segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Triunfo e Ocaso de Messias Costa - uma tragédia de cordel (1) / Corta-Fitas.

Trágico- Cómica Futurologia no Corta – Fitas 

Triunfo e Ocaso de Messias Costa - uma tragédia de cordel (1)
por José Mendonça da Cruz, em 17.10.14

Trago meu outro projeto
Que nesse eles bota fé
Não garanto lucro certo
Adere se você quisé
No terreno lá do Embú
Nós vamos prantá xuxu
Seja lá o que Deus quisé.
in Tere Penhabe

OUTUBRO DE 2015
António Costa e o Partido Socialista conseguiram ontem a maioria absoluta nas eleições legislativas com 51% dos votos – embora menos que os 72% previstos pela Eurosondagem. O jornal inglês Guardian comenta em editorial que os resultados da austeridade nos países periféricos estão bem patentes na literal euforia com que a generalidade da comunicação social celebrou o novo governo. O jornal cita com alguma complacência os títulos entusiásticos dos noticiários de imprensa e televisão, com títulos glosando slogans como Mudar Portugal, Ousar Vencer, Renovada Esperança, etc. O diário, próximo do Partido Trabalhista, atribui o que considera «uma aparência de excesso» aos anos de aperto impostos por Bruxelas e a Alemanha.

NOVEMBRO DE 2015
Ainda antes de ser conhecida a composição do governo do primeiro-ministro António Costa, fontes próximas do chefe do governo indicaram ontem ao jornal Expresso que o titular da pasta das Finanças será João Ferreira do Amaral. Em comentário na Sic Notícias, o politólogo António Costa Pinto considerou que a nomeação constitui «um poderoso aviso a Bruxelas», visto a nomeação de um conhecido defensor da saída do Euro trazer acrescida pressão em favor da intenção de António Costa de reestruturar a dívida e não cumprir os limites do défice. No entanto, o Financial Times de hoje, sob o título «Portugal on the way out?» recorda o processo instaurado por políticos alemães ao governador do Banco Central Europeu apenas por ter excedido as suas funções ao comprar títulos de dívida pública a países em dificuldades. O jornal cita ainda fontes da Comissão que recordam a má prestação económica de França e Itália apesar da violação do Pacto Orçamental e apontam as penalizações e restrições de acesso a fundos a que ficaram sujeitos os dois países. Apesar do sobressalto dos mercados e do agravamento dos juros da dívida, hoje ainda, e numa coincidência curiosa, o editorial do Público e a abertura do jornal das 20 da TVi dão o mesmo título à anunciada decisão do novo governo socialista de relançar o projecto do TGV e do novo aeroporto de Lisboa: «Regresso aos Carris do Futuro». Vieira da Silva, novo ministro das Obras Públicas e Comunicações, considerou que a ideia de uma linha de mercadorias do porto de Sines para o centro da Europa era uma mera «manobra dilatória» e insistiu em que ambos os investimentos são reprodutivos e criarão muitos milhares de postos de trabalho na construção civil, tão duramente atingida pela crise.

NOVEMBRO DE 2015

A não inclusão de Rui Tavares no elenco do governo lançou ondas de choque no Partido Livre. Há notícias de uma dupla cisão naquela formação política, com três militantes a romperem para formar o Partido Ainda Mais Livre, Rui Tavares a manter-se como líder da agora rebaptizada Liga do Centro da Extrema-Esquerda, e os restantes dois militantes a saírem para formar o Grupo de Reflexão Para a Nova Esquerda à Direita do Centro do Extremo. Na sua crónica do Público, Tavares lamentou que os socialistas continuem a ignorar as lições da história e que o país inteiro se mostre ainda renitente à iluminação das ideias inelutáveis do antigo Livre, agora Liga.

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