Não foi apenas mais um sorry de Obama
Editorial/ Público
É em parte cultural, em parte pessoal. O Presidente
Barack Obama habituou-nos aos seus pedidos de desculpa. Ao Afeganistão, quando
militares americanos queimaram exemplares do Corão, ou a Kamala Harris, quando
disse que a procuradora-geral da Califórnia "era a procuradora mais bonita do
país". Os republicanos adoram dizer que Obama está a fazer uma apology tour
desde que chegou à Casa Branca. Vêem nas palavras um sinal de fraqueza. Agora,
Obama pediu desculpa aos 15 milhões de americanos que perderam o seu seguro de
saúde, contrariamente às garantias que tinham recebido do próprio Obama durante
o debate sobre o Obamacare. Os políticos têm de resistir à tentação das
promessas irrealistas. Mas não podemos subestimar actos francos como este. Obama
assumiu a responsabilidade das suas palavras, coisa rara em política. O
Obamacare incluiu no sistema 50 milhões de excluídos. Neste momento, a urgência
é corrigir os erros.
Obama pede desculpas por uma "grande mentira" sobre a reforma da Saúde mas...
Ao contrário do que o Presidente tinha prometido, milhões de americanos
viram os seus antigos seguros cancelados
"Peço desculpas pelo facto de se terem visto nesta situação com base em garantias minhas. Temos de trabalhar para que saibam que os ouvimos e que vamos fazer tudo o que pudermos para resolver os problemas das pessoas que estão numa posição difícil em consequência disso", afirmou o Presidente dos EUA.
Mais de 3,5 milhões de norte-americanos viram os seus seguros de saúde cancelados, apesar das garantias de Obama. Um número que, segundo o próprio Presidente dos EUA, pode vir a afectar 5% da população, ou 15 milhões de pessoas, que contrataram os seus planos de saúde a título individual. A revista Forbes vai ainda mais longe: entre os clientes de seguros de saúde por iniciativa própria e através das empresas em que trabalham, serão cerca de 100 milhões as pessoas afectadas.
"O nível de disrupção no mercado patrocinado pelos empregadores será menor do que no mercado individual, em que as pessoas escolhem os planos de saúde por iniciativa própria. Mas o Presidente está também a violar a promessa "Se gosta do seu seguro de saúde" no mercado dos empregadores. Por exemplo, os seguros patrocinados pelas empresas vão ter agora de cobrir benefícios dispendiosos, determinados pelo Governo federal, que não eram obrigados a cobrir antes, o que está a tornar muitos planos ilegais", escreveu na Forbes Avik Roy, do think tank conservador Manhattan Institute for Policy Research.
Mas as respostas de Barack Obama na entrevista à NBC deixam perceber que não foi um pedido de desculpas e ponto final. "O meu objectivo é fazer elevar a fasquia e garantir que os seguros que as pessoas compram são eficazes, que correspondem realmente ao que as pessoas pagam", disse o Presidente dos EUA.
Na prática, a maioria dos planos de saúde que estão a ser cancelados têm uma cobertura limitada e, em muitos casos, não chegam a servir de muito quando as pessoas precisam deles. Com o Affordable Care Act (ACA), ou Obamacare, todos os seguros têm obrigatoriamente de incluir um conjunto mínimo de obrigações, entre as quais a celebração de contratos com pessoas que já têm problemas de saúde, o que não acontecia antes.
É uma discussão com duas faces, sendo a mais visível - aquela que ocupa mais espaço nos media por estes dias - a "grande mentira" de Barack Obama, como lhe chamou até Clarence Page, jornalista multipremiado e assumido defensor das políticas do actual Presidente, num artigo no The Washington Post.
A esperança de Barack Obama é que a outra face se revele a longo prazo. Afinal, como lembra a correspondente do jornal The Guardian Ana Marie Cox, "a estimativa mais elevada para o número de pessoas que vão receber notas de cancelamento é de 16 milhões. Antes do ACA, havia 50 milhões de americanos sem qualquer tipo de seguro".
Foram estas as reticências do pedido de desculpas de Barack Obama na entrevista à NBC. Traduzindo da linguagem política, foi uma mentira, sim, mas a intenção era boa: "Não se esqueçam de que a maioria das pessoas cujos contratos estão a ser cancelados vão poder receber melhores cuidados de saúde, ao mesmo preço ou até mais baratos, porque haverá mais escolha e maior concorrência."
A promessa tinha sido feita várias vezes e regressou
agora para assombrar ainda mais o já complicado arranque de segundo mandato de
Barack Obama. "Se gosta do seu seguro de saúde, vai poder manter o seu seguro de
saúde e ponto final", repetiu o Presidente dos EUA nos últimos quatro anos, em
defesa do programa conhecido como Obamacare.
