AMBIENTE
Coronavírus:
menos um milhão de toneladas de CO2 por dia
A queda na
procura do petróleo, o abrandamento no consumo de carvão e a suspensão de
milhares de voos fazem com que se registe uma redução de emissões de CO2
calculada em 9,6 milhões de toneladas.
Lusa 16 de Março
de 2020, 16:05
https://www.publico.pt/2020/03/16/ciencia/noticia/coronavirus-menos-milhao-toneladas-co2-dia-1907964
O mundo está a
emitir menos um milhão de toneladas de dióxido de carbono por dia com a quebra
no consumo de petróleo devido à pandemia de covid-19, segundo dados compilados
pela agência Lusa com base em relatórios internacionais.
A Agência
Internacional de Energia (AIE) divulgou esta semana um relatório que indica que
a procura global de petróleo deve contrair-se este ano pela primeira vez desde
2009, devido à covid-19. Estão em causa menos 90.000 barris de petróleo por dia
em relação ao ano passado, não ultrapassando os 99,9 milhões de barris por dia.
Transpondo a
quebra no consumo de petróleo para as emissões de dióxido de carbono (CO2) no
primeiro trimestre, houve uma redução de emissões calculada em 9,6 milhões de
toneladas, o equivalente a menos 1,4 vezes as emissões de Portugal em 2017.
Juntando a
redução na procura de petróleo e o abrandamento do consumo de carvão, com base
em números divulgados pelo portal especializado Carbon Brief, as estimativas
indicam que as emissões mundiais de CO2 podem reduzir-se este ano em cerca de
7%, um valor próximo do que o planeta devia atingir em 2020 com os esforços dos
países para cumprir o Acordo de Paris sobre alterações climáticas.
O presidente da
associação ambientalista Zero, Francisco Ferreira, disse à agência Lusa que a
redução no consumo de petróleo é muito baixa e lembrou que “é precisa uma
redução de 7,6%” em cada ano.
Nestes primeiros
meses do ano o consumo de carvão nas fábricas caiu 36%, e a produção de carvão
caiu 29%, tendo a capacidade de refinar petróleo sido reduzida em 34%.
Segundo o site
Carbon Brief, as medidas da China para conter o novo coronavírus levaram a uma
redução de entre 15% e 40% da produção nos principais sectores industriais. Com
a redução na produção de carvão da China mais a redução na venda de barris de
petróleo, a quebra das emissões de CO2 será acima de 6% no final do ano.
A aviação,
responsável por cerca de 2% das emissões globais de CO2, é um dos lados mais
visíveis das consequências do coronavírus, com milhares de ligações anuladas.
Só em Portugal, a TAP anunciou o cancelamento de 2500 voos.
Na crise
financeira de 2008/2009 também houve uma grande queda, mas depois da crise
vieram as medidas dos governos para estimular as economias e voltaram em força
as emissões de CO2. A evolução positiva da China pode indicar que a “crise” da
covid-19 será mais curta do que a crise de 2008/2009, e que as emissões vão
voltar aos níveis habituais.
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