Aumentam acampamentos de mendigos em Lisboa
Por Filipe Morais
publicado em 29 Nov 2013 in (jornal) i online
Polícia Municipal diz que tem feito limpezas nos abrigos sob
os viadutos da cidade. Maioria dos ocupantes não são de nacionalidade
portuguesa
São acampamentos de mendigos que estão sob viadutos de
algumas das principais vias da cidade de Lisboa e estão a suscitar um aumento
de queixas de munícipes junto da Polícia Municipal. O comandante André Gomes
confirmou ontem à Lusa que há vários destes locais na cidade, mas não tem dados
estatísticos sobre a quantidade de abrigos ou o número de pessoas que recorrem
a estes espaços, mas adiantou que "de cada vez que têm sido efectuadas as
limpezas, têm sido demolidas entre 25 e 30 barracas".
Segundo o responsável, "não se tem ideia de quantas
pessoas serão, pois nunca foram identificadas, mas são homens, mulheres e
crianças" e "de todos os locais, os que têm tido mais reclamações são
os acampamentos por debaixo do Eixo Norte-Sul e da Radial de Benfica, que têm
vindo a aumentar". O vereador dos Direitos Sociais da Câmara de Lisboa,
João Afonso, disse também à Lusa que não há dados precisos sobre os
acampamentos por serem constituídos por comunidades "flutuantes".
"Maioritariamente não são portugueses. Tentámos sensibilizá-los para
aceitarem outras propostas, já definidas com parceiros, como a Santa Casa e o
Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, de espaços de pernoita,
mas é um grupo que cria distanciamento e alega que não percebe português",
explica o vereador.
O comandante André Gomes adianta mesmo que os ocupantes
destes acampamentos, segundo dados das brigadas enviados à Polícia Municipal,
são "indivíduos de nacionalidade romena" que constroem "toscas
barracas de papelão e madeiras soltas, que rapidamente montam, mesmo depois de
o local ter sido limpo". O vereador João Afonso sublinha mesmo que estas
pessoas "não se mostram disponíveis para ser ajudadas" e que não são
considerados sem-abrigo, já que é um grupo que aparentemente vai
"organizado para aquele lugar".
A Polícia Municipal de Lisboa já teve acções nos abrigos
construídos no parque de estacionamento na Avenida Álvaro Pais e na Avenida das
Forças Armadas, junto à Rua da Cruz Vermelha, e sob o viaduto da Avenida
Infante D. Henrique, de acesso à Avenida Mouzinho de Albuquerque, junto a Santa
Apolónia, além do abrigo construído num terreno descampado junto a um muro na
Rua Padre Abel Varzim, no Bairro Casal dos Machados. No parque de
estacionamento na Avenida Álvaro Pais foram demolidas, a 20 de Setembro, várias
barracas e identificadas três pessoas de nacionalidade portuguesa e outra de
nacionalidade estrangeira. Nos últimos anos, a autarquia recebeu várias
reclamações sobre acampamentos de estrangeiros na Quinta da Holandesa, junto à
Avenida Almirante Gago Coutinho, mas este ano ainda não houve queixas que
referissem novas construções de abrigos neste local.
André Gomes adianta que a identificação das pessoas que
recorrem a estes abrigos improvisados sob os viadutos não tem sido possível
porque estas não estão no local durante as acções de limpeza do Departamento de
Higiene Urbana, já que os seus ocupantes aproveitam "para mendigar em
vários locais da cidade". Com Lusa
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