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CORONAVÍRUS
Coronavírus:
Alemanha “a acelerar em direcção a uma recessão”
Indicador de
confiança dos empresários regista maior queda desde 1991 e cai para níveis
semelhantes aos da crise financeira internacional de 2009.
Sérgio Aníbal
Sérgio Aníbal 19
de Março de 2020, 12:37
Começam a ser
conhecidos os primeiros indicadores que dão conta, como esperado, de uma
deterioração acentuada da situação económica na Europa. Na Alemanha, o
indicador de confiança dos empresários publicado pelo think tank Ifo – uma das
principais referências para antecipar o que acontece à economia – registou em
Março uma queda abrupta, afundando para o seu valor mais baixo desde 2009, quando
a economia mundial estava em recessão.
Os dados
preliminares publicados pelo instituto alemão de investigação económica apontam
para uma queda do índice de 96 pontos em Fevereiro para 87,7 pontos em Março.
“É a maior queda desde 1991 e coloca o índice ao seu nível mais baixo desde
Agosto de 2009”, anunciou o presidente do Ifo, Clemens Fuest, que não tem
dúvida sobre aquilo que isto significa para a economia: “A economia alemã está
a acelerar em direcção a uma recessão”.
Outro instituto
alemão de investigação económica, o DIW apresentou também esta quinta-feira as
suas previsões actualizadas para a economia, antecipando um impacto negativo
“massivo” do coronavírus durante o segundo e o terceiro trimestre deste ano,
que colocariam a variação do PIB durante o ano em -0,1%.
Ainda assim, este
cenário assume a visão que pode ser demasiado benigna de que estaremos perante
uma recessão em V, isto é, que a economia, depois de uma queda brusca irá
recuperar de imediato e de forma rápida.
O governo alemão
apresentou, no início desta semana, medidas de apoio à economia, nomeadamente
lançando garantias e avales para linhas de crédito de grande dimensão que
permitam às empresas evitar problemas de tesouraria. No entanto, está a ser
estudado um reforço de medidas, nomeadamente o aumento dos apoios já previstos
para os trabalhadores em dificuldades. Tal poderá implicar que a Alemanha venha
a assumir, pela primeira vez desde 2013, nova dívida pública, utilizando as
excepções previstas na legislação nacional que impõe a existência de um défice
zero.
A economia alemã
é a maior da zona euro e tem, ao longo dos últimos dois anos, estado próxima de
uma recessão técnica (dois trimestres consecutivos de variação negativa do
PIB), mas sempre conseguindo evitá-la. Agora com o coronavírus, a tarefa
revela-se mais difícil, tendo em conta que, para além da quebra da procura
interna, a Alemanha, com o enorme peso das suas exportações, pode vir a sofrer
de forma severa com a diminuição da procura externa vinda dos outros parceiros
da zona euro, dos EUA ou da China.
tp.ocilbup@labina.oigres
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