Forças
especiais francesas combatem o Estado Islâmico na Líbia
PÚBLICO 24/02/2016
- PÚBLICO
O
jornal Le Monde diz que há uma guerra secreta no país do Norte de
África e que o Governo de Paris se prepara para o caso de ter de
haver um conflito "aberto".
Soldados de forças
de intervenção especiais francesas estão a combater o
autoproclamado Estado Islâmico na Líbia, revela o Le Monde. Esta
"guerra discreta" está a ser travada com "ataques
cirúrgicos" e visa impedir a implantação e travar a
progressão do grupo jihadista neste país do Norte de África,
explicou ao jornal uma fonte do Ministério da Defesa francês.
Nas últimas
semanas, os serviços secretos ocidentais revelaram que o Estado
Islâmico (EI) está a reforçar a sua presença na Líbia de duas
formas: concentrando ali cada vez mais combatentes e enviando para lá
chefias militares consideradas estratégicas para as operações do
grupo. Os combatentes serão já entre três mil e cinco mil e
chegaram do Iraque, tendo a sua movimentação sido decidida pelo
líder do EI, Abu Bakr Al-Baghdadi, segundo o Monde. O grupo inicial
está a crescer com o recrutamento dentro da Líbia.
As chefias militares
encontraram na Líbia – em concreto na cidade de Sirte – um porto
seguro num momento em que o grupo começou a perder terreno no
autoproclamado califado que se estende da Síria ao Iraque. No
enatnto, existe o receio de que esteja a ser preparada uma expansão
territorial na Líbia, o que daria ao EI acesso a mais petróleo e
(pela primeira vez) ao mar.
O eventual acesso do
EI ao mar foi considerado de muito alto risco. "Preparamo-nos
para cenários difíceis em mar", disse outra fonte, esta do
Estado-Maior da Marinha francesa.
As operações
"cirúrgicas" estão a ser realizadas pelas forças
especiais e têm o aval dos governos dos Estados Unidos e do Reino
Unido. Mas há um segundo nível de operações, classificadas como
"clandestinas", revelam as fontes do Monde, que envolve as
forças da Direcção-Geral da Segurança Externa. A intervenção
dos militares no terreno foi aprovada pelo Presidente francês,
François Hollande, e os soldados foram posicionados na Líbia em
meados de Fevereiro.
A França está
também a realizar uma operação de vigilância aérea na Líbia
através do uso de "meios convencionais". As informações
obtidas são partilhadas com os parceiros na luta contra o Estado
Islâmico e dessa cooperação já resultaram três bombardeamentos
aéreos dos Estados Unidos contra alvos do grupo jihadista na Líbia.
O último, a 19 de Fevereiro, resultou na morte de mais um líder do
EI, o tunisino Noureddine Chouchane, juntamente com mais 50 pessoas.
"A última
coisa a fazer é uma intervenção na Líbia", disse a fonte do
Ministério da Defesa francês. "É preciso evitar um conflito
militar aberto, pelo que temos de agir muito discretamente",
acrescentou.
A última
intervenção estrangeira no país, em 2011, ajudou a derrubar o
regime de Muammar Khadafi, mas também destruiu a estrutura
institucional do país, onde hoje proliferam milícias que agem por
conta própria e há dois governos.
Outra fonte do
jornal francês disse que toda a estratégia de intervenção
francesa na Líbia tem um segundo objectivo, além de querer impedir
a implantação do Estado Islâmico: são acções de preparação
para o futuro, caso esta guerra discreta e quase secreta tenha de
evoluir para uma "guerra aberta".
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