Para embaraço da Casa Branca, bastaram poucos dias para que os americanos se
apercebessem de que aquele "ponto final" deveria ter sido substituído por
reticências. As mesmas que Obama deixou no ar depois de um pedido de desculpas
numa entrevista à estação NBC, na quinta-feira."Peço desculpas pelo facto de se terem visto nesta situação com base em garantias minhas. Temos de trabalhar para que saibam que os ouvimos e que vamos fazer tudo o que pudermos para resolver os problemas das pessoas que estão numa posição difícil em consequência disso", afirmou o Presidente dos EUA.
Mais de 3,5 milhões de norte-americanos viram os seus seguros de saúde cancelados, apesar das garantias de Obama. Um número que, segundo o próprio Presidente dos EUA, pode vir a afectar 5% da população, ou 15 milhões de pessoas, que contrataram os seus planos de saúde a título individual. A revista Forbes vai ainda mais longe: entre os clientes de seguros de saúde por iniciativa própria e através das empresas em que trabalham, serão cerca de 100 milhões as pessoas afectadas.
"O nível de disrupção no mercado patrocinado pelos empregadores será menor do que no mercado individual, em que as pessoas escolhem os planos de saúde por iniciativa própria. Mas o Presidente está também a violar a promessa "Se gosta do seu seguro de saúde" no mercado dos empregadores. Por exemplo, os seguros patrocinados pelas empresas vão ter agora de cobrir benefícios dispendiosos, determinados pelo Governo federal, que não eram obrigados a cobrir antes, o que está a tornar muitos planos ilegais", escreveu na Forbes Avik Roy, do think tank conservador Manhattan Institute for Policy Research.
Mas as respostas de Barack Obama na entrevista à NBC deixam perceber que não foi um pedido de desculpas e ponto final. "O meu objectivo é fazer elevar a fasquia e garantir que os seguros que as pessoas compram são eficazes, que correspondem realmente ao que as pessoas pagam", disse o Presidente dos EUA.
Na prática, a maioria dos planos de saúde que estão a ser cancelados têm uma cobertura limitada e, em muitos casos, não chegam a servir de muito quando as pessoas precisam deles. Com o Affordable Care Act (ACA), ou Obamacare, todos os seguros têm obrigatoriamente de incluir um conjunto mínimo de obrigações, entre as quais a celebração de contratos com pessoas que já têm problemas de saúde, o que não acontecia antes.
É uma discussão com duas faces, sendo a mais visível - aquela que ocupa mais espaço nos media por estes dias - a "grande mentira" de Barack Obama, como lhe chamou até Clarence Page, jornalista multipremiado e assumido defensor das políticas do actual Presidente, num artigo no The Washington Post.
A esperança de Barack Obama é que a outra face se revele a longo prazo. Afinal, como lembra a correspondente do jornal The Guardian Ana Marie Cox, "a estimativa mais elevada para o número de pessoas que vão receber notas de cancelamento é de 16 milhões. Antes do ACA, havia 50 milhões de americanos sem qualquer tipo de seguro".
Foram estas as reticências do pedido de desculpas de Barack Obama na entrevista à NBC. Traduzindo da linguagem política, foi uma mentira, sim, mas a intenção era boa: "Não se esqueçam de que a maioria das pessoas cujos contratos estão a ser cancelados vão poder receber melhores cuidados de saúde, ao mesmo preço ou até mais baratos, porque haverá mais escolha e maior concorrência."
Doug Mills/The New York Times
Senior aides to President Obama are dealing with the
political fallout from promises, now broken, about health care plans.
|
The New York Times
November 8, 2013 / http://www.nytimes.com/2013/11/09/us/politics/a-white-house-in-crisis-mode-but-some-allies-prod-for-more.html?hpw&rref=&_r=0
A White House in Crisis Mode,
but Some Allies Prod for More Action
By MICHAEL D. SHEAR
WASHINGTON — President Obama was seething. Two weeks after
the disastrous launch of HealthCare.gov, Mr. Obama gathered his senior staff
members in the Oval Office for what one aide recalled as an “unsparing”
dressing-down.
The public accepts that technology sometimes fails, the
president said, but he had personally trumpeted that HealthCare.gov would be
ready on Oct. 1, and it wasn’t.
“If I had known,” Mr. Obama said, according to the aide, “we
could have delayed the website.”
Mr. Obama’s anger, described by a White House that has
repeatedly sought to show that the president was unaware of the extent of the
website’s problems, has lit a fire under the West Wing staff. Senior aides are
racing to make sure the website is fixed by the end of the month as they
confront the political fallout from presidential promises, now broken, that all
Americans who liked their existing health care plans could keep them.
Inside the White House, there is anxiety that if the health
care problems are not righted, they could imperil the rest of Mr. Obama’s
presidency, especially as criticism grows that the president misled consumers
about the plan. Mr. Obama sought to tamp down that criticism by apologizing in
an interview with NBC News on Thursday. “I am sorry that they, you know, are
finding themselves in this situation, based on assurances they got from me,”
the president said.
