Hoje, derrubo grades, amanhã defendo-as
por Ferreira Fernandes in DN online
Não gostei de ver os polícias a subir, como invasores, as
escadarias da Assembleia da República. Não gosto de ver invasões da Assembleia
da República, mesmo que só sob a forma de ameaça. As forças de segurança têm
razões de protesto como a maioria dos outros portugueses. Mas não têm as mesmas
possibilidades de exercer o direito a esse protesto. Há coisas que uns têm e outros
não têm, e isso é assim não só por causa da injustiça com que o mundo está
desorganizado; é também assim por causa de como o mundo tem, e tem mesmo, de
ser organizado. Já é altura de todos entendermos esse relativismo. Os homens do
lixo podem fazer uma greve total durante dois dias; já os médicos e os
enfermeiros não podem. Os camionistas, na estrada, podem combinar parar em todo
o País às 15.35 de um determinado dia; já os pilotos de avião, no ar, não
podem. Se calhar já todos entendemos esse relativismo, sem que nenhum grupo
social se sinta desapossado dos seus direitos. Ora os polícias, além de não
poderem, como os restantes portugueses, derrubar as grades e galgar as
escadarias como se fossem tomar São Bento, têm uma razão suplementar para não o
fazer. É que, fazendo, permitem-se aquilo que não permitiriam aos outros
cidadãos fazer, quando eles, polícias, estão a exercer a sua função
profissional. Claro que deixo toda esta conversa no pressuposto de que o Estado
de direito continua vigente. Mas se estamos em insurreição, já não está aqui
quem falou.
MAI aceita demissão de Director Nacional da PSP
22 de Novembro, 2013 in Sol online
O director Nacional da PSP, superintendente Paulo Valente
Gomes, colocou o seu lugar à disposição, na sequência dos acontecimentos de
quinta-feira em frente à Assembleia da República, tendo o seu pedido sido
aceite pelo ministro da Administração Interna.
Uma nota do Ministério da Administração Interna refere que o
ministro Miguel Macedo "entendeu aceitar a disponibilidade para a cessação
de funções que tem exercido como director nacional" da PSP.
Milhares de profissionais de forças e serviços policiais e
de segurança - PSP, GNR, SEF, ASAE, polícia marítima, guardas prisionais,
polícia municipal e PJ - manifestaram-se na quinta-feira em Lisboa e, depois de
derrubarem uma barreira policial, conseguiram chegar à entrada principal da
Assembleia da República, onde cantaram o hino nacional, tendo depois
desmobilizado voluntariamente.
A mesma nota indica que, agora o ministro da Administração
Interna vai "iniciar o processo tendo em vista a designação do novo
director nacional da Polícia de Segurança Pública".
O superintendente Paulo Valente Gomes assumiu o cargo de
director nacional da PSP em Fevereiro de 2012, tendo sido o primeiro oficial da
escola superior de polícia a chegar ao topo da hierarquia na corporação.
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