sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Vicente Jorge Silva "A Europa transformou-se num pesadelo".

"Os sociais-democratas acabaram. A herança da social-democracia acabou por ser asfixiada pelo neoliberalismo. A herança do Reagan e da senhora Thatcher, e o pensamento único que daí derivou, tornou a social-democracia incapaz de produzir uma alternativa."

Vicente Jorge Silva "A Europa transformou-se num pesadelo"
Por Ana Sá Lopes
publicado em 23 Nov 2013 in (jornal) i online

O fundador do "Público" defende que a esquerda europeia se deveria ter unido para afrontar Angela Merkel
Os tempos normais são todos iguais, os tempos loucos são-no cada qual à sua maneira: estes e aqueles que vivemos na fundação do "Público". Sobre a sua vida cheia de tempos loucos, Vicente Jorge Silva conversou longamente com a jornalista Isabel Lucas e fizeram um livro biográfico "Vicente Jorge Silva - Conversas com Isabel Lucas", que foi lançado esta semana. Vicente é apenas uma das pessoas mais estimulantes de um país que não anda a dar grandes mundos ao mundo. A Isabel teve a sorte de falar com o Vicente durante três anos, o i falou apenas durante hora e meia, depois de ter lido em livro o resultado dos três anos. Europeísta desde sempre, aos 68 anos Vicente está a caminho de se tornar um eurocéptico. Hoje admite que o euro é um colete-de-forças e começa a considerar que os economistas que defendem a saída da moeda única "podem ter razão". Fundou o "Público", mas sobre os jornais diários deixou de ter ilusões: vídeo didn't killed the radio star, mas se calhar a internet está a caminho de matar o papel que vai todos os dias para as bancas.

Nas conversas com Isabel Lucas o Vicente revela alguma nostalgia da vida louca das redacções de jornais?

É verdade. Mas também é verdade que, atendendo à minha idade hoje, dou muita importância à vida familiar, que sempre fui muito caótico a gerir. Os jornais deram cabo da minha vida familiar e afectiva, porque eu era de tal maneira absorvido? Sobretudo quando o jornal estava com problemas? Os jornais estão sempre com problemas! Mas acabei por me deixar arrastar por esse fluxo da actividade jornalística, e os meus dois primeiros casamentos acabaram em parte porque eu me deixei absorver excessivamente pela vida jornalística.

No livro conta que para a sua saída do "Público" também contribuiu o facto de ter querido fazer o filme "Porto Santo". Mas coincide com a altura em que se apaixona pela sua actual mulher, Rossana.

Senti que, de alguma maneira, já tinha chegado a um ponto em que não podia perder aquela oportunidade. Precisava de estar muito próximo da pessoa por quem eu me tinha apaixonado e isso era um bocado incompatível com mergulhar novamente nas águas profundas do jornalismo.

Mas continua a pensar em primeiras páginas? Pensa "se fosse eu tinha feito assim e assado"?

Penso, penso. Tinha um amigo que já faleceu que dizia que eu paginava "O Comércio do Funchal" como se estivesse a fazer enquadramentos para um filme. Há um lado visual no grafismo que me remetia para a paixão cinematográfica. Isso nunca me abandonou.

Se voltasse a ser director do "Público" o que é que mudava? Passava o jornal a semanário? Apostava mais em notícias próprias e deixava de lado os dossiês mais pesados?

Eu estou relativamente pessimista em relação ao futuro da imprensa diária tal como ela existe, com a internet, o imediatismo da informação online. A imprensa diária é mais vulnerável a isso, porque sai todos os dias, mas não acompanha as coisas até ao momento decisivo. A informação está sempre a correr e é difícil um jornal impresso competir com esse ritmo. Em contrapartida, acho que há espaço para uma revista como a "Time". É uma revista que continua a funcionar, em que a edição em papel ainda faz sentido, independentemente de as pessoas poderem recorrer ao iPad. Estou a falar da "Time", mas também podemos falar da "Der Spiegel" alemã. Há uma crise, mas ainda existem publicações que não estão ameaçadas de falência. E há o caso da "Vanity Fair" americana, que mistura as fofocas de Hollywood com textos de inspiração literária. Há espaço para o papel.

Mas corre o risco de ficar circunscrito a um sector um bocado elitista, diz isso no livro.

Sim, não tenho grandes ilusões sobre isso. As publicações que tiverem condições de sobreviver serão dirigidas a uma certa elite. Isso aborrece-me um pouco. Os desafios deste tempo podem ser muito estimulantes, mas em Portugal é muito difícil ultrapassar as limitações económicas. Depois de ter batido a todas as portas com o meu projecto debaixo do braço, fiquei sem ilusões.

Sobre a sua saída do "Público", fala que sentiu que as pessoas reagiram como se o pai as tivesse abandonado?

