Mapa obtido pelo satélite CryoSat com as perdas (a vermelho)
e os ganhos (a azul) de gelo na Antárctida entre 2010 e 2013 CPOM/Leeds/ESA
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Satélite CryoSat revela que a Antárctida está a
derreter-se cada vez mais
Marta Lourenço
19/05/2014 - PÚBLICO
Entre 2010 e 2013, o continente branco perdeu por ano
160.000 milhões de toneladas de gelo, que desapareceram para o oceano.
As alterações climáticas estão a tornar-se cada vez mais
visíveis na Antárctida. O satélite CryoSat, lançado pela Agência Espacial
Europeia (ESA) em 2010, com um sistema de radar inovador, esteve a medir nos
últimos três anos as camadas de gelo do continente branco. Os dados recolhidos
permitem agora concluir que, entre 2010 e 2013, se perderam cerca de 160.000
milhões de toneladas de gelo por ano – o que é o dobro registado em medições
anteriores, por outros satélites, entre 2005 e 2010.
Só as últimas perdas de gelo são suficientes para aumentar
cerca de 0,43 milímetros por ano o nível médio global do mar, refere um
comunicado da ESA desta segunda-feira sobre o estudo, publicado na revista
Geophysical Research Letters.
A altura das camadas de gelo sofre oscilações, consoante
ganhe massa com a queda de neve ou a perca com o degelo. Os cientistas
dividiram o continente branco em três regiões: Leste da Antárctida, Antárctida
Ocidental e Península Antárctica. O Leste da Antárctida é onde o degelo é
menor: só estão a derreter-se por ano 3000 milhões de toneladas, desde 2010, o
que pode considerar-se uma situação estável.
Já a Península Antárctica aqueceu repentinamente: nos
últimos 50 anos a temperatura média anual do ar subiu 2,5 graus Celsius. Ora
nesta região, o CryoSat registou a perda, desde 2010, de 23.000 milhões de
toneladas de gelo anuais.
Mas é a Antárctida Ocidental que regista agora a maior das
reduções, com 134.000 milhões de toneladas por ano. Os investigadores já a
consideravam a região mais vulnerável ao degelo. Portanto na totalidade, todas
as regiões da Antárctida estão a perder 160.000 milhões de toneladas de gelo
por ano para o oceano, desde 2010.
“Descobrimos que o degelo continua a ser mais pronunciado na
Antárctida Ocidental, através de gelo que escoa rapidamente para o Mar de
Amundsen”, diz Malcolm McMillan, do Centro para a Observação e Modelação Polar
da Universidade de Leeds, no Reino Unido, citado no comunicado da ESA.
Na Antárctida Ocidental, os glaciares de Pine Island,
Thwaites e Smith são dos mais ameaçados – por exemplo, o último está a derreter
ao ritmo de nove metros por ano, refere a BBC online.
“O CryoSat permite-nos ter uma nova compreensão de como a
Antárctida mudou nos últimos três anos e estudar quase todo o continente”,
sublinha Malcolm McMillan à BBC online.
“A contribuição crescente da Antárctida para o aumento do
nível do mar é um problema global. Precisamos de usar todas as técnicas
disponíveis para compreender onde e que quantidade de gelo está a perder-se”,
comenta por sua vez David Vaughan, dos Serviços Antárcticos da Grã-Bretanha, e
que não esteve envolvido no estudo.
Texto editado por Teresa Firmino
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