terça-feira, 26 de novembro de 2013

Papa Francisco: "Esta economia mata"



"Numa linha, o Papa diz tudo. A dado passo da sua primeira exortação apostólica “A Alegria do Evangelho”, Francisco escreve: o sistema económico criou “algo de novo: os excluídos não são explorados, são desperdícios, lixo”.
É à desumanização global criada pelo capitalismo que o Papa se dirige, colocando o combate a esse sistema na primeira linha das prioridades do seu mandato – a exortação apostólica é, de algum modo, o equivalente a um programa de governo. Com este documento, Francisco diz-nos duas coisas. Primeiro, que a Igreja tem o dever de reintroduzir os valores no universo do político, reduzido a anomia contabilística, onde o mais forte esmaga o mais fraco. Segundo, que este Papa tem as características necessárias para desempenhar esse papel. Francisco fala na “economia que mata” por entre o silêncio e o conformismo dos políticos. Atravessada a fronteira do desumano, tudo está posto em causa. O Papa é dos poucos a dizê-lo.
27/11/2013/ Editorial/Público

Papa Francisco: "Esta economia mata"

Exortação evangélica Evangelii Gaudium ataca a "nova tirania" do capitalismo sem limites e apela a uma "saudável descentralização" da Igreja"
O Papa Francisco atacou o capitalismo sem limites como “uma nova tirania” e advertiu que a desigualdade e a exclusão social "geram violência" no mundo e podem provocar "uma explosão", na sua primeira exortação apostólica, divulgada nesta terça-feira pelo Vaticano.
Este documento de 84 páginas é como que o programa oficial do seu papado (aqui, a versão em espanhol no site do Vaticano). Contém as posições que ele tem vindo a expressar nos seus sermões e discursos desde Março, quando se se tornou o primeiro sumo pontífice não europeu dos últimos 1300 anos.
Nesta exortação, de título Evangelii Gaudium" (A alegria do Evangelho) reconhece estar “aberto a sugestões” para reformar o papado. “Como bispo de Roma, cabe-me estar aberto às sugestões para que o exercício do meu ministério se torne mais fiel ao sentido que Jesus Cristo quis dar-lhe e às necessidades actuais da evangelização”, escreveu o Papa.
O Papa Francisco expressa mais claramente do que nunca as posições que tem vindo a assumir de luta contra a pobreza e a exclusão neste documento. Apelou aos políticos para que garantam a todos os cidadãos “trabalho digno, educação e cuidados de saúde”, e aos ricos para que partilhem a sua fortuna: “Tal como o mandamento ‘Não matarás’ impõe um limite claro para defender o valor da vida humana, hoje também temos de dizer ‘Tu não’ a uma economia de exclusão e desigualdade. Esta economia mata”, afirma Francisco na exortação apostólica.
O Papa Francisco diz que a renovação da Igreja não pode ser adiada, e que a hierarquia do Vaticano “tem de ouvir a chamada para a conversão pastoral”, mas reitera afirmações que já tinha feito antes, de que a reforma não passará pela ordenação de mulheres como padres – “não é uma questão que esteja aberta a discussão” –, ou pela aceitação do aborto. “Não é progressista” resolver os problemas “eliminando uma vida humana”. Reconhece no entanto que a Igreja Católica “tem feito pouco” para acompanhar as mulheres que se encontram numa situação que as leva a abortar, sobretudo num contexto de violação ou extrema pobreza, diz o El País, na leitura que fez do documento.

Outra ideia forte da exortação apostólica de Francisco é fazer “uma saudável descentralização da Igreja”, e aumentar a responsabilidade dos laicos”, que são “mantidos à margem das decisões” e sublinha que “é preciso ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja”. Os jovens devem ter também maior protagonismo na tomada de decisões, diz o Papa. “Muitas vezes, comportamo-nos como controladores da graça e não como facilitadores. Mas a igreja não é uma alfândega, é a casa paterna onde há lugar para todos.”

Hummm ... Será Portugal considerado um País Pobre e "em desenvolvimento" ...? 
"José Manuel Durão Barroso defendeu que os principais responsáveis mundiais devem esforçar-se para que o apoio ao desenvolvimento seja "cada vez mais eficaz" e na sensibilização das opiniões públicas"
"UE sempre esteve na linha da frente no combate à pobreza e vai continuar"
José Manuel Durão Barroso

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