António Capucho é um dos visados pelo processo de expulsões no PSD |
Colocar um like no Facebook é apoiar uma candidatura?
Por Margarida Gomes
19/11/2013 – in Público
O Conselho de Jurisdição Nacional do PSD já está a analisar
os processos relativos a militantes que nas recentes eleições autárquicas
protagonizaram ou apoiaram candidaturas adversárias às do partido. Alguns
apenas colocaram um like no Facebook.
Os casos do Porto – um dos mais complexos, no qual estão
envolvidos militantes históricos do PSD como Valente de Oliveira, Arlindo Cunha
e Miguel Veiga –, Vila Nova de Gaia e Maia já estão a ser analisados.
Todos os processos que chegaram ao conselho de jurisdição,
remetidos pela comissão política nacional do partido, já foram distribuídos aos
conselheiros, que estão agora a analisar o grau de envolvimento que os
militantes tiveram nas eleições. E se, no caso dos sociais-democratas que foram
candidatos em listas aos diferentes órgãos autárquicos que concorreram com o
partido a sanção, não será difícil de decretar à luz dos estatutos do partido,
há outros que vão exigir uma atenção muito cuidada, de forma a evitar que haja
expulsões injustas.
Os casos mais complicados são os que dizem respeito à
categoria de “apoiantes”, que, curiosamente, não se encontra tipificada nos
estatutos do partido. “Um like no Facebook em relação a uma determinada ideia
de um candidato é um apoio? Participar numa protocandidatura é um apoio?
Subscrever uma candidatura para além da do seu partido é um apoio? Dar um
abraço a um candidato que ficou registado em fotografia é um apoio?” Estas
questões vão estar presentes na hora de os conselheiros decretarem a sanção a
aplicar aos militantes.
Aqueles que participaram nas comissões de honra de
candidaturas opositoras às do partido ou que tiveram outras responsabilidades,
tal como aconteceu com o ex-ministro de Cavaco Silva Valente de Oliveira, que
foi mandatário da candidatura de Rui Moreira à Câmara do Porto, serão expulsos.
Desta lista fazem parte fundadores do PSD como Miguel Veiga, um dos
subscritores do movimento Dar o Porto ao Manifesto, de apoio à candidatura do
independente Rui Moreira, ou de Arlindo Cunha, que emprestou o seu nome à
comissão de honra do actual presidente do município do Porto.
O ex-presidente da Câmara de Cascais António Capucho, que
esteve directamente envolvido na candidatura independente do
ex-social-democrata Marco Almeida, tendo integrado a sua comissão de honra na
candidatura à Câmara de Sintra, dificilmente escapará a uma expulsão do
partido, porque os estatutos são muito claros nesta matéria. “Cessa a inscrição
no partido dos militantes que se apresentem em qualquer acto eleitoral
nacional, regional ou local, na qualidade de candidatos, mandatários ou
apoiantes de candidatura adversária da que foi apresentada pelo PPD/PSD”. Os
estatutos determinam ainda “a suspensão automática e imediata de todos os
direitos e deveres de militante, desde o momento da apresentação da candidatura
até ao trânsito de decisão final”.
Como o conselho de jurisdição nacional não pretende ser um
entrave à normalidade dos órgãos do partido, tenciona resolver os processos
considerados menos complicados em primeiro lugar, uma vez que o PSD vai a votos
nos próximos dias em algumas concelhias do país, apurou o PÚBLICO. A ideia é
saber se os militantes que constam das queixas que foram enviadas à direcção do
PSD podem ou não integrar os cadernos eleitorais que serão utilizados nas
eleições.
A expectativa que existe é que os processos considerados
mais claros possam ter uma resolução na primeira semana de Dezembro. No
entanto, os processos mais complicados como os do Porto e de Sintra, por
exemplo, deverão estar concluídos apenas em 2014 e o objectivo é chegar ao
congresso, previsto para Fevereiro, com este dossier definitivamente encerrado.
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