sexta-feira, 9 de setembro de 2016

António Costa em Atenas para a cimeira de líderes de países do sul da Europa / A Sul, uma história comum de desequilíbrios económicos e sociais / Tspiras hopes 'Club Med' to soften EU austerity

A Sul, uma história comum de desequilíbrios económicos e sociais
PEDRO CRISÓSTOMO 09/09/2016 – 08:22

Crescimentos mais baixos do que a Norte, dívidas maiores, desemprego elevado são problemas comuns a alguns dos países presentes na cimeira de Atenas.

Os países do Sul da zona euro representados na minicimeira que hoje se realiza em Atenas têm entre si uma história comum de desequilíbrios económicos e sociais que a crise veio prolongar, com o país anfitrião do encontro, a Grécia, a continuar com uma economia em contracção e o desemprego num nível historicamente elevado.

O encontro junta à mesma mesa os líderes políticos de sete países com realidades e dimensões económicas distintas, mas que se debatem com problemas idênticos, seja pelas dificuldades de crescimento – onde apenas Espanha e Malta são uma excepção –, seja pelos elevados níveis de dívida pública, desemprego e pobreza.

Em Atenas estarão representadas três das quatro maiores economias da zona euro e algumas das mais fustigadas durante a crise.

Quatro foram alvo de resgastes financeiros: a própria Grécia, ainda com um programa em curso, Portugal, Chipre e Espanha. Neste último caso, a ajuda europeia foi à banca, e, neste momento, é a Itália quem procura resolver problemas no sector financeiro, para os quais precisa do aval de Bruxelas. E se França conseguiu um novo calendário para ajustar o défice, Espanha e Portugal escaparam às sanções mas têm ainda a sombra do eventual congelamento de fundos comunitários.

Os países do Mediterrâneo presentes na cimeira tiveram em 2015 um ritmo de crescimento do PIB de 2,1%, mais lento do que a média dos restantes países da União Europeia (uma variação de 3,6%). A economia grega voltou a encolher no ano passado 0,2% e nos primeiros seis meses deste ano o PIB voltou a encolher face a 2015. Já França e Itália tiveram um crescimento zero (em cadeia) no segundo trimestre deste ano.

Nos indicadores de desemprego, Grécia e Espanha surgem à cabeça como os dois países da UE com as maiores taxas, sobretudo entre os jovens. Na Grécia, 23,5% da população activa estava fora do mercado de trabalho em Maio; em Espanha, apesar do crescimento económico se manter, os números do desemprego em Julho ainda apontam para uma taxa historicamente alta, de 19,6%.

E mesmo em economias maiores, a crise no mercado laboral revela-se nos 10,3% de desemprego em França e nos 11,4% em Itália. São valores próximos da taxa registada em Portugal, onde o desemprego escalou para níveis recordes no pico da crise, estando agora nos 11,1%. Em termos médios, o desemprego está nos 13% nos países do Sul, sendo quase o dobro do valor observado nos restantes 21 países da UE.

É também no Mediterrâneo que se encontram algumas das taxas de risco de pobreza mais elevadas da União Europeia. As de Espanha e Grécia (22% da população) apenas são superadas pela realidade romena. E Portugal e Itália, com níveis de pobreza que abrangem mais de 19% da população, não estão distantes dos valores da Bulgária, Estónia, Lituânia, que aparecem logo a seguir a Espanha e Grécia.

Outro problema comum é o da dívida pública. Os sete países da cimeira têm um nível de dívida de 115% do PIB que contrasta com a média dos outros países, inferior a 60% do PIB. Só Malta se aproxima do objectivo do Pacto de Estabilidade e Crescimento. Em 2015, Espanha tinha uma dívida de 99% do PIB, França de 96%, Chipre de 109%, Portugal de 129%, Itália de 132% e Grécia de 177%.

Diferentes são as posições atribuídas pelo Fórum Económico Mundial para medir a competitividade das economias – França surge em 22.º lugar entre 140 países do mundo, Espanha em 33.º, Portugal em 38.º, Malta em 48.º mas a Grécia em 81.º e Chipre em 65.º.

A proximidade na dimensão das economias não quer dizer realidades semelhantes nos indicadores macroeconómicos, frisa ao PÚBLICO Grégory Claeys, investigador do think tank Bruegel, dando como exemplo o facto de as três maiores economias, a Alemanha, a França e a Itália, terem entre si “trajectórias muito diferentes em dois importantes indicadores, a produtividade e os salários”.

Considerando que a crise económica e os elevados níveis da dívida pública agravaram os desequilíbrios entre as dimensões económica e social do projecto europeu, muitos investigadores e cientistas políticos têm reclamado a necessidade de encontrar uma estratégia de reforço da “Europa Social” e da convergência económica e social entre os países. “É muito difícil ajustar e fazer desaparecer os desequilíbrios macroeconómicos” de um dia para o outro, admite Claeys, considerando que a resposta tem de partir de uma “coordenação a nível europeu como um todo”.

