China
ratifica acordo de Paris para conter alterações climáticas
PÚBLICO
03/09/2016 - 08:57
(actualizado às
09:59)
Anúncio feito
quando se aguarda encontro entre os presidentes da China e dos EUA,
antes do início da cimeira do G20, para fazer uma declaração
conjunta sobre as alterações climáticas.
A China, o maior
poluidor do mundo, ratificou este sábado o acordo climático
aprovado em Dezembro do ano passado em Paris para conter o
aquecimento global, anunciou a agência de notícias chinesa Xinhua.
A ratificação foi
aprovada este sábado pelo mais alto órgão legislativo do regime
comunista, o Congresso Nacional Popular da China, que aceita assim
formalmente submeter-se a um tratado internacional considerado
histórico e que tenta conter a subida da temperatura do planeta a
1,5ºC.
Esta decisão irá
"fazer avançar ainda mais uma China verde, de baixo carbono, e
garantir a segurança do meio ambiente", lê-se na proposta
aprovada, citada pela agência Xinhua. O documento sublinha que a
ratificação é “propícia aos interesses de desenvolvimento da
China", e que também irá ajudar o país a "desempenhar um
papel maior na gestão global do clima".
O anúncio acontece
antes de uma reunião prevista para este domingo entre os presidentes
da China e dos Estados Unidos, Xi Jinping e Barack Obama, que se
devem encontrar antes do início da cimeira do G20 – a realizar-se
na cidade chinesa de Hangzhou – para fazer uma declaração
conjunta sobre as alterações climáticas.
Segundo o jornal
inglês Guardian, os activistas acreditam que a peça central dessa
declaração, que implicou semanas de negociações, será um
compromisso formal de ambos os países a ratificar o acordo.
O acordo de Paris,
selado em Dezembro passado após intensas negociações, precisa ser
ratificado por 55 países, representando 55% das emissões globais de
CO2, para entrar em vigor. “A China e os EUA juntos representam
cerca de 38% das emissões globais. Se ratificarem o acordo de Paris
permitirão que o tratado entre em vigor mais rapidamente",
explica Li Shuo, conselheiro sénior de política climática da
organização ambientalista Greenpeace no Sudeste Asiático, citado
pelo Guardian.
Este conselheiro,
citado pela France Press (AFP), destaca a hipocrisia da China ao
falar do triunfo do acordo de Paris ao mesmo tempo que mantém
“generosos subsídios às indústrias de combustíveis fósseis”.
A China é o país
líder em termos de investimentos na energia solar, mas Pequim
aprovou em 2015 a construção de pelo menos 150 novas centrais de
carvão, tendo o consumo deste mineral naquele país duplicado ao
longo da década 2004-2014, nota a AFP.
A agência francesa
escreve que as autoridades chinesas fecharam nas duas últimas
semanas as indústrias até 300 quilómetros dos arredores de
Hangzhou para garantir um céu azul aos visitantes do G20.
A mesma agência,
que estima que China e EUA juntos são responsáveis por mais de 40%
das emissões globais de CO2, precisa que o gigante asiático ainda
produz mais de 70% da sua electricidade a partir do carvão, sendo
sozinho responsável por 24% dessas emissões.
O Governo português
remeteu no final de Julho à Assembleia da República, para
ratificação, o acordo de Paris adoptado pela Cimeira das Nações
Unidas para o Clima. Na altura do anúncio o ministro do Ambiente,
João Pedro Matos Fernandes, considerou da maior importância que o
documento seja ratificado antes de Dezembro, quando se irá realizar
uma nova conferência da ONU sobre alterações climáticas na cidade
marroquina de Marraquexe.
A Hungria e a França
foram os dois primeiros países europeus a ratificar o acordo de
Paris. O instituto Climate Analytics, um organismo de investigação
científica sediado em Berlim, contabilizou 34 outros países que se
comprometeram a ratificar o acordo até o final deste ano. Entre eles
estão o Brasil, o Canadá, a Indonésia e o Japão.
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