Portas devia ter chegado às 21h e chegou às 23h |
Portas acusado de ofender
chineses com atraso de duas horas
Por PÚBLICO
05/11/2013 - 15:51
Jornal Hoje Macau considera o
facto “inenarrável” e acusa vice-primeiro-ministro de “falta de chá”.
O jornal de língua portuguesa Hoje Macau classificou como
“inenarrável” o atraso de duas horas de Paulo Portas a um encontro, no passado
domingo, com a comunidade portuguesa de Macau e na qual se encontravam diversas
personalidades chinesas.
O jornal, que faz manchete com o atraso do vice-primeiro-ministro
português na sua edição desta terça-feira, fala mesmo em “falta de chá” e cita
um empresário português que diz que os chineses consideram o atraso “como uma
ofensa e uma falta de consideração”.
O encontro, organizado pelo consulado de Portugal em Macau,
estava marcado para as 21h e Paulo Portas só chegou às 23h. “Paulo Portas
chegou atrasado. Não se explicou, não pediu desculpas e falou para quem não
estava lá”, relata Hoje Macau.
Ainda segundo o jornal, quando Paulo Portas chegou “praticamente
todos os convidados de etnia chinesa tinham já partido, expressando
delicadamente o seu desagrado pela situação”.
“É incompreensível esta atitude que basicamente tirou a face
à nossa comunidade. Uma vergonha! Inenarrável!”, conta ao jornal um empresário
português “há muito radicado na região”.
“De etnia chinesa, permaneceram na sala apenas alguns
elementos do Gabinete de Ligação do Governo da República Popular da China (RPC)
e Cao Guangjing, presidente da empresa China Three Gorges que, recentemente,
adquiriu uma posição maioritária na EDP”, relata o Hoje Macau, acrescentando
que muitas figuras chinesas de destaque já se tinham ido embora.
Acrescentando que Paulo Portas “não explicou nem se
desculpou pelo seu inusitado atraso”, o jornal diz ainda que o
vice-primeiro-ministro protagonizou um discurso “equivocado”, já que “fez um
resumo, ‘breve’, nas suas palavras, das relações económicas recentes entre
Portugal e a República Popular da China, na sua vertente exclusivamente
económica, como se se estivesse a dirigir unicamente a empresários chineses e
não à comunidade portuguesa de Macau como um todo que era, afinal, a
destinatária do convite endereçado para a recepção”.
“Infelizmente, a vinda de representantes do Estado português
redunda quase sempre nisto: na nossa perda de face e na necessidade de nos
desculparmos perante os chineses por uma notória falta de chá. Mais valia que
não pusessem cá os pés”, disse um dos presentes ao abrigo do anonimato ao Hoje
Macau.
Ainda segundo o jornal, esta atitude de Paulo Portas “veio
tornar mais difícil a missão do cônsul português, Vítor Sereno, “ao invés de o
ajudar a projectar de forma positiva o bom nome de Portugal”.
A visita de Paulo Portas a Macau termina nesta terça-feira.
Paulo Portas: Taxa energética ocorre num "momento
extraordinário"
04 Novembro 2013, 09:59 por Lusa
O vice-primeiro-ministro português justificou hoje em Macau
que a nova contribuição das empresas energéticas ocorre "num momento
extraordinário" e lembrou que as empresas chinesas a operar em Portugal
vão beneficiar da descida do IRC.
Numa declaração durante o seminário "No caminho da
internacionalização", hoje em Macau, Paulo Portas referiu-se á
contribuição extraordinária do sector energético, que afecta a EDP, dominada
pela China Three Gorges, separando os compromissos assinados pelo governo português
da "circunstância excepcional" que o país vive.
"Portugal nunca aceitaria alterações de natureza
contratual ou regulatória porque Portugal gosta de honrar a sua palavra e os
seus compromissos", afirmou o vice-primeiro-ministro.
