Até 2016 o município deverá contratar mais 150
trabalhores para a recolha do lixo. Sindicato diz que isso não resolverá o
problema
|
Câmara decide contratar
cantoneiros e admite que isso não resolve problemas
Os vereadores da Câmara de Lisboa aprovaram uma tomada de posição em que se
mostram favoráveis à reorganização do dispositivo da PSP e insistem na entrega
do policiamento do trânsito à autarquia
“Ando na cidade e constato bem qual é a situação”, disse António Costa,
referindose ao facto de o problema do lixo estar por resolver
Inês Boaventura /
PÚBLICO / 29-5-2014
O vice-presidente
da Câmara de Lisboa anunciou ontem que vão ser contratados, até 2016, 150
cantoneiros. Ainda assim, Fernando Medina admitiu que é preciso fazer mais para
suprir as “dificuldades” que se vêm sentindo na recolha de lixo na capital,
dado que estas não se resolvem “simplesmente colocando mais recursos em cima do
problema”.
“Há dificuldades
resultantes de opções que têm de ser tomadas do ponto de vista operacional,
dificuldades decorrentes da necessidade de correcção e ajustamento em função do
processo de transferência de competências para as freguesias e dificuldades
decorrentes da avaliação de recursos. Convém não confundir as coisas”, afirmou
o vereador socialista. Fernando Medina acrescentou que os 50 cantoneiros que
vão ser contratados ainda este ano vão “colmatar o processo de reforma” de
outros tantos profissionais da área.
Tanto o
presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa, Vítor Reis,
como o vereador do PCP João Ferreira consideraram que as contratações
anunciadas durante a reunião camarária de ontem não são suficientes. “Não vão
resolver problema absolutamente nenhum”, disse o autarca, lembrando que “há
quase seis vezes mais vagas por preencher no mapa de pessoal do município”.
O próprio
presidente da Câmara de Lisboa reconheceu que os 150 cantoneiros não vão
“suprir as falhas de recursos humanos”, mas disse que este é o número possível
atendendo a que “as receitas do município não têm estado propriamente
reluzentes”.
António Costa,
que durante a campanha para as últimas autárquicas defendeu que as queixas dos
cidadãos relativas à higiene urbana iriam diminuir com a transferência de
competências para as juntas de freguesias, reconheceu a existência de problemas
a este nível: “Ando na cidade e constato bem qual é a situação”, admitiu.
Para o vereador
António Prôa, que levou para a reunião uma série de fotografias que mostravam
lixo acumulado junto a vidrões e em redor de caixotes, a explicação para esta
realidade reside no facto de o município não ter tido “capacidade de
antecipação das consequências do processo de transferência para as freguesias”.
“A câmara não se soube adaptar às novas circunstâncias”, criticou o eleito do
PSD.
“O problema é por
demais evidente, é conhecido de todos, é grave e urge ser resolvido”, defendeu
António Prôa. Quanto à actuação das juntas de freguesia, que passaram a ser responsáveis
pela lavagem e varredura das ruas, o vereador considera que estas “têm, com
mais ou menos dificuldades, sido capazes de dar resposta às novas
necessidades”.
Nesta reunião foi
aprovada uma tomada de posição, na qual a Câmara de Lisboa manifesta “a sua
concordância com a reorganização do dispositivo da PSP na cidade de Lisboa,
conforme apresentada pelo Governo e pela Direcção Nacional da PSP, no
pressuposto do cumprimento das linhas orientadoras e das medidas operacionais
que lhe estão subjacentes, nomeadamente o aumento de polícias nas ruas”. No
documento, o município aproveita para voltar a pedir ao Governo que lhe atribua
a tutela da Divisão de Trânsito e que transfira “agentes da PSP, devidamente
formados” para a Polícia Municipal.
O PCP votou contra
a totalidade da proposta, enquanto os dois eleitos dos Cidadãos por Lisboa se
abstiveram no primeiro ponto.
“Mais importante
do que as quatro paredes de uma esquadra, é o aumento do dispositivo policial
nas ruas”, sustentou o vereador da Segurança, Carlos Castro, sublinhando que
estão em causa “267 efectivos que a câmara quer que a PSP passe para a rua”.
“É enganar as
populações a ideia de que uma esquadra aberta melhora a segurança”, disse
também António Costa, considerando que a proposta que está agora em cima da
mesa, depois de negociações da autarquia com o Governo, “está francamente
melhorada” face à proposta inicial.
Segundo o texto
da tomada de posição agora aprovada, em Santa Maria Maior fecharão duas
esquadras e abrirá uma nova (e uma outra dará lugar à sede da Divisão de
Segurança a Transportes Públicos), em Santo António e Arroios fecharão três e
abrirá uma, na Misericórdia já fechou uma, em Marvila fecharão três e abrirá
uma, em Campolide fecharão duas e abrirá uma, em Carnide fecharão três e abrirá
uma, em Alcântara fecharão duas e abrirá uma e no Lumiar uma esquadra será
“recentralizada” e outra passará a Divisão de Trânsito.
“Procuram-nos
convencer que quando fecham esquadras a segurança aumenta”, reagiu João
Ferreira, acusando o executivo de António Costa de com isto “dar mais um aval
ao Governo para cortar a direito nos direitos das populações”. “Esta
reorganização nada contribui para a segurança das populações”, acrescentou
Carlos Moura, também vereador do PCP.
Sem comentários:
Enviar um comentário