A queda dos
preços é a razão avançada para a descida das margens e do lucro
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Fortuna controlada pelo segundo
homem mais rico de Portugal desvaloriza-se 252 milhões num dia
30/10/2014, Ana Suspiro / OBSERVADOR
Ações da Jerónimo afundaram-se 9%. Património controlado pelo segundo homem
mais rico de Portugal, Soares dos Santos, desvalorizou-se 252 milhões num dia.
Fundo americano vendeu 3% da JM desde Julho.
A Jerónimo
Martins perdeu quase 9% (8,97%) do seu valor em bolsa nesta quinta-feira. As
ações da empresa de distribuição fecharam nos 7,225 euros, o preço mais baixo
em quatro anos. Num só dia, a capitalização do grupo caiu cerca de 450 milhões
de euros e mais de metade desta desvalorização corresponde à participação da
família Soares dos Santos na empresa.
A Sociedade
Francisco Manuel dos Santos, em que Alexandre Soares dos Santos é o maior
acionista, controla cerca de 56% do capital da Jerónimo Martins. O valor
bolsista desta participação controlada pelo segundo homem mais rico de Portugal
baixou 252 milhões de euros em apenas um dia. Ontem, a Jerónimo Martins fechou
a valer menos de cinco mil milhões de euros.
Desde o início de
2014, a
empresa que já foi a estrela da bolsa de Lisboa perdeu mais de 40% do seu
valor, o que se traduz numa desvalorização superior a dois mil milhões de euros
do principal ativo da família Soares dos Santos. De acordo com o mais recente
ranking dos milionários portugueses, realizado pela revista Exame com dados
relativos ao final de 2013, Alexandre Soares dos Santos era o segundo homem
mais rico de Portugal, a seguir a Américo Amorim,
O património de
Alexandre Soares dos Santos estava avaliado em cerca de 1,6 mil milhões de euros,
o que corresponde, sobretudo, à participação que detém na Jerónimo Martins. Mas
o líder histórico da empresa não é acionista único da sociedade que possui o
controlo do grupo. Segundo as contas da revista Exame, o valor da participação
acionista na Jerónimo Martins permitia colocar na lista dos mais ricos de
Portugal mais dois membros da família Soares dos Santos, num total de três.
Soares dos Santos
possui cerca de 40% da empresa que controla a JM. A sua participação indireta
no capital do grupo que está na bolsa será de 22,4%, posição que se
desvalorizou cerca de 100 milhões de euros na sessão de quinta-feira.
Porque cai a JM
A queda da
Jerónimo Martins não é um fenómeno isolado numa bolsa onde o principal índice,
o PSI 20, acumula uma perda de 20% desde o início do ano. No entanto, a
performance da empresa de distribuição tem sido mais negativa, tendo acentuado
as quedas a partir de setembro. Os resultados do terceiro trimestre, conhecidos
na quarta-feira, ampliaram as desconfianças dos investidores quanto à
rendibilidade das operações na Polónia.
Os lucros da JM
caíram 15,5%, devido à erosão das margens no mercado polaco causadas pela queda
dos preços dos produtores alimentares e pela concorrência agressiva. A empresa
anunciou o congelamento de abertura de novas lojas no país. A deflação
alimentar também está a pressionar a operação dos supermercados Pingo Doce em
Portugal.
Fundo americano vendeu 19,7 milhões desde Julho
O fundo americano
BlackRock comunicou, nesta quinta-feira, a redução da sua participação na
Jerónimo Martins para menos de 2% do capital. O fundo que chegou a ser o
segundo maior acionista da empresa portuguesa, com 5% do capital, comunicou ter
agora 1,87%.
Em julho, a
BlackRock tinha informado estar na posse de cerca de 31,4 milhões de ações da
JM, o que equivalia a 4,99% do capital. Entre essa data e ontem, o fundo
alienou 19,7 milhões de títulos, o que representa a venda de mais de 3% do
capital do grupo de distribuição português.
O desinvestimento
surge num contexto de acentuada queda das ações da Jerónimo Martins, perante os
problemas de rendibilidade da operação polaca.
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