Sim, habituaram-se a isso. Eu também as habituei, andava muito na redacção. Até fui editor da sociedade e respondia perante o director de fecho do dia. A hierarquia estava um bocado invertida. Quis fazer essa experiência para perceber os problemas da secção, não creio que os tenha resolvido inteiramente. Mas penso que a seguir a essa passagem minha pela sociedade a gestão começou a ser menos complicada.

No livro fala três ou quatro vezes nas suas "contradições insanáveis"?

Há uma frase de um filme de Nicholas Ray, que é o "Vitória Amarga", em que o protagonista diz: "I always contradict myself." É uma frase extraordinária. De facto, tenho contradições. A minha própria vida é uma contradição pegada. As atracções várias que eu tenho, como conciliar a paixão do jornalismo e do cinema, e depois a busca de uma vida mais serena, mais em paz comigo mesmo, desfrutar do lado afectivo da vida, da relação com a família e os amigos sem estar mergulhado naquele turbilhão da informação. Assumo as minhas contradições. Não sou uma pessoa que tenha conseguido arrumar a sua vida em compartimentos estanques. Tenho dificuldade em gerir isso. Também tem a ver com o facto de ter passado por uma doença. Era um cancro. Sobrevivi, mas deixa-nos sempre marcas.

Sente-se muito diferente depois de ter passado por isso?

Diferente, não sei. Mas sinto-me mais vulnerável, isso é indiscutível. Não vivo perseguido por isso, eu tenho o tal lado optimista, positivo, que continua a prevalecer. Mas, mesmo assim, mentiria se dissesse que não fiquei mais vulnerável. Claro que fiquei mais vulnerável. Isso é uma coisa que faz com que se fique mais dependente do mundos dos afectos do que antes, quando não tinha passado por nenhuma crise grave em termos de saúde.

A sua aventura política, pelo que se lê na entrevista à Isabel, deixou-o mais descrente do sistema?

Quando fui para o parlamento estava na expectativa de que iriam entrar mais pessoas com que eu achava que podia ter afinidades e que por uma razão ou por outra acabaram por não aceitar. E eu apareci sozinho. Senti uma certa solidão no parlamento. As pessoas com quem eu me dava mais no parlamento acabaram por ser as duas deputadas católicas, a Maria do Rosário Carneiro e a Teresa Venda e um deputado eleito pela Madeira, o Maximiano Martins, que eu não conhecia até então. Formávamos um quarteto um bocado marginal.

No início, José Sócrates recebeu-o muito bem?

Foi das pessoas mais acolhedoras, fez- -me convites para jantar e coisas assim. Mas a fase socrática foi muito negativa para o PS. Quando Ferro Rodrigues fez aquele disparate de se demitir porque o Presidente da República permitiu que Santana Lopes substituísse Durão Barroso tive uma conversa com António Costa a tentar convencê-lo a candidatar-se a líder do PS e a primeiro-ministro. E ele disse-me com muita ênfase: "Ouça lá, ouça bem, eu nunca serei líder do PS nem primeiro-ministro!"

Disse mesmo assim, que nunca seria?

Disse nessa altura, entretanto as coisas mudaram. Não sei se Costa teria um problema por causa da sua ascendência indiana. Falando nessa altura com um político de outro partido, também de ascendência indiana, ele interpretava isso assim. Mas depois houve o caso Obama e isso mudou. O caso do Obama desfez um tabu, apesar da minha desilusão profundíssima, que se agudiza a cada dia que passa, com Obama - veja-se até agora como não conseguem montar um sistema informático para receber os pedidos das pessoas que se querem inscrever no serviço de saúde, é inexplicável. Mas estamos agora a assistir a uma situação terrível a nível da esquerda. O PSOE está nas ruas da amargura, o Partido Socialista francês? Não é que eu tivesse grandes ilusões sobre o Hollande, lembro-me bem dele como líder do PS francês, um tipo mole, sempre à procura da síntese das várias posições, dos compromissos, não quer tomar posições firmes e claras sobre as coisas? E claro que isso acabou por se reflectir no seu comportamento na presidência da República. Na França a situação é dramática. A queda abrupta de Hollande e do Partido Socialista nas sondagens, as angústias sentidas pelos socialistas que são matéria diária na imprensa francesa? Depois, os sociais-democratas alemães, que estão de pés e mãos atados, não sabem o que hão-de fazer à sua identidade social- -democrata.

Então o que resta da social-democracia, o seu campo ideológico?

Vendo o que se está a passar hoje, quer nos Estados Unidos quer em países tão importantes como a Alemanha, a França, a Espanha, para não falar já da Itália, que é um problema muito complicado? E mesmo em Inglaterra, onde o Partido Trabalhista nunca se conseguiu libertar da herança do Blair, que no fundo foi um continuador da senhora Thatcher... Os sociais-democratas acabaram. A herança da social-democracia acabou por ser asfixiada pelo neoliberalismo. A herança do Reagan e da senhora Thatcher, e o pensamento único que daí derivou, tornou a social-democracia incapaz de produzir uma alternativa. Em Portugal, se não fosse a forma estúpida e agressiva como o governo geriu a sua relação com o PS?.

