De
vento em popa a caminho de mais um resgate
A
dívida sobe, as exportações caem a pique, o investimento afunda e
os juros estão por um fio, à espera da agência de rating
canadiana. António Costa ri e dá música aos portugueses nas
vésperas de o país embater de frente contra o icebergue.
12/09/2016
António Ribeiro
Ferreira
Contra factos não
há argumentos. Bem pode a geringonça comandada por António Costa
dar música aos portugueses e gabar-se da reposição de rendimentos
e das conquistas dos trabalhadores. A realidade começa a impor-se à
propaganda gritada pela esquerda fandanga que assaltou o poder em
novembro de 2015, depois de ter sido vergonhosamente derrotada nas
urnas.
Sexta-feira, o INE
veio pregar mais uns pregos na geringonça com os dados das
exportações e das importações. As vendas ao exterior caíram
4,6%, a maior queda em mais de dois anos, e as importações desceram
7,2%, um sinal óbvio do afundamento do investimento. É a economia a
morrer, é o país a caminhar de novo a passos largos para o abismo.
Os avisos são mais do que muitos e vêm de muitos lados. O
“Financial Times” alertou a semana passada para a tempestade
perfeita com um cenário aterrador. A dívida pública continua a
crescer e os juros no mercado secundário, mesmo com a preciosa ajuda
do BCE, estão bem mais altos do que os de outras economias e estão
dependentes do rating da agência canadiana que tem sido o anjo da
guarda de Portugal há muitos anos.
Acontece que em
outubro, mais precisamente no dia 21, a agência vai rever o rating
nacional já com a proposta do Orçamento do Estado em cima da mesa e
as exigências públicas da Comissão Europeia sobre as medidas
adicionais ainda para este ano. Acontece que a agência canadiana
pode muito bem manter o rating da dívida acima do lixo, mas diminuir
as perspetivas de estáveis para negativas. Se tal acontecer vai
começar uma verdadeira tormenta para a dívida portuguesa e tudo se
pode precipitar muito rapidamente. Ainda por cima, na sexta-feira, a
Comissão Europeia, pela voz do comissário Moscovici, veio dizer
claramente que Bruxelas quer mesmo suspender os fundos estruturais de
Portugal e Espanha. É neste contexto que começam a ser patéticas
as intervenções otimistas de Costa e também de Marcelo, que juram
estar tudo bem no reino da geringonça e, por tabela, em Portugal. Um
novo resgate em 2017, o quarto em 40 anos de democracia, seria bem
pior do que os anteriores.
O empréstimo de
mais umas dezenas de mil milhões de euros seria acompanhado de um
pacote violento de reformas e medidas de austeridade que qualquer
governo teria dificuldade em pôr em prática. Além disso, o
empréstimo europeu seria necessariamente acompanhado de mais uma
fatia de dinheiro do FMI, que iria impor um perdão de dívida aos
privados. Um desastre total, até porque só os bancos portugueses
têm em seu poder 19% da dívida pública portuguesa. Perante este
cenário aterrador seria normal o governo tomar medidas sérias e
antecipar-se ao desastre. Mas não. A geringonça no seu melhor
promete mundos e fundos aos portugueses como se tivesse descoberto em
segredo umas minas de ouro.
Ele é um novo
aumento do salário mínimo e dos ordenados dos funcionários
públicos, admissões de pessoal em todos os serviços para compensar
o crime das 35 horas e, claro, o fim da sobretaxa do IRS e dos cortes
nas pensões mais altas. Vai assim a propaganda do governo e da
geringonça mas, nos gabinetes governamentais, as receitas são
outras e já ninguém sabe quem mente mais.
O inexistente
ministro da Economia descaiu-se numa entrevista e admitiu aumentos de
IRS para a classe média. Em pânico saiu Mário Centeno do seu
cantinho escuro para desmentir o colega e garantir que não haverá
mexidas no IRS em 2017. Mas lá deixou cair a novidade de voltar a
subir os impostos indiretos no próximo ano. Mentem, desmentem,
enganam, martelam execuções orçamentais, atrasam pagamentos,
enfim, são os socialistas a fazerem aquilo em que são verdadeiros
artistas desde que puseram pela primeira vez o pé no poder, neste
Portugal democrático, pobre, manhoso, com a mania das grandezas, a
moeda única que nos ia tornar alemães e a triste sina de cair na
falência, de viver sempre da caridade alheia, de andar de cara
alegre e mão estendida. É evidente que os três partidos que
assaltaram o poder em novembro de 2015 não vão fazer ondas para
aprovar o Orçamento do Estado para 2017.
É evidente que BE e
PCP vão aceitar as exigências de Bruxelas de mais medidas
adicionais para reduzir o défice nominal e o défice estrutural. #É
evidente que a geringonça vai andar por aí a repetir os velhos
slogans que têm matado este pais e condenado os portugueses à
pobreza permanente. É evidente que os três partidos se vão manter
fiéis na sua luta contra a economia de mercado, a iniciativa privada
e a livre iniciativa. É evidente que os três partidos vão
continuar a fazer tudo para manterem bem longe do país o
investimento estrangeiro e travarem o pouco investimento privado
nacional disponível.
É evidente que os
três partidos vão atacar a classe média em nome da redução das
desigualdades sociais. É evidente que os três partidos vão atirar
Portugal para mais uns tristes e longos anos de miséria, desemprego
e emigração. É evidente que os três partidos só vão largar o
poder se houver uma maioria absoluta de sinal contrário. É evidente
que os três partidos estão dispostos a tudo para evitar uma derrota
eleitoral e já escolheram os seus alvos eleitorais.
Para isso estão
dispostos a privilegiar os funcionários públicos e os mais pobres,
com benesses em cima de benesses, uma compra permanente de votos que
lhes garanta o poder. De uma vez por todas e para que não restem
dúvidas. Portugal, a economia, o nível de vida da classe média não
interessam nada a esta gente. Esta gentinha quer o poder para fazer o
que sempre fez: tornar a vida dos portugueses um inferno.
Jornalistaf
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