De destacar também /
finalmente!
“no final do próximo ano”,
estão o “completar da requalificação do Cais das Colunas”, com
o “retirar” do aterro hoje existente e com a “reconstrução do
muro das namoradeiras”.
O muro, parte integrante do
projecto original e consequentemente Monumento Nacional foi tratado,
até agora, como peça secundária.
OVOODOCORVO
Investimento
de sete milhões vai converter Estação Sul e Sueste num terminal
turístico
INÊS BOAVENTURA
07/09/2016 – 18:10
O
presidente da Câmara de Lisboa fala no “início do fim do processo
de renovação” da frente ribeirinha e lamenta os “dez anos” em
que o espaço esteve “subtraído à cidade”. A obra inclui o
“completar da requalificação do Cais das Colunas”.
O há muito
ambicionado projecto da Câmara de Lisboa de converter a Estação
Sul e Sueste num “terminal de actividade marítimo-turística”
vai finalmente concretizar-se. Segundo o director-geral da Associação
de Turismo de Lisboa, Vítor Costa, está em causa um investimento de
cerca de sete milhões de euros, que deverá estar concluído “no
final do próximo ano”.
“É a peça que
faltava no amplo projecto de requalificação da frente ribeirinha
entre o Cais do Sodré e Santa Apolónia”, frisou o presidente da
Câmara de Lisboa. Para Fernando Medina a cedência do imóvel do
Estado à autarquia, que foi formalizada numa cerimónia pública que
teve lugar esta quarta-feira, representa “o início do fim do
processo de renovação integral de vários quilómetros de frente
ribeirinha”.
No seu discurso, o
autarca referiu-se à Estação Sul e Sueste, que estava até aqui
nas mãos da CP e que se encontrava há muito fechada e sem qualquer
utilização, como “uma mancha, uma nódoa, uma ferida”. Há dois
anos, também o seu antecessor se tinha referido à obra de
Cottinelli Telmo em termos idênticos: “É uma nódoa negra que
persiste no Terreiro do Paço. É uma vergonha para a cidade o estado
em que o Estado está a manter este imóvel de grande valor
arquitectónico”, afirmou António Costa em Novembro de 2014,
altura em que fez saber que era sua intenção financiar a criação
no local de uma “gare marítimo-turística” com verbas da Taxa
Municipal Turísticas.
Esta quarta-feira, o
único a falar sobre o investimento que vai ser realizado na
requalificação do edifício inaugurado em 1932 foi o director-geral
da ATL, a entidade à qual vai ser confiada a gestão do novo
“terminal de actividade marítimo-turística”. Segundo adiantou
Vítor Costa, está em causa um montante de sete milhões de euros
que a associação, “por incumbência da câmara, irá reunir e
mobilizar”.
O director-geral da
ATL sublinhou que esse valor engloba não só a intervenção no
imóvel (de acordo com um projecto de Ana Costa, neta de Cottinelli
Telmo), mas também a requalificação do espaço público envolvente
(“até ao enfiamento do Torreão Nascente”) e da área entre o
rio e a estação. O arquitecto Bruno Soares, autor da polémica
proposta que foi concretizada no Terreiro do Paço e daquela que está
a ser executada no Cais do Sodré, será o responsável pelo projecto
de espaço público.
Segundo explicou
Vítor Costa, no interior do edifício, que está classificado desde
2012 como Monumento de Interesse Público, aquilo que se pretende é
promover um restauro de acordo com o projecto original, operação
que incluirá a remoção de “todos os acrescentos de épocas
posteriores”. Os azulejos serão devolvidos às paredes que hoje se
encontram despidas e será ainda feita a “consolidação
estrutural” da antiga estação fluvial.
O programa de
ocupação futura do espaço inclui a instalação no local de dois
restaurantes e das bilheteiras das empresas que aí pretendam
desenvolver a sua actividade marítimo-turística. Vai também ser
criada uma loja de “produtos regionais de Lisboa” e no exterior
haverá esplanadas, que como notou Vítor Costa serão objecto de “um
projecto de equipamento e mobiliário específico”.
O director-geral da
ATL explicou ainda que vão ser mantidos, depois de “recuperados”,
os dois pontões já existentes, que poderão ser utilizados por
“embarcações de maior porte, como cacilheiros”. Prevista está
a construção de um terceiro pontão, dedicado a “embarcações
menores”, como “barcos tradicionais ou à vela”.
Também contemplada
nesta intervenção, que Vítor Costa acredita que poderá estar
concluída “no final do próximo ano”, estão o “completar da
requalificação do Cais das Colunas”, com o “retirar” do
aterro hoje existente e com a “reconstrução do muro das
namoradeiras”. A ATL pretende também “aumentar o espaço verde”
e apostar em “percursos pedonais e cicláveis” que promovam a
ligação do Terreiro do Paço ao Campo das Cebolas e ao novo
terminal de cruzeiros de Santa Apolónia.
Para o presidente da
Câmara de Lisboa, a transformação da Estação Sul e Sueste num
“terminal de actividade marítimo-turística” é um investimento
com “uma importância estratégica”. “Vai nascer aqui uma nova
polaridade para o rio”, sintetizou Fernando Medina, notando que do
novo equipamento poderão partir embarcações que percorram a frente
ribeirinha até Belém e ao Parque das Nações, bem como embarcações
que unam as duas margens do Tejo.
O autarca fez também
questão de dizer que a cedência deste imóvel à autarquia “parece
um acto simples” mas na verdade não o é, como comprovam os “dez
anos” durante os quais “o espaço estava subtraído à cidade”.
Também o ministro
das Finanças lamentou o facto de este imóvel, “recentemente
desafectado do domínio público ferroviário”, ter estado fechado
durante vários anos. Constatando que do seu gabinete tem “vista
privilegiada” para a obra de Cottinelli Telmo, Mário Centeno
recordou os tempos em que a antiga estação fluvial era a sua “porta
de entrada em Lisboa vindo do Sul” e congratulou-se com a cedência
ao município agora firmada.
Segundo avançou ao
PÚBLICO o director-geral da ATL, essa cedência do Estado tem um
período de vigência de 50 anos e terá como única contrapartida
por parte do município a realização das obras agora anunciadas.
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