sábado, 3 de setembro de 2016

China ratifica acordo de Paris para conter alterações climáticas


China ratifica acordo de Paris para conter alterações climáticas

PÚBLICO
03/09/2016 - 08:57
(actualizado às 09:59)

Anúncio feito quando se aguarda encontro entre os presidentes da China e dos EUA, antes do início da cimeira do G20, para fazer uma declaração conjunta sobre as alterações climáticas.
A China, o maior poluidor do mundo, ratificou este sábado o acordo climático aprovado em Dezembro do ano passado em Paris para conter o aquecimento global, anunciou a agência de notícias chinesa Xinhua.

A ratificação foi aprovada este sábado pelo mais alto órgão legislativo do regime comunista, o Congresso Nacional Popular da China, que aceita assim formalmente submeter-se a um tratado internacional considerado histórico e que tenta conter a subida da temperatura do planeta a 1,5ºC.

Esta decisão irá "fazer avançar ainda mais uma China verde, de baixo carbono, e garantir a segurança do meio ambiente", lê-se na proposta aprovada, citada pela agência Xinhua. O documento sublinha que a ratificação é “propícia aos interesses de desenvolvimento da China", e que também irá ajudar o país a "desempenhar um papel maior na gestão global do clima".

O anúncio acontece antes de uma reunião prevista para este domingo entre os presidentes da China e dos Estados Unidos, Xi Jinping e Barack Obama, que se devem encontrar antes do início da cimeira do G20 – a realizar-se na cidade chinesa de Hangzhou – para fazer uma declaração conjunta sobre as alterações climáticas.

Segundo o jornal inglês Guardian, os activistas acreditam que a peça central dessa declaração, que implicou semanas de negociações, será um compromisso formal de ambos os países a ratificar o acordo.

O acordo de Paris, selado em Dezembro passado após intensas negociações, precisa ser ratificado por 55 países, representando 55% das emissões globais de CO2, para entrar em vigor. “A China e os EUA juntos representam cerca de 38% das emissões globais. Se ratificarem o acordo de Paris permitirão que o tratado entre em vigor mais rapidamente", explica Li Shuo, conselheiro sénior de política climática da organização ambientalista Greenpeace no Sudeste Asiático, citado pelo Guardian.

Este conselheiro, citado pela France Press (AFP), destaca a hipocrisia da China ao falar do triunfo do acordo de Paris ao mesmo tempo que mantém “generosos subsídios às indústrias de combustíveis fósseis”.

A China é o país líder em termos de investimentos na energia solar, mas Pequim aprovou em 2015 a construção de pelo menos 150 novas centrais de carvão, tendo o consumo deste mineral naquele país duplicado ao longo da década 2004-2014, nota a AFP.

A agência francesa escreve que as autoridades chinesas fecharam nas duas últimas semanas as indústrias até 300 quilómetros dos arredores de Hangzhou para garantir um céu azul aos visitantes do G20.

A mesma agência, que estima que China e EUA juntos são responsáveis por mais de 40% das emissões globais de CO2, precisa que o gigante asiático ainda produz mais de 70% da sua electricidade a partir do carvão, sendo sozinho responsável por 24% dessas emissões.

O Governo português remeteu no final de Julho à Assembleia da República, para ratificação, o acordo de Paris adoptado pela Cimeira das Nações Unidas para o Clima. Na altura do anúncio o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, considerou da maior importância que o documento seja ratificado antes de Dezembro, quando se irá realizar uma nova conferência da ONU sobre alterações climáticas na cidade marroquina de Marraquexe.

A Hungria e a França foram os dois primeiros países europeus a ratificar o acordo de Paris. O instituto Climate Analytics, um organismo de investigação científica sediado em Berlim, contabilizou 34 outros países que se comprometeram a ratificar o acordo até o final deste ano. Entre eles estão o Brasil, o Canadá, a Indonésia e o Japão.

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