Catarina
Martins reconhece que cartaz polémico foi "um erro"
PÚBLICO 27/02/2016
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A
porta-voz do BE admite responsabilidades da direcção no recursos à
imagem de Jesus e diz que a mensagem "não foi compreendida".
Catarina Martins
reconheceu este sábado que o cartaz com a imagem de Cristo e as
palavras "Jesus também tinha dois pais", feito pelo Bloco
de Esquerda para assinalar a aprovação da adopção plena no
Parlamento, foi "um erro".
"Quisemos
assinalar uma conquista muito importante no campo da igualdade, uma
forma de o fazer foi a tradução de um slogan do movimento
internacional Cristão pela Igualdade, não foi compreendido e como
não foi compreendido é um erro", afirmou Catarina Martins aos
jornalistas à entrada para a sessão de encerramento do XIII
Congresso da CGTP, em Lisboa, transmitidas pela RTP3.
Questionada sobre
se a direcção do partido tinha sido consultada sobre aquela
campanha, Catarina Martins assumiu a responsabilidade, dizendo que
"tudo o que o BE faz passa pela direcção".
Mas a seguir
esvaziou a polémica: "As imagens passam, mas as conquistas pela
igualdade ficam", afirmou, pondo um ponto final na polémica.
Já na sexta-feira,
a eurodeputada Marisa Matias, questionada no Facebook sobre o cartaz,
também considerou que "saiu ao lado da intenção que se
pretendia", e por isso "foi um erro".
Este sábado, o
semanário Expresso avança que o provedor de Justiça está a
analisar uma queixa apresentada por quase três mil pessoas, contra o
cartaz, que consideram "blasfemo e ofensivo dos sentimentos
religiosos de muitos portugueses".
Depois do PÚBLICO
ter noticiado a campanha do BE na qual se inseria a imagem polémica,
as reacções sucederam-se em cadeia ao longo de toda a sexta-feira.
As maiores críticas vieram logo de manhã, pelo porta-voz da
Conferência Episcopal Portuguesa, Manuel Barbosa, que considerou a
imagem “uma afronta aos crentes”, “uma analogia sem sentido”.
Também o
cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, afirmou que a imagem
"falseia a verdade". "Com certeza que Jesus sempre se
referiu a Deus como seu pai, mas tinha uma mãe, que era Maria,
casada com José, que adoptou Jesus", disse, citado pela Agência
Ecclesia.
O CDS também não
perdeu tempo. No Parlamento, Pedro Mota Soares ressalvou que "a
liberdade de expressão” é “total", mas há que ter em
conta " a sensibilidade das pessoas". E aquela imagem é
uma "ofensa gratuita à sensibilidade de muitos portugueses".
A imagem circulou
apenas nas redes sociais, não tenho chegado a transformar-se em
cartaz, como tinha sido anunciado pelo BE. E foi nas redes sociais
que deu origem a um intenso debate e provocou o aparecimento de
muitas outras imagens humorísticas envolvendo figuras nacionais e
até dirigentes do Bloco.
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