António Costa em Atenas para a cimeira de líderes de países do sul da Europa
9-9-2016 / OBSERVADOR

"Assumimos agora com orgulho que fazemos parte da mesma região no quadro da União Europeia", afirmou António Costa antes da primeira cimeira dos países do sul da União Europeia.
O primeiro-ministro, António Costa, estará esta sexta-feira em Atenas, capital da Grécia, para uma cimeira de líderes dos países do sul da União Europeia (UE), que prepararão a cimeira informal dos Estados-membros da UE marcada para a próxima semana.

“A reunião é já de si importante porque é a primeira vez que os países do sul se reúnem para apresentarem uma visão de conjunto, tal como já fazem os países do leste e, também, quando se sabe que os Estados-membros do norte têm uma atuação bastante articulada”, disse António Costa aos jornalistas na quinta-feira.

O chefe do executivo português disse acreditar que se “abandonou a lógica entre os países do sul em que nenhum se queria parecer com o vizinho do lado”.

“Assumimos agora com orgulho que fazemos parte da mesma região no quadro da União Europeia. Os países do têm obviamente realidades próprias, ou desafios económicos e sociais de caráter específico. Mas, este encontro, ajudará a unir e não a dividir a Europa na diversidade daquilo que é a sua realidade”, acrescentou.

O encontro, promovida por Atenas, contará, para além do primeiro-ministro helénico, Alexis Tsipras, e do seu homólogo português, com os chefes dos executivos de Chipre, França, Itália e Malta.

O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, foi também convidado para a cimeira mas não marcará presença porque como o executivo espanhol está em gestão, a agenda internacional do chefe do Governo limita-se a cimeiras imprescindíveis. Rajoy estará presente, contudo, na reunião europeia informal de 16 de setembro em Bratislava (Eslováquia), encontro no qual o Reino Unido não irá participar e em que será debatido o futuro da União após o Brexit (saída do Reino Unido da UE).

O plano de Tsipras para a reunião de hoje passa por abordar com os seus parceiros mediterrânicos os desafios que a UE enfrenta nos planos económico, político e institucional, e procurar uma posição conjunta face aos diversos desafios.

Fontes do executivo helénico explicaram já que o encontro pretende também abordar a capacidade dos países do sul da Europa de influenciar a agenda europeia em questões como a defesa do acervo social europeu, o desenvolvimento económico e a crise de refugiados.


A reunião dos chefes de Governo decorrerá entre as 13h00 e as 16h30 de Atenas, mais duas horas que em Lisboa.

Tspiras hopes 'Club Med' to soften EU austerity
By Aleksandra Eriksson
BRUSSELS, Today, 09:28

Leaders of France, Italy, Portugal, Malta and Cyprus are gathering in Athens on Friday (9 September) for an “EU-Med” mini-summit, which Greece’s prime minister Alexis Tsipras hopes will promote a left-wing answer to Europe’s multiple crises at next week’s Bratislava summit.

Tsipras said he hoped the meeting would help give weight to Europe's southern states, which were worst hit by Europe's many problems.

”We [the Mediterranean countries] are in the eye of the storm of the refugee crisis, the security crisis and terrorism, and the economic crisis. Today we have a north which accumulates surpluses and a south that suffers heavy deficits. There is no European convergence when such disparities exist,” Tspiras told Le Monde in an interview published on Thursday.

The Bratislava meeting is supposed to be a show of unity after the UK’s vote to leave the EU.

But Tspiras hopes that the southern gathering will help to prevent that discussions on the EU's future are monopolised by the Visegrad group of Poland, Hungary, Czech Republic and Slovakia, who have said their proposal will be to roll back some of the EU’s powers, notably in the field of migration.

The Greek PM also wants to form a counterweight to Germany, and its belt-tightening agenda for the EU.

He said that the EU’s stability and growth pact was ”not the Gospel”, did not work in practice, and should be reviewed so that EU countries can create growth.

Senior German lawmakers already warned against a stronger role for what they call the ”Club Med” in the EU.

"I am deeply concerned that the southern EU countries will jointly form a strong coalition of reform-unwilling redistributors, threatening the financial stability in Europe,” German conservative MEP Markus Ferber told Die Welt.

The MEP said a strong and stable union was more essential than ever following the Brexit vote.

"After Britain's departure, the 'Club Med' will have a blocking minority that can prevent all kinds of laws in Brussels that it does not like," Ferber said.

Germany's EU commissioner Guenther Oettinger was also worried about the Athens meeting.

"It would not be good if the divide deepened between EU member countries with big budget problems ... and those with minimal fiscal issues," he told the Passauer Neue Presse.

Part of Tsipras’ anti-austerity push will be to gather support for his country’s debt relief demands.


Also on Friday, eurozone ministers will examine Greece’s economic situation. Creditors, including the International Monetary Fund, say Greece will never manage to pay back its €328 billion, but Berlin has refused to open debt relief discussions before the German elections in 2017.

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