Câmara
de Lisboa prepara pacote de apoios para as Lojas com História
O
município já definiu quais serão os critérios para atribuir esta
distinção, que numa fase inicial deverá abranger 35 lojas
Inês Boaventura /
20-2-2016 / PÚBLICO
A Câmara de Lisboa
já definiu os critérios que os estabelecimentos comerciais da
cidade terão de cumprir para serem distinguidos como Lojas com
História. Para aqueles que receberem a menção, o município está
a preparar “um pacote financeiro e um conjunto de medidas de
apoio”, com os quais pretende contribuir para “a preservação e
salvaguarda da sua actividade”.
Isso mesmo foi
transmitido ao PÚBLICO pelo vice-presidente da autarquia, a quem
está entregue o pelouro da Economia. Segundo Duarte Cordeiro, o
“leque de medidas” de que poderão vir a beneficiar as Lojas com
História será apresentado “nos próximos meses”, e poderá, por
exemplo, incluir a atribuição de apoios para a promoção de
actividades culturais ou para a reabilitação e o restauro dos
estabelecimentos.
Com vários meses de
atraso face àquilo que estava previsto, a câmara discute na
quarta-feira uma proposta que visa “aprovar a definição dos
critérios para atribuição da distinção Lojas com História”.
Em paralelo, o executivo municipal propõe a aprovação das “normas
de concretização” deste programa, que foi lançado em Fevereiro
de 2015 e cujos resultados tardam em aparecer. Em relação aos
critérios, que poderão ser aplicados tanto a lojas de retalho como
a estabelecimentos de restauração e bebidas, eles serão divididos
em três “núcleos”: “actividade”, “património material”
e “património cultural e histórico”. Para ser distinguido, um
estabelecimento terá de “cumprir mais de 50% dos critérios”.
Dentro do primeiro
núcleo serão valorizados a “longevidade” das lojas (que terá
de ser superior a 25 anos), o seu “significado para a história
comercial da cidade”, a “existência de oficinais e/ou produção
própria”, a “produção nacional” (que tem que ver com o uso
de produtos portugueses) e o facto de os estabelecimentos terem um
“produto identitário e/ou existência de marca própria”.
Quanto ao
“património material”, serão tidos em conta o “património
artístico e/ou projectado”, o “espólio/acervo” e a
“salvaguarda e divulgação”. Finalmente, no âmbito do
“património cultural e histórico” haverá também um critério
relativo à “salvaguarda e divulgação”, além de um outro
ligado ao facto de as lojas em causa serem “referências na memória
colectiva dos cidadãos”.
Como se lê num dos
anexos da proposta, assinada pelos vereadores Duarte Cordeiro, Manuel
Salgado (Urbanismo) e Catarina Vaz Pinto (Cultura), aquilo que a
câmara pretende com esta iniciativa é “incentivar a manutenção
e reabilitação” das Lojas com História, “que se destacam pelas
suas características únicas e pelo reconhecido valor para a
identidade da cidade de Lisboa”.
Este programa
municipal contempla a criação de um grupo de trabalho, na
dependência do vicepresidente da câmara, ao qual caberá fazer a
“apreciação de todos os processos de atribuição da distinção
Lojas com História” e a “abertura de processos de distinção”,
seja por iniciativa própria, dos vereadores ou do conselho
consultivo deste programa. Será também competência do grupo fazer
a “apresentação de propostas de novas medidas de apoio e
incentivo às lojas distinguidas” e de “novas medidas de
divulgação e promoção” das mesmas.
Além disso, o grupo
será chamado a emitir um “parecer prévio não vinculativo”
quando estiverem previstas “operações urbanísticas que tenham
impacto directo sobre as lojas distinguidas”, sendo ainda sua
incumbência “propor à Direcção Municipal de Cultura a abertura
de procedimentos de classificação do imóvel, mobiliário, outros
elementos do espólio e/ou de bens imateriais como de Interesse
Municipal”.
No site da câmara
diz-se, numa publicação a propósito deste programa, que numa fase
inicial serão escolhidas 35 Lojas com História. Sem avançar quais
são, Duarte Cordeiro explica que estão em causa “casos evidentes,
que respondem com bastante margem aos critérios” agora
estabelecidos. Após esse primeiro lote de distinções, diz, os
lojistas poderão apresentar candidaturas ao município.
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