O PS poderia fazer parte da coligação?

Acho que poderia, se o Passos Coelho não quisesse ser um reizinho. Mas vejo com muito pessimismo a situação portuguesa.

Mas as coisas com António Costa seriam melhores do que com António José Seguro?

Vejo às vezes as intervenções de António Costa e parece-me que têm uma centelha que infelizmente não encontro no António José Seguro. O António José Seguro é uma pessoa que tem um problema de estar entalado entre a herança socrática e a convicção cada vez mais generalizada de que o Costa representaria melhor o papel de líder do PS e de primeiro-ministro. Depois também há problemas da presença física das pessoas. O António José Seguro tem um ar muito jovem.

Mas já tem mais de 50 anos...

Ele não tem culpa nenhuma disso. Mas as coisas são o que são e a política às vezes é de uma crueldade imensa para com as pessoas que são bem-intencionadas, mas isso não chega. Eu tenho simpatia pessoal pelo Seguro, não escondo. É uma pessoa com quem sempre me relacionei de uma forma bastante civilizada. Mas constato que não sei como isto vai acabar. Não me parece provável que Seguro ganhe com maioria absoluta, a não ser que haja uma débâcle. E depois como é que o PS vai gerir isto? E o problema é que também não vi os partidos socialistas do Sul da Europa a juntarem--se para rejeitarem o domínio da Alemanha e da senhora Merkel. Somos tratados como uns meninos e mantemos uma atitude de atento, venerador e obrigado. Parece-me que Passos Coelho, tal como a senhora Merkel e outras pessoas na Europa, também acha que nós devemos ser castigados pela nossa imprudência e pelo facto de termos gasto mais dinheiro do que devíamos. A Alemanha esquece-se da sua própria história. E não vi também o PS a reagir de forma consequente. Isso não é fácil e não depende só do PS. Tinha de haver um movimento internacional, um levantamento dos partidos que vêem os seus países ser asfixiados e não estão de acordo com aquilo que está a ser feito, que não leva a nada. Não só não leva a nada como agrava a situação que herdámos. Digam eles o que disserem, vamos bater com a cabeça na parede. Existe uma condescendência, uma falta de capacidade de inter-acção desses partidos de que falávamos, os socialistas franceses, o PSOE, em Portugal, os gregos. A esquerda não se concertou para uma ofensiva comum.

Os socialistas assinaram o Tratado Orçamental a defender o défice zero. Logo, não há keynesianismo para ninguém.

Isto já vem muito de trás. Há males de origem na Europa, como o Tratado de Maastricht e a regra dos 3% do défice. Lembremo-nos que Gerard Schröeder foi o social-democrata que construiu o modelo que a senhora Merkel está a aplicar. Um homem dito social-democrata que agora trabalha para as empresas russas. Essas figuras, como o Tony Blair e outros, marcaram uma certa agonia da social-democracia, ou pelo menos a condescendência da social-democracia com a herança recebida dos governos conservadores e da tendência neoliberal que se estava a delinear no mundo.

O Vicente sempre foi um europeísta. Ainda acredita na União Europeia?

Sempre fui um europeísta e sempre fui um social-democrata à maneira nórdica, dos tempos que já lá vão, do Olof Palme ou de Willy Brandt. Mas quando recuamos ao Tratado de Maastricht, vemos que foi Jacques Delors, uma pessoa muito equilibrada e que eu admiro muito, que esteve na origem disso. Mitterrand também começou pelo lado jacobino do Partido Socialista francês e ao fim de dois anos inverteu a marcha e acabou num socialismo gestionário do possível. Em 1983 já havia um recuo absoluto, com Mitterrand transformado numa espécie de Luís XIV muito caladinho, praticamente só aparecia duas vezes por ano, nas ocasiões absolutamente solenes. Isto também já vem daí e é um processo longo. Como europeísta, hoje olho para a Europa com uma grande amargura e um grande cepticismo. Não sou economista, mas às vezes sinto-me tentado a concordar com aqueles que acham que é melhor sair do euro. O euro tornou-se uma camisa-de-forças e dentro do euro ninguém se consegue mexer. Li aqui há dias no seu jornal o economista Jorge Bateira, que também escreve no blogue Ladrões de Bicicletas, a defender o regresso ao escudo. Talvez a forma parecesse demasiado simplista, mas pensei que provavelmente ele tem alguma razão. Como também o João Ferreira do Amaral tem alguma razão. O que é que a gente dentro do euro pode fazer a la longue? Se é que o euro, ele próprio, vai sobreviver, apesar das aparências de que a Europa vai melhorar...

