Líderes europeus chegam a acordo sobre combate às alterações climáticas
PÚBLICO 24/10/2014
- 00:30 /
Fumo branco surgiu durante a madrugada. UE aceita reduzir emissões em 40%
até 2030.
Foi já na
madrugada desta sexta-feira que Herman Van Rompuy, presidente do Conselho
Europeu, anunciou no Twitter que havia “fumo branco”: os líderes dos 28 países
da União Europeia chegaram a acordo para reduzir as emissões de gases com
efeito de estufa em pelo menos 40% até 2030 em relação aos níveis de 1990.
Rompuy revelou
ainda que se chegou a consenso em relação a outras duas metas: subir a fasquia
das renováveis para 27% da energia consumida (objectivo vinculativo à escala
europeia, mas não em cada país) e melhorar a eficiência energética em 27% (um
objectivo indicativo e cuja meta inicial era de 30%).
Chegar a um
entendimento foi complicado, como fica evidente pelo facto de o acordo ter sido
anunciado já depois da meia-noite, após oito horas de discussões duras em
Bruxelas.
"É um acordo
ambicioso para o planeta. A Europa dá o exemplo", congratulou-se o
Presidente francês, François Hollande, que à chegada à cimeira tinha deixado
uma questão: "Se não houver um acordo em Bruxelas entre os países que
estão mais na frente nesta matéria, como iremos convencer os chineses, os
norte-americanos ou os países mais pobres?". Paris acolhe em Dezembro do
próximo ano a cimeira na qual as Nações Unidas esperam alcançar um novo acordo
climático, depois da tentativa falhada de 2009 em Copenhaga.
“São boas
notícias para o clima, a saúde dos cidadãos, as conversações internacionais
Paris 2015, empregos sustentáveis, segurança energética e competitividade”,
escreveu, por sua vez, Rompuy no Twitter, sublinhando que o objectivo de todo
esforço "é, um última análise, a sobrevivência".
A União Europeia,
responsável por cerca de um décimo das emissões de gases com efeito de estufa,
tem feito mais do que os seus congéneres para reduzir a sua pegada. Cumpriu já
a meta que previa uma redução de 20% das emissões até 2020, mas os
ambientalistas temem que as cedências feitas em nome do consenso a desviem de
objectivos mais ambiciosos – os especialistas europeus sublinham que é
necessário reduzir as emissões em pelo menos 80% até 2050 (em relação aos
níveis de 1990) para que a temperatura média na Terra não suba mais do que
2ºCelsius.
Os 28
Estados-membros passaram todo o dia de quinta-feira a debater o acordo, com os
vários países a defender cedências nas áreas que lhes são mais caras. O Reino
Unido não queria metas para a eficiência energética, a Alemanha estava
preocupada com a competitividade europeia, a Polónia temia o impacto sobre a
sua indústria do carvão, os países mais pobres do Leste exigiam um tratamento
diferenciado.
Portugal entrou
para a cimeira ameaçando vetar o pacote, caso não fosse aprovada uma meta para
interligações na rede eléctrica que permitam ao país exportar electricidade
renovável para o resto da Europa. "Se queremos um mercado interno de
energia, esse mercado não pode terminar nos Pirenéus", disse o ministro do
Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva, em
Bruxelas, citado pela agência Lusa.
E, segundo a
Reuters, Portugal e Espanha conseguiram esse objectivo de garantir a exportação
de energia para o Norte da Europa. A Lusa acrescenta que foi estabelecida uma
meta de 15% para as interconexões, com vista à criação de um verdadeiro mercado
de energia na UE, objectivo que era defendido por Portugal, representado no
Conselho Europeu pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.
"Pusemos em
pé um quadro decisivo para dar à Europa uma voz nas negociações internacionais
sobre o clima", afirmou no final da chanceler alemã, Angela Merkel,
enquanto o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, desafiou as
"outras grandes economias a juntarem-se à UE na definição de compromissos
ambiciosos" na cimeira climática de Paris.
European
leaders have struck a broad climate change pact obliging the EU as a whole to
cut greenhouse gases by at least 40% by 2030.