"Outra coisa são alterações de natureza fiscal que se
justificam por uma circunstancia excepcional, num momento extraordinário e onde
se tem de pedir mais a quem pode mais para se ter autoridade para pedir aos
demais -- e isso aconteceu", prosseguiu, lembrando que ocorreu também
"uma alteração a nível fiscal", que "é boa para todas as
empresas, incluindo para as empresas chinesas que operam em Portugal, que foi a
descida do IRC nos próximos quatro anos".
Paulo Portas recordou que a China tem peso no FMI e
"sabe a pressão que certas instituições internacionais fazem relativamente
àquilo que em Portugal se convencionou chamar as rendas excessivas no sector
energético".
A China Three Gorges, acionista de referência da EDP,
contestou a aplicação da taxa aos produtores de energia prevista no Orçamento
do Estado para 2014, com que o Governo uma receita de 150 milhões de euros.
O ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia,
Jorge Moreira da Silva, afirmou em Outubro que tem tido, e terá, discussões com
todas as empresas do sector a justificar a contribuição extraordinária, entre
as quais uma reunião com o grupo China Three Gorges, garantindo ainda que a
medida não terá efeitos no consumidor final.
EDP. Accionistas chineses avisam governo que nova taxa
é surpresa desagradável
Por Ana Suspiro
publicado em 6 Out 2013 – in (jornal) i online
Em carta que terá sido enviada a Paulo Portas, a China Three
Gorges diz que o imposto pode afectar o valor da EDP e vai contra as garantias
dadas no passado
Dois dias depois de conhecida a intenção do governo de
lançar uma taxa sobre as centrais eléctricas, os maiores accionistas da EDP, a
China Three Gorges (CTG) terão enviado uma carta dura ao governo a manifestar o
desagrado por uma medida que retira valor à eléctrica e à sua participação.
Segundo fonte próxima dos accionistas da EDP, a missiva é
assinada pelo chairman (presidente não executivo) do grupo chinês que detém
21,35% da EDP, Cao Guangjing e terá sido
enviada no fim de semana. O destinatário é Paulo Portas, o vice-primeiro
ministro, que tem a seu cargo a diplomacia económica. O gabinete de Paulo Portas não tinha
conhecimento da carta na tarde de Domingo.
Depois de sublinhar os êxitos resultantes do investimento na
eléctrica portuguesa, da parceria entre as duas empresas e entre os dois países
e o financiamento à EDP, o responsável da CTG qualifica de surpresa
desagradável as notícias acerca de um novo imposto sobre os produtores de
electricidade. A decisão foi anunciada por Paulo Portas na quinta-feira e
apresentada com mais detalhe pelo ministro do Ambiente e Energia, Jorge Moreira
da Silva, que também revelou os contornos de um pacote adicional de cortes no
sector eléctrico de 1400 milhões de euros.
Os chineses consideram que esta medida pode afectar os
resultados e o valor da EDP e da própria participação que adquiriram em 2012 e
pela qual pagaram um prémio elevado face à cotação da EDP. A missiva estranha ainda a iniciativa do
governo português depois de terem sido dadas, ao mais alto nível, garantias sobre a estabilidade do quadro
regulatório do sector eléctrico. Este factor foi aliás valorizado na
oferta apresentada pela China Three
Gorges na privatização da EDP e que representou um investimento de 2700 milhões
de euros.
A carta formaliza o descontentamento já manifestado pelo
presidente do conselho geral e de supervisão da EDP. Logo no próprio dia do
anúncio, Eduardo Catroga, considerou que a nova taxa taxa poderia pôr em causa
os pressupostos nos quais se realizou a privatização da eléctrica, por isso
poderia pôr em causa a credibilidade junto dos investidores internacionais. O
Estado está a promover outras privatizações e em pelo menos uma delas – Caixa
Seguros – há um grupo chinês interesado.
Contactado pelo i, o chairman da EDP não fez comentários sobre a iniciativa do
maior accionista da eléctrica. Dois dias antes, Eduardo Catroga defendeu o
início de “negociações técnicas” com a EDP.
Também a China Three Gorges espera que o governo e a eléctrica
possam encontrar uma solução que preserve o valor da EDP e permita continuar a
desenvolver o processo de cooperação entre com a CTG e entre Portugal e China.
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