Secretário de Estado português foi à Grécia e saiu de lá como..."o alemão"
Por Pedro Rainho
publicado em 30 Nov 2013 in (jornal) i online
A visita do secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros à Grécia há uma semana valeu a Bruno Maçães a qualificação de "o alemão" na imprensa helénica.
No dia seguinte à passagem do governante pela capital grega, onde participou numa mesa--redonda sobre o tema "Governância económica e crise europeia", dois diários do país publicaram artigos de opinião expressando surpresa com a proximidade do discurso de Maçães à posição alemã. O secretário de Estado recusou a ideia de uma união de esforços a sul - nomeadamente entre os países intervencionados, mas contando também com a Itália ou a França. Os dois jornais sublinharam a falta de "solidariedade" com os países da União que defendem um caminho diferente do da Alemanha.
No final do encontro, promovido pela embaixada de Portugal em Atenas e pela Fundação Helénica para a Política Europeia e Estrangeira (ELIAMEP), Bruno Maçães respondeu a algumas questões da comunicação social que fazia a cobertura do evento. Um dos jornalistas aí presentes conta ao i que a reacção às palavras do secretário de Estado foi de "bastante surpresa" porque "se mostrou resolutamente contra uma frente europeia do Sul na zona euro". Bruno Maçães terá ainda defendido que as questões fiscais no seio da União devem ser tratadas a nível nacional, ao mesmo tempo que se mostrou a favor de uma política económica comum entre os estados-membros, apesar de não concordar com a criação de um lugar de ministro da Economia para a zona euro.
"Ficámos verdadeiramente desiludidos, porque tínhamos a expectativa de encontrar um amigo da periferia europeia que se revelou um rigoroso académico sem qualquer solidariedade com um país com problemas semelhantes ao seu", diz um dos jornalistas que confrontaram Maçães com o resultado do encontro entre os líderes francês e italiano. No dia anterior ao do encontro em Atenas, François Hollande e Enrico Letta participaram numa cimeira bilateral em Itália. No final, Letta assumiu que a aposta numa "capacidade fiscal" da zona euro como um todo "representa um grande objectivo". A união de esforços entre os dois países contra a posição alemã da União Europeia levou à divulgação de uma declaração conjunta, no final do encontro, onde os governantes defendiam uma "maior harmonização" fiscal que dê à zona euro uma "capacidade financeira real" para investir na economia e criar mais emprego - ideias já rejeitadas pela Alemanha.
A reacção dos jornais helénicos à "posição germânica" do secretário de Estado português aconteceu no dia seguinte. No diário "Ta Nea" - próximo do partido socialista grego (PASOK) -, um editorial não assinado, mas cuja responsabilidade cabe em regra à editoria de política, referia-se ironicamente à "boa solidariedade" de Bruno Maçães, apresentado como um português que "fez de alemão". Um governante que o jornal considera ser "mais troikano que os troikanos", por considerar que não deve ser pedido mais tempo para os países intervencionados executarem as reformas exigidas pelos credores internacionais.
No outro diário que focou a intervenção do secretário de Estado, o "E Kathimerini", Maçães é também descrito como "mais alemão que os alemães" por "proclamar com paixão quão importante é a disciplina fiscal".
Troika adia de novo o regresso a Atenas
Económico com Lusa
29/11/13 18:08
O regresso da troika a Atenas, previsto para segunda-feira, foi cancelado porque persistem divergências quanto às reformas no país.
A 'troika' de credores internacionais da Grécia decidiu adiar de novo o seu regresso a Atenas, inicialmente previsto para segunda-feira, dado que persistem as divergências com as autoridades gregas quanto às reformas no país.
"Ainda não decidimos quando regressará a missão", disse hoje à Efe Simon O'Connor, porta-voz da Comissão Europeia. "O Governo grego está em contacto com a 'troika' para encontrar a data mais adequada para o seu regresso a Atenas", indicou em comunicado o Ministério das Finanças grego, citado pela agência ANA, depois de ter sido noticiado que o regresso da 'troika' à Grécia previsto para o início de dezembro foi cancelado.
O ministro das Finanças grego referiu, no início da semana, que a intenção é chegar a acordo com a 'troika' antes do final do ano, dado que a Grécia assume a presidência rotativa da União Europeia a 1 de Janeiro.
A 'troika' iniciou em Setembro uma nova ronda de negociações na Grécia, da qual depende o pagamento de uma nova fatia do empréstimo concedido ao país. As conversações foram interrompidas semanas depois e só foram retomadas em Novembro, mas duas semanas mais tarde os enviados do Fundo Monetário Internacional (FMI), Comissão Europeia e Banco Central Europeu (BCE) voltaram a abandonar Atenas sem concluir a missão de avaliação.
O diferendo tem a ver com um previsível buraco no orçamento para 2014 que a 'troika' diz ser de 1,5 mil milhões de euros e Atenas considera que é três vezes menor. O ritmo das privatizações (demasiado lento para os credores) e eventuais novos cortes nas pensões são outros pontos de atrito. No próximo dia 7, está prevista a votação do orçamento para 2014 no Parlamento.
O Comissário Europeu dos Assuntos Económicos, Olli Rehn, a directora do FMI, Christine Lagarde, o chefe da missão do FMI na Grécia, Poul Thomsen, e o ministro grego das Finanças, Yannis Stournaras, mantiveram uma videoconferência na quinta-feira à noite e, segundo os 'media' gregos, concordaram que se deve acelerar as conversações.
O primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, desloca-se a Bruxelas na próxima quarta-feira para contactos sobre a situação na Grécia e sobre a presidência rotativa da União Europeia, indicou uma outra porta-voz da Comissão, Pia Ahrenkilde.
Sem comentários:
Enviar um comentário