Mario Draghi lá vai baixando os juros?

A Europa está dependente desses truques do Banco Central Europeu. E depois os alemães reagem mal e resta saber como o Tribunal Constitucional alemão vai reagir.

O Vicente diz a certa altura no livro, que de certa maneira em ditadura as coisas eram mais fáceis. Lutava-se para que aquilo acabasse?

Agora vivemos um tempo de esgotamento da democracia. Em ditadura temos a sensação de que pode vir outra coisa, que foi o que aconteceu com o 25 de Abril. Mas hoje há a sensação de que não há uma revolução redentora à vista. Podia haver reformas que nos conduzissem para uma situação menos dramática do que a que vivemos, mas também não vemos força suficiente? A Europa era um projecto galvanizador e hoje tornou--se um pesadelo. A maior parte dos europeus vive um pesadelo.

Afirma que a personagem de António Guterres deveria ser reavaliada à luz do que se passou a seguir. Era capaz de votar nele para Presidente da República?

Era. O Guterres tem o problema de ter sido uma pessoa que não aguentou o impacto da situação que estava a viver e achou que o país estava a cair num pântano e isso é um antecedente grave. Portanto, notou-se que não conseguia aguentar a pressão dos acontecimentos. Ao contrário de Sócrates. Verdade seja dita que o Sócrates fez tudo para não abdicar do poder. Eu até posso achar que pode haver uma certa grandeza no facto de uma pessoa a dada altura achar que não é capaz de gerir a situação e decidir ir-se embora, como foi o caso do Guterres. Mas com esse antecedente de um homem que se vai embora porque receia que a política caia num pântano podemos perguntar se ele vai para Belém e acontece o sarilho qualquer e ele não consegue aguentar e demite-se. É a única questão. Mas, de facto, olhando para trás, Guterres foi das pessoas mais civilizadas e mais democráticas na gestão do poder. Mas tenho consciência que tem essa capacidade diminuída por ter o pavor do pântano. Em todo o caso, é uma pessoa que me merece simpatia e à partida parece-me uma pessoa que poderia ser um bom Presidente. É uma pessoa que ouve, tem iniciativa, não se deixa limitar por uma visão demasiado sectária e não se deixará ficar prisioneiro de um partido político, como acontece com o actual Presidente, que acabou por ficar refém da maioria existente.

Conheceu muito bem Marcelo Rebelo de Sousa, com quem tem uma relação afectuosa. Está a vê-lo Presidente da República? Ele quer ser candidato.

Não tenho a certeza absoluta. Não tenho a certeza absoluta disso, como também não vejo Guterres muito interessado nisso. Mas o Marcelo é uma pessoa muito exuberante e muito histriónica. Não sei se o papel de Presidente da República se compadece com tanto histrionismo. O Marcelo é um grande actor. Mas não seria um erro de casting? Marcelo na presidência não seria uma grande confusão? Sobre o Marcelo tenho as minhas dúvidas, apesar do afecto que tenho por ele. A tentação do Marcelo de ser manobrador, de dar uma interpretação das coisas que pode ser hiperenviezada em função das suas próprias idiossincrasias? Não sei como seria Marcelo em Belém!

No i temos uma sondagem que dá Marcelo a liderar consistentemente há mais de um ano o ranking de candidatos presidenciais à direita. À esquerda é António Costa.

Penso que Costa dava um bom Presidente da República. O Costa faz uma leitura das situações bastante avisada. Votei nele para a Câmara de Lisboa, mas também porque achei que o meu voto era um voto de protesto contra este governo. Foi o motivo fundamental que me levou a votar com tanta convicção em António Costa para a Câmara de Lisboa. Os primeiros mandatos de Costa na CML tiveram muitas fragilidades? A questão do lixo, por exemplo.

Mas acha que dava um bom Presidente da República?

É uma pessoa que pensa sobre as coisas. E tenho vindo a assistir a uma certa evolução dele ao longo do tempo. Ele é muito politiqueiro, mas no tempo em que eu estava no parlamento era muito mais politiqueiro.

O seu cineasta favorito é Antonioni?


Antonioni já morreu há muito tempo! Há um filme dele que me marcou muito, onde já se via a alienação provocada pelo dinheiro a que nós assistimos hoje. Chama-se "O Eclipse". É o mundo dos sentimentos que é obscurecido por esse eclipse provocado pelo mundo do dinheiro. Alain Delon faz um papelão como corretor de bolsa, que vive obcecado só pela bolsa. Encontra isso em muitos políticos. Olhe o Sócrates! É um bom exemplo de uma pessoa completamente vidrada na sua ambição política. Estive a ler aquele livro dele. O livro dele não é dele, é um livro onde faz um exercício escolar de colagem de citações.

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