clientes à Rua
da Estação, uma via que dá acesso à Estação de Campanhã, um
local que normalmente evita devido aos problemas que já ocorreram.
“Como o pedido não era para a estação, achei que não havia
problema. Onde estava não via os taxistas [que estavam na postura] e
eles também não me viam”, explica.
Foi quando os
clientes, três jovens estrangeiros que estavam sentados no chão com
as respectivas mochilas, se preparavam para entrar no carro que um
homem lhe atirou com “um tipo de estrume líquido” que trazia
numa embalagem de plástico. Antes, o mesmo já a advertira que não
ia fazer “esta corrida”, uma expressão própria dos taxistas.
“Ele fugiu para a postura da estação e só saiu de lá quando viu
chegar o carro-patrulha da polícia”, afirma.
Desde o início do
ano passado, foram reportados às autoridades pelo menos 71 casos de
agressões a condutores que trabalham com a multinacional
norte-americana Uber em Lisboa e no Porto, uma contabilidade feita
pelo PÚBLICO em finais de Abril a propósito do arranque de uma
semana de luta dos taxistas contra a actividade da Uber em Portugal.
A própria multinacional contabilizou entre Janeiro do ano passado e
Fevereiro deste ano 43 inquéritos-crime por agressões ocorridas
apenas no Porto. A estes somam-se, 28 queixas contabilizadas pela PSP
em Lisboa até final de Fevereiro passado. Destas, 22 denúncias “por
ameaças e agressões a condutores e danos” nas viaturas
disponíveis através da plataforma digital ocorreram no ano passado
e seis casos já este ano.
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