Sim … “Sucateiros” há muitos ….
A construção da barragem de Foz-Tua ditou o fim da circulação de comboios na
Linha do Tua |
Andam a roubar carris da Linha do Tua mas a Refer vai repô-los
Empresa vai recolocar os carris para manter aberta uma linha que está
fechada.
Fonte oficial da empresa confirmou ao PÚBLICO que se
tratou de um furto, que já foi feito um auto de notícia e que os carris serão
recolocados naquela estação.
Apesar de a Linha do Tua estar encerrada, a Refer costuma fazer passar uma
dresine (veículo ferroviário destinado a acções de fiscalização de via
e ao transporte de pessoal e de materiais) ao longo do seu percurso.
Tecnicamente, a linha não está fechada, mas sim com a sua circulação “suspensa”
devido às obras da Barragem do Tua, que cortaram a sua ligação à Linha do Douro.
O acordo da EDP com o Estado previa que esta empresa encontrasse uma solução de
mobilidade para substituir a ferrovia, o que não veio a acontecer.Mas nos 37 quilómetros que estão, teoricamente, aptos para a circulação de comboios, a Refer tem vindo a cuidar dos seus activos, o que justifica a recolocação de carris em Abreiro para manter aberta uma linha que está fechada. Ou seja, para permitir que a dresine possa continuar a circular por ali.
O MLCT pergunta ainda “quando é que o troço Brunheda-Cachão reabrirá ao tráfego ferroviário, deixando que o comboio cumpra com dignidade o papel económico-social que vem a cumprir na região desde 1887”. Presentemente, a Linha do Tua só funciona entre Carvalhais, Mirandela e Cachão, mas nada impede que os comboios prossigam até Brunheda, que fica no limite da zona que será submersa pela Barragem do Tua.
O MLCT refere também que já se verificaram furtos de carril entre 2010 e 2012 na Estação de Santa Luzia e entre o Cachão e Vilarinho, concluindo que isto só acontece “devido ao vergonhoso impasse sobre a resolução da Linha do Tua, que encoraja este tipo de crime por prevaricadores que não se coíbem de saquear o material ferroso desta via-férrea”.
A Linha do Tua está encerrada à operação há mais de cinco anos, desde o último de quatro acidentes que provocaram outras tantas vítimas mortais e dezenas de feridos. O furto dos carris deverá ter ocorrido no final da semana passada, na mesma ocasião em que a GNR do distrito de Bragança teve uma participação de outro furto, mas de rails, as protecções laterais, na Estrada Nacional 215. O Comando Distrital de Bragança da GNR disse à Lusa que foram furtados “cerca de um quilómetro” de rails nesta estrada, na zona de Vila Flor, relativamente próxima do local de onde levaram os carris da Linha do Tua.
O roubo de carril nas vias-férreas transmontanas tem sido recorrente desde que estas linhas fecharam, estando na origem do processo Carril Dourado que, por sua vez, está na origem do Face Oculta. Em 2004, a empresa O2, de Manuel Godinho, levantou sem autorização da Refer várias toneladas de carril na Estação de Azibo (Macedo de Cavaleiros). Só a intervenção de moradores, que chamaram a GNR, evitou que mais quilómetros de materiais ferrosos fossem levantados, acabando o assunto em tribunal, com este a dar por provado que se tratou de um furto.
Situações idênticas ocorreram em mais linhas de Trás-os-Montes, por vezes com a cumplicidade de funcionários da Refer, o que só viria mais tarde a ser descoberto no âmbito do processo Face Oculta, que envolveu várias empresas do sucateiro Manuel Godinho.
Só nessa altura se ficou a saber a verdadeira dimensão dos negócios relacionados com as sucatas. Os roubos de carris, no entanto, têm prosseguido devido à valorização dos materiais ferrosos.
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