Internally, Denis R. McDonough, the White House chief of
staff, is in charge of damage control. He leads a health care conference call
at 7 p.m. daily, just before a written update on the broken website is inserted
into the briefing book that is delivered to his boss in the White House
residence. Mr. McDonough is also the primary conduit to angry Democratic
lawmakers who are seeking to delay parts of the law and extend the enrollment
period until the problems are fixed.
Still, Mr. McDonough has insisted that other work continue
as the White House struggles to find a balance between operating in perpetual
crisis mode and moving on with the rest of Mr. Obama’s agenda.
So daily “check-in” sessions on the push for an immigration
overhaul still happen every morning. There are regular West Wing meetings on
transportation, college affordability and a new farm bill. Mr. Obama spoke
about increasing exports in a speech at the Port of New Orleans on Friday, and
he is planning a trip next week to talk about the economy.
“People expect us to fix the damn website,” a senior White
House adviser said. “But they want us to move on, and stay focused on improving
the economy.”
Some Democrats close to the White House, however, think that
the administration is not sufficiently panicked by the health care problems and
urgently needs to step up its response. They say that the president and his
staff do not recognize the full threat to his legacy, and they worry that
Kathleen Sebelius, the secretary of health and human services, is not equipped
to pull the administration out of the morass.
“They are going to have to start thinking about some
options,” said one Obama ally familiar with internal operations at the White
House. “They need to get ahead of it somehow.”
Geoffrey Garin, a top Democratic pollster with close ties to
the administration, said that although “it is not in their nature to panic,”
White House aides “understand that panic elsewhere can create its own vortex,”
especially among Democratic lawmakers who face re-election next year.
“I’m livid that this screw-up actually plays into the hands
of the critics,” said Representative Gerald E. Connolly, Democrat of Virginia,
referring to Republican plans to use the bungled health care rollout as
ammunition in 2014.
Pressure to demonstrate visible action helped lead the
president to appoint Jeffrey D. Zients, the former head of the Office of
Management and Budget, to orchestrate the website’s repair. Working with
private-sector technology whiz kids out of a makeshift “war room” in Herndon,
Va., Mr. Zients has pledged a workable website by the end of the month.
“I think they do realize that this is Defcon 1,” said one close outside
adviser to the White House.
Other allies of the president are urging the White House not
to let Mr. Obama get swallowed up by the health care issue the way that the BP
oil spill crisis in the summer of 2010 pushed aside virtually everything else.
“They have made a strategic decision that they can’t let
this become like BP — the only story out there forever,” said one Democratic
ally who has talked with senior White House staff members in recent days.
“There are other things that they are going to push forward.”
The White House may be more optimistic than many outside
Democrats in part because it has been through so many other political sieges.
Aides to the president compare the dire commentary in Washington to similar
episodes in which lawmakers, consultants and journalists predicted lasting
political damage only to see the furor of the moment eventually fade.
“I think people are appropriately concerned, but there’s a
sense that things will get fixed quickly,” said a former White House official
who stays in touch with colleagues.
The administration said Friday that consumers would be
unable to see if they are eligible for insurance subsidies while computers of
the Internal Revenue Service are taken down for routine maintenance from
Saturday night to early Tuesday. The federal and state insurance exchanges
check I.R.S. databases to verify the incomes of people applying for subsidies.
Plenty of finger-pointing remains about how the situation
developed so badly. Aides said the president did not believe that anyone had
purposely deceived him or his top advisers, but they have concluded that some
of the people working in the trenches on the website were not forthcoming about
the problems.
At the same time, the White House trusted its own policy and
political teams rather than bringing in outsiders with more experience putting
in place something as technically challenging as HealthCare.gov and the
infrastructure to support it.
Officials at the federal Centers for Medicare and Medicaid
Services repeatedly expressed doubts that the computer systems for the federal
exchange would be ready on time, but they said that neither they nor their
contractors had recommended a delay in opening the exchange. Political and
policy teams at the White House insisted on pushing ahead without delay, they
said.
On Friday, Representative Darrell Issa, Republican of
California and chairman of the House Committee on Oversight and Government
Reform, issued a subpoena to a senior administration official, Todd Park,
requiring him to testify at a hearing next week on the rollout of the
president’s health care law. Mr. Park is Mr. Obama’s top technology adviser and
helped build an earlier version of the website.
The criticism from outside the
White House gates has added to the frustration among aides.
So far, no one appears likely to
be fired as a result of the health care problems.
But aides said they did not expect Mr. Obama to let up on
his staff any time soon. In the interview on Thursday, Mr. Obama hesitated to
guarantee that the health care website would be working smoothly by the end of
the month. His tone suggested that he would not take kindly to another
surprise.
“I’ve been burned already with a
website,” he said.
Peter Baker contributed
reporting.
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