sábado, 30 de novembro de 2013

Ukraine police's violent crackdown at pro-EU protest. Oposição ucraniana exige demissão do Governo após recuo na aproximação à UE. (Vídeo em baixo.)


Oposição ucraniana exige demissão do Governo após recuo na aproximação à UE
Por Ana Fonseca Pereira
30/11/2013 – in Público

Polícia dispersou à força manifestantes acampados em Kiev para protestar contra a decisão do Presidente Viktor Ianukovich, provocando dezenas de feridos.


A madrugada deste sábado foi violenta em Kiev: a polícia ucraniana dispersou a golpes de bastão manifestantes acampados na Praça da Independência em protesto contra a recusa do Presidente Viktor Ianukovich em assinar um acordo de associação com a União Europeia, que era contestado por Moscovo. A oposição veio já exigir a demissão do Governo e a antecipação das presidenciais, agendadas para 2015.

As forças de segurança, munidas de equipamento antimotim, avançaram cerca das 4h30 (2h30 em Portugal continental), alegando a ocorrência de “incidentes” na praça. No local estavam cerca de mil pessoas, na sua maioria estudantes, que dizem não ter feito qualquer provocação. A Reuters conta que os agentes começaram por lançar granadas de atordoamento contra os manifestantes, avançando depois com bastões e granadas de gás lacrimogéneo.

“Foi uma selvajaria total. Pelas minhas contas estamos a falar de dezenas, talvez centenas, de pessoas cruelmente espancadas”, disse à agência britânica Andrei Shevchenko, deputado da oposição e um dos organizadores do protesto. “Atiraram connosco como se fossemos lixo”, acrescentou Lada Tromada, uma manifestante ouvida pela BBC.

Não há números confirmados de quantas pessoas ficaram feridas, mas jornalistas no local contam ter visto dezenas a sangrar ou com marcas de bastonadas no corpo. Perseguidos pela polícia, cerca de 200 manifestantes mudaram-se para junto da catedral de São Miguel – local de um antigo mosteiro do século XII que foi destruído em 1937 pelas autoridades soviéticas e que foi reconstruído após a independência, em 1991. “Juntámo-nos aqui depois de a polícia antimotim nos ter expulsado da praça. É o único lugar seguro”, contou à Reuters Roman Tsaldo, um manifestante de 25 anos.

Os protestos, que tinham começado no fim-de-semana passado, depois de Ianukovich anunciar a suspensão das negociações com a UE, regressaram sexta-feira a Kiev com a confirmação de que os líderes europeus, reunidos em Vílnius, não conseguiram convencer o Presidente ucraniano a recuar.

Ianukovich, eleito com o apoio da população russófona (maioritária no Leste do país), alega que as reformas políticas e económicas exigidas por Bruxelas como contrapartida para o acordo de associação eram incomportáveis e exigia montantes maiores de ajuda financeira para acudir às suas necessidades de financiamento de curto prazo. Mas a Rússia também não fez segredo do seu desagrado face à perspectiva de aproximação à UE de um país que considera estar na sua esfera de influência e que quer incluir na sua união aduaneira – o que levou os líderes europeus a acusar o Presidente russo, Vladimir Putin, de tentar vetar as suas relações com as ex-repúblicas soviéticas.

Oposição pede demissão do Governo
A violência da madrugada promete marcar o tom para a nova manifestação agendada pela oposição para este domingo, numa tentativa de repetir a enchente do fim-de-semana passado, quando mais de cem mil pessoas inundaram o centro da capital.

“A Ucrânia acordou um país diferente depois de Ianukovich ter recusado assinar [o acordo] em Vílnius. Isto já não é a Ucrânia, é algo mais parecido com a Bielorrússia”, disse Arseni Iatseniuk, líder do partido Batkivschina (A Pátria) que vai, juntamente com outros dirigentes da oposição, reunir-se neste sábado com embaixadores de países da União Europeia em Kiev.

E, num sinal de que o recuo de Ianukovich poderá ter reaberto a instabilidade política no país, Iatseniuk anunciou que os partidos da oposição estão a preparar uma greve geral no país, com o objectivo de forçar a demissão do Governo e a antecipação das eleições legislativas e presidenciais, previstas para 2015.

Vitali Klitschko, antigo campeão mundial de boxe e agora figura de proa da oposição, denunciou também a “selvajaria” da última noite e desafiou os seus apoiantes a saírem domingo à rua para “obrigar Ianukovich a fazer as malas”. “A recusa em assinar o acordo de associação foi uma traição”, disse Klitschko, um dos candidatos já anunciados à presidência.



Reuters in Kiev

Violent police crackdown in Kiev
Protesters in Ukraine's capital forced out of main square with batons and stun grenades after president snubbed EU pact

Riot police have launched a violent crackdown in the Ukrainian capital Kiev, using batons and stun grenades to expel hundreds of pro-Europe protesters from the city's main Independence Square early on Saturday, according to witnesses.

Police moved in on protesters who were still camped on the square following bigger demonstrations on Friday night against President Viktor Yanukovich's decision not to sign a landmark agreement on trade with the European Union.

Witnesses said police first fired stun grenades at the crowds and then moved in, using batons to disperse them, chasing some protesters into nearby streets.

At 5am on Saturday part of the square was sealed off by black-helmeted riot police. Nine years earlier the square had been the scene of the Orange Revolution protests against misconduct and electoral fraud.

Tension had been building in Kiev since Friday when Yanukovich walked away from signing the pact with EU leaders at a summit in Lithuania, going back on a pledge to work toward integrating his ex-Soviet republic into the European mainstream.

He said the cost of upgrading the economy to meet EU standards was too great and added that economic dialogue with Russia, Ukraine's former Soviet master, would be revived.

On Friday night at least four people were beaten by police, including a Reuters cameraman and a Reuters photographer, who was bloodied from blows to the head by police.

The Interfax news agency reported that police had decided to clear Independence Square after "a number of incidents".

In the Friday night demonstrations, which involved about 10,000 protesters, heavyweight boxing champion turned politician Vitaly Klitschko said Yanukovich had dashed the aspirations of Ukrainians to join mainstream Europe.

"Today they stole our dream, our dream of living in a normal country," said Klitschko, a contender for the 2015 presidential election. "The failure to sign the agreement of association is treason."

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