Acabou a "ala" na AfD. Corrente mais radical do partido de extrema-direita vai dissolver-se
Direção da AfD
tinha imposto um ultimato ao líder da fação mais radical do partido, denominada
"a ala", depois de os seus membros serem postos sobre vigilância
policial e qualificados pelos serviços secretos como um perigo para o Estado.
DN/Lusa
21 Março 2020 —
21:34
Acorrente mais
radical da Alternativa para a Alemanha (AfD), partido populista e de
extrema-direita alemão, suspeita de ter contribuído com os seus discursos
violentos para ataques racistas ou antissemitas no país, vai dissolver-se. A
dissolução foi anunciada este sábado pelo seu líder. Bjorn Hocke cedeu assim a
um ultimato da direção do partido, que na sexta-feira lhe pediu para acabar com
o movimento, designado "a Ala" e que representamcerca de um quinto
dos seus membros.
Numa entrevista a
uma revista de extrema-direita alemã, Sezession, o arauto da controversa
corrente condenou o ultimato, mas considerou que apenas acelerava uma
dissolução já em curso.
"Esta
exigência acontece num momento mau e parasita um processo que 'a Ala' já tinha
em curso há muito tempo com o objetivo de a tornar parte da História",
disse Bjorn Hocke.
"Agora, o
que estávamos a pensar há muito tempo acontecerá mais depressa", após a
ordem da direção da AfD, adiantou, acusando-a de ter cedido à pressão nacional.
Bjorn Hocke
advertiu, no entanto, não ter a intenção de renunciar às suas convicções - tal
como os seus apoiantes, cerca de sete mil -, afirmando que "manterão o seu
rumo político para o bem da AfD".
A pressão sobre
esta corrente radical aumentou recentemente depois da decisão dos serviços
secretos internos alemães de a colocar sob vigilância policial, por
considerarem que representa um perigo para o Estado.
A sanção surge
num contexto de recrudescimento do terrorismo de extrema-direita, com três
atentados realizados em menos de um ano.O último ocorreu em fevereiro em Hanau,
perto de Frankfurt. Um atirador racista e crente das teorias da conspiração
matou nove pessoas, todas de origem estrangeira, antes de se suicidar.
Bjorn Hocke,
líder da AfD na Turíngia, causou recentemente uma crise política na Alemanha
por tentar fazer na província uma aliança com a direita moderada da chanceler
Angela Merkel, o que provocou uma onda de protestos no país e na própria CDU,
que deu ordens aos dirigentes locais do partido para recuarem na coligação.
"Foi um mau dia para a democracia. Foi um dia que rompeu com os valores e
as convicções da CDU, e agora tudo deve ser feito para deixar claro que isso
não pode de forma alguma ser compatível com o que a CDU pensa e faz",
afirmou a chanceler alemã quando foi conhecido o entendimento com a AfD.
Sem comentários:
Enviar um comentário