PT bateu mínimos históricos e
vale menos de mil milhões de euros
ROSA SOARES
20/10/2014 - 12:12 (actualizado às 18:48) PÚBLICO
CMVM decidiu proibir as vendas a descoberto (short-selling) na sessão desta
terça-feira.
As acções da
Portugal Telecom (PT) fecharam esta segunda-feira a perder 10,05% para 1,09
euros, depois de, logo pela manhã, terem estado a derrapar mais de 28%, para um
mínimo histórico de 0,87 euros, o que colocou a capitalização bolsista abaixo
dos mil milhões de euros.
Foi apenas a
partir do final da manhã que os títulos da operadora de telecomunicações
começaram a recuperar do tombo anterior, mas sem conseguirem nunca entrar em
terreno positivo. O principal índice da bolsa de Lisboa, o PSI 20, chegou a
estar a perder quase 1,5%. mas acabou por fechar com um recuo de 0,17%,
beneficiando dos ganhos da banca.
A forte queda da
Portugal Telecom foi muito influenciada pela decisão do Tribunal de Comércio do
Luxemburgo, que não aceitou a gestão controlada (gestion contrôlée) da Rioforte
Investments S.A, onde a operadora de telecomunicações tem um crédito de
aproximadamente 900 milhões de euros.
Com a decisão do
tribunal, a Rioforte segue para liquidação, o que deverá tornar mais difícil a
recuperação do crédito. Se não recuperar o crédito, a PT fica com a sua
participação na fusão com a brasileira Oi reduzida a 25%.
Se conseguisse
recuperar o dinheiro emprestado à Rioforte, a participação na Oi subiria para
37%.
Com a queda
verificada esta segunda-feira, a capitalização da PT caiu para 977 milhões de
euros, que na prática corresponde aos 25% que detém na Oi. Ou seja, os
investidores incorporam que a empresa nada recuperará da Rioforte, quando, até
há poucos dias, admitiam recuperar pelo menos 30% do valor em causa.
Na passada
sexta-feira, as acções da PT já tinham perdido 9%, num dia em que, incorporando
já a informação relativa à Rioforte, a Morgan Stanley, um dos assessores da
Altice no processo que pode resultar na compra da PT Portugal, reiniciou a
cobertura da telecom nacional com um preço-alvo inferior em 38% à actual
cotação. anunciara que passaria a acompanhar a empresa portuguesa, com um
preço-alvo de 0,79 cêntimos, quase 40% abaixo do valor a que cotava na recta
final da semana.
A nota de
research da Morgan Stanley, que é um dos assessores da Altice, um dos
interessados na compra dos activos da PT, já integrados na OI, e numa altura em
que nenhuma casa de investimento está a acompanhar a empresa levanta dúvidas no
mercado.
A lei não proíbe
esta situação, desde que o conflito de interesses seja assumido no relatório de
avaliação, como será o caso, mas a coincidências não deixam de causar alguma
estranheza no mercado, numa altura em que a empresa tem sido alvo de vendas a
descoberto, o chamado short selling - que a CMVM decidiu proibir na sessão
desta terça-feira. Trata-se de uma operação de venda de acções não se têm ou se
pediram emprestadas, com a expectativa de as recomprar a um preço mais baixo.
A venda em força
de acções da PT foi visível nas primeiras horas da sessão, quando as acções
caíram 28%. O forte volume, acima de 55 milhões de títulos também pode ter sido
influenciado pelos mecanismos de stop loss, que determina a venda automática de
títulos quando são atingidos determinados limites de perdas. De referir que as
acções da PT estiveram boa parte da sessão abaixo do valor de 1 euro.
Em comunicado
enviado na semana passada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM),
a OI informa que o Banco BTG Pactual “foi contactado por diversos interessados
(dentre os quais a Altice) em obter informações seleccionadas sobre os negócios
da PT Portugal SGPS, principalmente sobre as suas operações em Portugal para
que pudessem eventualmente formular propostas visando a aquisição de tais
operações ou de parte de seus activos não estratégicos”.
No mesmo
comunicado, a Oi refere que o Banco BTG Pactual S.A é “assessor financeiro
contratado como comissário para desenvolver alternativas viáveis de estruturas
e de funding para propiciar uma participação da companhia como protagonista na
consolidação do sector de telecomunicações no Brasil”.
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