Cervejaria
Solmar passou a estar em vias de classificação
JOSÉ ANTÓNIO
CEREJO 26/02/2016 - PÚBLICO
Além
da Solmar foi anunciado o início do processo de classificação
patrimonial do antigo liceu Maria Amália, em Lisboa
A partir de agora a
cervejaria Solmar, incluindo todo o mobiliário e decoração, estão
protegidos pela Lei de Bases do Património Cultural. De acordo com
um anúncio publicado no Diário da República na quinta-feira, o
estabelecimento da Rua das Portas de Santão, em Lisboa, vai ser alvo
de um procedimento de classificação, o que lhe atribui, desde já,
as mesmas protecções legais de que gozam os bens patrimoniais
classificados.
Na mesma edição do
Diário da República foi anunciada a abertura do processo de
classificação do antigo Liceu Feminino de Maria Amália Vaz de
Carvalho, situado na Rua Rodrigo da Fonseca, também em Lisboa.
O início destes
processos, do qual os interessados podem reclamar, ou recorrer,
implica que quaisquer intervenções que sejam feitas naqueles
imóveis, e numa zona de protecção de 50 metros, ficam sujeitas às
restrições previstas na lei e dependem da aprovação prévia da
Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC).
Uma vez iniciados
estes procedimentos, a DGPC dispõe de um ano, prorrogável por mais
quatro meses, para os concluir, determinando então a classificação
definitiva, ou o arquivamento dos processos.
No caso da
Cervejaria Solmar, a decisão da DGPC vem tranquilizar os defensores
do património da cidade que receiam a possibilidade de o
estabelecimento – encerrado há um mês para férias e obras de
conservação, segundo a empresa proprietária – vir a ser objecto
de projectos que o adulterem.
A Solmar foi fundada
em 1956 por dois irmãos de origem galega e tornou-se uma casa
emblemática em grande parte devido à sua arquitectura e decoração.
Nas suas paredes avultam os azulejos de José Pinto, enquanto o
mobiliário tem a assinatura José Espinho, da antiga Fábrica de
Movéis Olaio.
A classificação da
cervejaria foi requerida formalmente há perto de três anos por
Carlos Moura – agora vereador do PCP na Câmara de Lisboa –, que
então preparou e apresentou à DGPC um dossier e um requerimento com
esse objectivo. “O que espero agora é o que esperava quando fiz o
pedido. É que este espaço possa ser dignificado e preservado como
objecto cultural de enorme interesse histórico artístico”, disse
Carlos Moura ao PÚBLICO.
A Solmar está
instalada no piso térreo do edifício do Ateneu Comercial de Lisboa,
uma associação criada em 1880 por um grupo de trabalhadores do
comércio que foi declarada insolvente em 2012. O futuro desta
centenária instituição cultural e de ensino, e do seu património,
está agora ameaçado pelo processo de insolvência.
Por isso mesmo foi
este mês lançada uma petição na Internet, dirigida à Assembleia
da República, em que se defende a manutenção do Ateneu como
instituição “fiel aos seus objectivos” e capaz de resistir à
“especulação imobiliária e outros interesses incompatíveis com
os propósitos com que foi imaginado e mantido”. A petição tem
neste momento 1745 assinaturas.
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