Imagens da NASA
mostram redução drástica da poluição na China com a crise do coronavírus
Os valores de
dióxido de azoto (NO2) caíram a pique na região central da China.
Investigadores da NASA e da ESA acreditam que os períodos de quarentena por
causa do novo coronavírus e a desaceleração económica a ele associada podem
explicar esta diminuição.
Sofia Neves 1 de
Março de 2020, 16:59
Uma série de
imagens de satélite da NASA e da Agência Espacial Europeia (ESA) mostram uma
redução significativa nos níveis de poluição por dióxido de azoto (NO2) sobre a
China, anunciou a agência espacial norte-americana. Numa publicação no site do
Earth Observatory, a NASA refere que é possível que a mudança se deva, pelo
menos em parte, ao abrandamento da economia associado à epidemia do novo
coronavírus.
A actividade das
fábricas no país caiu drasticamente à medida que os trabalhadores abandonaram
as fábricas para cumprir quarentena e evitar a contaminação pelo vírus
SARS-CoV-2, que causa a doença Covid-19. Os cientistas da NASA afirmam que a
redução nos níveis de dióxido de azoto, “um gás nocivo emitido por veículos a
motor, centrais de energia e unidades industriais”, começou a notar-se
inicialmente na zona da cidade de Wuhan, epicentro de contágio do vírus,
espalhando-se em seguida por todo o país.
A redução nos
níveis de dióxido de azoto nos últimos meses também coincide com as celebrações
do Ano Novo Chinês, que normalmente leva ao encerramento de negócios e fábricas
entre a última semana de Janeiro e o início de Fevereiro. Observações
anteriores já tinham mostrado que a poluição do ar diminuía durante este
período, mas os níveis voltavam a subir novamente logo depois das festividades.
As imagens das
duas entidades espaciais foram usadas para comparar os dois primeiros meses de
2019 com o mesmo período deste ano. "É a primeira vez que vejo uma queda
tão dramática numa área tão ampla”, refere Fei Liu, investigadora da NASA
especializada em qualidade do ar.
Um segundo
conjunto de imagens mostra os valores de dióxido de azoto no espaço aéreo da
China entre 1 e 20 de Janeiro, antes da quarentena em território chinês ter
sido decretada, e entre 10 e 25 de Fevereiro, durante o período de isolamento
de milhares de cidadãos.
Liu explica que
já durante a recessão económica que começou em 2008 foi registada uma
diminuição no NO2 em vários países, mas essa queda foi gradual. Os cientistas
também observaram uma redução significativa em redor de Pequim durante os Jogos
Olímpicos de 2008, mas os níveis de poluição subiram novamente depois do fim
das competições.
Embora o Ano Novo
Chinês possa ter desempenhado um papel importante nesta diminuição da poluição,
os investigadores acreditam que a queda drástica é mais do que um “efeito das
férias ou da variação relacionada com o clima”. “Em 2020, os níveis de NO2 no
Leste e no Centro da China foram significativamente mais baixos (entre 10 a
30%) do que o que é normal para este período temporal”, lê-se no comunicado da
NASA.
As principais
cidades chinesas são frequentemente cobertas por um manto de poluição,
resultado de três décadas de forte crescimento económico assente na produção
industrial, que transformou o país na “fábrica do mundo”. A poluição é
responsável por milhões de mortes prematuras todos os anos na China e é uma das
principais fontes de descontentamento popular no país.
A epidemia de
Covid-19 provocada por um novo coronavírus, detectado na China no final do ano,
já infectou mais de 85 mil pessoas, das quais morreram mais de 2900, segundo as
autoridades dos 60 países e territórios afectados
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