Ministério
do Ambiente abre processos-crime por poluição do Tejo
Três
das 58 empresas inspecionadas esta semana pelas autoridades
ambientais são alvo de um ultimato. Duas poderão cessar funções
se não cumprirem as regras ambientais e duas enfrentam um processo
crime. Uma delas enfrenta as duas ameaças
CARLA TOMÁS /
EXPRESSO
18.02.2016 às 16h10
A Inspeção-Geral
do Ambiente (IGAMAOT) pediu ao Ministério Público a abertura de
inquéritos criminais a duas empresas suspeitas de poluírem o rio
Tejo e determinou a abertura de dois "novos mandados" de
busca a duas onde "foram detetadas infrações contra o
ambiente", informa o Ministério do Ambiente em comunicado
enviado esta quinta-feira às redações.
Se não cumprirem os
prazos estipulados pelos inspetores para corrigirem a situação,
duas das três empresas em causa poderão ser "encerradas".
Sobre a terceira pende apenas um novo mandado para averiguar os
incumprimentos ambientais.
O Ministério do
Ambiente não identifica as empresas, mas o Expresso apurou que duas
se localizam em Vila Velha de Ródão e uma em Mora e que, para já,
foram identificadas pela Inspeção-Geral do Ambiente como as maiores
infratoras entre as 58 empresas investigadas nos últimos dias, na
sua maioria localizadas na bacia do Tejo.
Nos último mês, o
ministro João Matos Fernandes homologou 120 processos da IGAMAOT que
estavam "pendentes desde Agosto", 30 dos quais relacionados
com entidades localizadas junto a este rio ou seus afluentes. Estas
homologações dos processos terão permitido avançar com as
diligências agora anunciadas.
Há duas semanas, o
Ministério do Ambiente informara ter feito um ultimato à empresa
Centroliva para que esta adotasse em cinco dias "medidas
urgentes" para limpar terras contaminadas e mais 30 dias para
“exercer a sua atividade sem incumprimentos ambientais”. Esta
fábrica que processa bagaço e produz energia a partir de biomassa,
junto à Ribeira do Açafal, em Vila Velha de Ródão, está
identificada como uma infratora recorrente.
Outra das empresas a
que foram exigidas no início de fevereiro “medidas adicionais para
cumprimento das condições de descarga” foi a empresa de pasta de
papel Celtejo.
BE INTERROGA
MINISTRO
Na sequência das
últimas audiências parlamentares sobre a recorrente poluição do
Tejo, o Bloco de Esquerda dirigiu esta semana um conjunto de
perguntas ao ministro João Matos Fernandes, entre as quais: "Que
medidas tomou ou prevê tomar o Governo para impedir que os
investimentos previstos pela Celtejo só ocorram em 2019-2020, e não
mais cedo como havia sido determinado?" E quais as entidades
“notificadas para a adoção das medidas consideradas necessárias
para a resolução dos problemas detetados” que já executaram as
medidas indicadas?".
Outra das
interrogações dos bloquistas equaciona o acesso público, em tempo
real, aos dados da monitorização em contínuo dos despejos para o
rio feitos pelas empresas.
Ainda não há
respostas do ministro do Ambiente para estas questões, nem sobre que
posição tomará o Governo nas negociações com Espanha sobre os
caudais do Tejo, tendo em conta que em 2015 a falta de água em
vários troços do rio agravou os problemas de poluição.
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