But key
aspects of the deal that will form a bargaining position for global climate
talks in Paris
next year were left vague or voluntary, raising questions as to how the aims
would be realised.
As well as
the greenhouse gas, two 27% targets were agreed – for renewable energy market
share and increase in energy efficiency improvement. The former would be
binding only on the EU as a whole. The latter would be optional, although it
could be raised to 30% by a review in 2020.
“It was not
easy, not at all, but we managed to reach a fair decision that sets the EU on
an ambitious but cost-effective climate path,” Herman Van Rompuy, the president
of the European Council told a press conference in Brussels .
EU leaders agree to cut
greenhouse gas emissions by 40% by 2030
Climate commissioner hails ‘strong signal’ ahead of global Paris summit but key
aspects of deal left vague or voluntary
Arthur
Neslen in Brussels
theguardian.com,
Friday 24 October 2014 / http://www.theguardian.com/world/2014/oct/24/eu-leaders-agree-to-cut-greenhouse-gas-emissions-by-40-by-2030
“This
package is very good news for our fight against climate change,” the European
Commission president, Jose Manuel Barroso, added. “No player in the world is as
ambitious as the EU.”
With an eye
on the haggling expected ahead of a global climate summit in Paris next year, the EU’s climate
commissioner, Connie Hedegaard, said the agreement was an important step for
the whole world. She said: “We have sent a strong signal to other big economies
and all other countries: we have done our homework, now we urge you to follow Europe ’s example.”
But a
clause was inserted into the text that could trigger a review of the EU’s new
targets if other countries do not come forward with comparable commitments in Paris .
The Brussels summit was dominated by arguments over energy
savings and climate policy, with countries from Poland
to Portugal
pleading special circumstances and threatening to veto any breakthrough unless
their demands were met.
David
Cameron was keen to minimise any perceived loss of UK sovereignty over energy
policy, for fear of further exposure to attacks from the Eurosceptic wing of
his Conservative party and Ukip. The prime minister won a battle to keep
policies aimed at boosting renewables and saving electricity voluntary for
member states.
“It’s
important that you’ve got flexibility over your energy mix,” said a Downing Street spokeswoman. Cameron had hoped to cut the
energy efficiency figure to 25%, but was prepared to accept 27% as long as it
was not binding on Britain .
Danish
concerns were addressed with the introduction of a “cap and trade approach” to
sectors previously considered outside the bloc’s carbon market such as
agriculture, buildings and transport – which alone represents 31% of the bloc’s
emissions.
Concessions
granted to Poland
will allow it to continue reaping hundreds of millions of euros in free
allowances to modernise coal-fired power plants. Of eight EU nations eligible
for the free allocations, Poland
claimed 60% of the total up until 2019.
A poll by
TNS and YouGov for the online activist group Avaaz late last week found that
56% of Poles thought that EU financial support for energy should back clean
energy rather than fossil fuels.
“It’s
scandalous,” said Julia Michalak, a spokeswoman for Climate Action Network
Europe. “A continuation of free emission permits for Poland ’s coal-reliant energy system
would be a grave mistake. Leaders who came to Brussels
to agree new historic climate goals, are actually discussing whether to hand
out money to Europe ’s dirtiest power plants.”
Intense
bilateral discussions between Cameron, the German chancellor, Angela Merkel,
and other EU leaders over the last week tried to find ways of placating the
Poles, who kept open their option of vetoing the summit outcome until the end.
The
anticipated 40% greenhouse gas cut by 2030 would be measured against benchmark
1990 levels. That figure is to be binding on the EU and the minimum level
achieved, with Germany and Britain happy
to agree a higher figure.
Tony
Robson, the CEO of Knauf Insulation – a leading insulation firm that had
threatened to divest from Europe unless firm
energy saving targets were announced – said that the 27% figure for energy
efficiency improvement was “no better than business as usual” in an open letter
to EU leaders.
A 27%
target “sends a strong signal to the energy efficiency industry to ‘leave Europe and make your investments elsewhere’”, he wrote.
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