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EDITORIAL do AVANTE
( referido na notícia em baixo )
INTERVENÇÃO
ORGANIZADA
E COMBATIVA
Como o PCP tem vindo
a afirmar e a vida continua a mostrar, os resultados das
presidenciais, apesar dos novos motivos de inquietação que
suscitaram, não alteram nem apagam os resultados das eleições de 4
de Outubro, com a derrota do PSD/CDS e com a alteração da
correlação de forças na Assembleia da República. Uma nova
correlação de forças que, com a decisiva iniciativa do PCP, criou
condições para travar a ofensiva desses partidos contra os
trabalhadores e o povo, derrotar a agressiva política de exploração
e empobrecimento imposta ao País e avançar com medidas positivas de
reposição dos direitos e rendimentos extorquidos.
Entretanto, o
processo de elaboração e apresentação pelo Governo da proposta de
Orçamento do Estado para 2016 foi acompanhado por uma nada inocente
campanha de pressões dos saudosistas da coligação e da política
derrotada em 4 de Outubro. Assistimos, nestes últimos dias, a uma
bem orquestrada operação de mistificação com abundantes análises,
comentários e coacções de todo tipo. Não em nome da defesa dos
interesses nacionais perante a vergonhosa imposição dos ditames da
União Europeia, do FMI e das agências de notação financeira, como
seria desejável. Pelo contrário, para, agitando o papão do medo e
anunciando iminentes tragédias, espalhar o desânimo, impor a
cedência e promover a submissão e a rendição incondicionais aos
ultimatos de Bruxelas.
O que preocupa PSD e
CDS e os grandes interesses que representam não é, de facto, o
crescimento económico do País, mas que o povo possa perceber que há
um caminho que pode ser diferente, que está a abrir novas
perspectivas e que já permitiu concretizar objectivos que, ainda que
limitados, conduziram à devolução de rendimentos e direitos
roubados e a dar resposta aos problemas mais imediatos dos
trabalhadores e do povo.
Avanços e
progressos que importa valorizar e consolidar, sem esquecer, contudo,
opções de fundo associados à política de direita com os quais o
Governo do PS não rompeu e que colidem com a necessidade de defesa
do interesse nacional. Entre outros, o processo e a resolução do
Banif, a ameaça de entrega do Novo Banco ao grande capital, a
privatização da CP Carga e, agora, as soluções para a TAP, que,
em vez de garantirem a recuperação pelo Estado desta empresa
estratégica, na prática legalizam o processo atentatório do
interesse nacional que o Governo PSD/CDS impôs nos seus últimos
dias de gestão.
Sobre a proposta de
Orçamento do Estado apresentado pelo Governo na AR, o PCP proferiu
uma declaração em que constata a existência no OE de um conjunto
de medidas que concretizam a «Posição Conjunta», por exemplo, de
combate à precariedade no sector público; a introdução de
deduções fiscais por filhos ou ascendentes em sede de IRS e a
actualização ainda que limitada da sua actual tabela e o
alargamento das deduções de despesas por deficiência; a introdução
da cláusula de salvaguarda do IMI. Medidas para resolução de
carências evidentes nos serviços públicos de saúde e alterações
de sentido positivo relativamente às taxas moderadoras, entre
outras. Mas também a reposição de salários na Administração
Pública; a redução e eliminação da sobretaxa de IRS; a reposição
dos complementos de reforma dos trabalhadores do SEE; o aumento ou
majoração de prestações sociais do abono de família, do
Rendimento Social de Inserção, do Complemento Solidário para
Idosos ou do Subsídio por Assistência à terceira pessoa. Isto, sem
deixar de registar limitações e insuficiências da proposta
apresentada: agravamento de impostos indirectos, insuficiência da
tributação do grande património mobiliário, inexistência de
resposta estrutural ao problema da dívida, não consideração do
aumento real do valor das pensões ou a manutenção das restrições
impostas aos trabalhadores e serviços da Administração Pública.
Apresentado o OE
pelo Governo do PS, o PCP trabalhará agora, de forma séria e
empenhada, para que ele venha a ser melhorado na especialidade.
O PCP considera que
a participação e a luta dos trabalhadores e do povo serão sempre
os factores essenciais e decisivos para defender, repor e conquistar
direitos e reafirma que, nessa luta, poderão sempre contar com a
solidariedade e acção dos comunistas e com a sua alargada e
combativa intervenção, que será sempre tanto melhor quanto mais
forte for o PCP.
Daí a atenção que
deve continuar a merecer a acção de reforço do Partido e a
dinamização da iniciativa política em todas as frentes de combate,
com particular atenção, no actual momento político, para a
campanha nacional de fundos, actividades de aniversário do Avante! e
do Partido, intervenção na frente institucional, nomeadamente no
exigente processo de acompanhamento da discussão, apresentação de
propostas e votações do OE na Assembleia da República.
Os comícios das
passadas sexta-feira e sábado, em Sacavém e na Maia, com a
participação do camarada Jerónimo de Sousa, foram expressão da
unidade, coesão e confiança que se vive no Partido. No próximo dia
15, o Avante! celebrará o seu 85.º aniversário no âmbito de uma
campanha de divulgação que percorrerá todas as organizações do
Partido e que contará já no próximo sábado com uma reunião de
quadros promovida pela Organização Regional de Lisboa que contará
com a participação do Secretário-geral do PCP e, no dia 18,
dar-se-á início à campanha nacional sobre os direitos dos
trabalhadores «Mais direitos, mais futuro. Não à precariedade».
Com a sua
intervenção organizada e combativa o PCP continuará a lutar e a
honrar os seus compromissos com os trabalhadores, o povo e o País.
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Avante!
diz que Governo do PS ainda não "rompeu" com a "política
de direita"
LUSA 13/02/2016 -
PÚBLICO
Editorial
do jornal do PCP, na edição especial que comemora o 85º
aniversário, critica as soluções do Executivo para a TAP, dizendo
que "legalizam o processo atentatório do interesse nacional"
O Avante!, órgão
de informação do PCP, partido que tem um acordo parlamentar com o
PS, defende no editorial em que assinala os 85 anos de existência
que o Governo socialista ainda não rompeu com a política de
direita.
Referindo que "o
que preocupa PSD e CDS e os grandes interesses que representam não
é, de facto, o crescimento económico do país, mas que o povo possa
perceber que há um caminho que pode ser diferente, (...) e que já
permitiu concretizar objectivos, que, ainda que limitados, conduziram
à devolução de rendimentos", o PCP destaca que são "avanços
e progressos que importa valorizar e consolidar" mas "sem
esquecer, contudo, opções de fundo associados à política de
direita com os quais o Governo do PS não rompeu e que colidem com a
necessidade de defesa do interesse nacional".
Os comunistas citam
como exemplos "o processo e a resolução do Banif, a ameaça de
entrega do Novo Banco ao grande capital, a privatização da CP Carga
e, agora, as soluções para a TAP".
Para o PCP, as
referidas soluções para a TAP "em vez de garantirem a
recuperação pelo Estado desta empresa estratégica, na prática
legalizam o processo atentatório do interesse nacional que o Governo
PSD/, CDS impôs nos últimos dias de gestão".
O semanário do PCP
destaca ainda na sua última edição datada de 11 de fevereiro os 85
anos do jornal com duas páginas centrais.
Ainda sobre esta
edição número 2.202, o diretor Manuel Rodrigues disse à Lusa que
aborda "diferentes aspectos da intervenção do PCP, porque é o
órgão central do PCP, valorizando toda a dinâmica desenvolvida por
este partido nas várias instâncias em que intervém, designadamente
nas instituições como a Assembleia da República, no Parlamento
Europeu, nas autarquias locais, nas Assembleias Legislativas
Regionais da Madeira e dos Açores. Toda essa dinâmica e depois
também a sua intervenção no estimulo à luta de massas".
O jornal recorda
ainda que foi o que se publicou durante mais anos, de forma
ininterrupta, na clandestinidade.
A este propósito,
Manuel Rodrigues sublinhou que foi "o jornal a nível mundial
que mais aguentou em tempos de clandestinidade sempre escrito,
impresso e distribuído em Portugal através de esquemas vários, que
levaram o Avante! a ter edições de mais de 10 mil exemplares que
eram de facto distribuídos".
Depois do 25 de
Abril de 1974, que derrubou o regime que tinha ilegalizado esta
publicação, o Avante! foi legalizado a 17 de Maio desse ano e o
primeiro número teve uma distribuição de 500 mil exemplares: "Uma
coisa absolutamente espantosa", afirmou o actual director.
Questionado se em
democracia o jornal continua a ser uma forma de resistência, Manuel
Rodrigues respondeu afirmativamente: "Virada a página da
ditadura para a democracia vivemos um período revolucionário que o
Avante acompanhou estimulando uma série de conquistas de direitos
(...) e afirmação desses direitos e desses avanços e depois, a
partir de dada altura no retrocesso da própria história, num
processo que consideramos de reversão das conquistas
revolucionárias, de contra revolução de facto, o Avante passou a
uma atitude de resistência e de luta com os trabalhadores e com o
povo português", concluiu.
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