Porto candidata a fundos
comunitários grande projecto de animação no Centro Histórico
ABEL COENTRÃO
18/05/2014 - PÚBLICO
Candidatura tem um valor elegível de 1,2 milhões de euros e inclui grandes
criações artísticas, residências, e pequenos projectos que valorizem o
património material e imaterial do Centro Histórico.
A Câmara do Porto
pretende virar de novo os holofotes para o Centro Histórico. Por isso, a
empresa municipal Porto Lazer candidatou a fundos comunitários uma grande
operação que, a ser aprovada, garantirá dois anos recheados de eventos
culturais e animação na área classificada como Património da Humanidade. Proposta
dois anos depois do Manobras, a operação Porto Património Colectivo está
desenhada para um investimento de 1,2 milhões de euros, um milhão dos quais
poderá vir do Programa operacional ON.2.
Entre grandes
criações artísticas, pequenos projectos, residências criativas e “grandes
acções de envolvimento da população”, a ambição de fazer mexer esta parte da
cidade é grande. A iniciativa ainda não tem todos os seus contornos definidos,
mas as linhas gerais vão ser apresentadas amanhã na reunião de Câmara, que
votará a aprovação da despesa plurianual a realizar pela Porto Lazer. É um
trâmite burocrático necessário, neste processo que ainda está nas mãos da
equipa de gestão do programa regional, cuja decisão deve ser conhecida
brevemente.
Se conseguir as
verbas propostas na candidatura, a Porto Lazer pretende dispender 483 mil euros
em “Grandes Criações”, definidas como os projectos-âncora deste programa que
começará ainda em 2014 e se prolongará pelo ano de 2015, até ao fecho de contas
do actual quadro comunitário. Na memória descritiva, a empresa municipal
explica que estas criações – exposições, concertos, recriações, e outros
eventos mediatizáveis – “devem ser concebidas com o objectivo de atracção de
novos públicos, através de novos conteúdos desenhados especialmente para o
território do Centro Histórico”. O objectivo é “contribuir para a descoberta do
valor patrimonial” desta área da cidade, “dinamizando espaços e percursos menos
conhecidos do grande público”, lê-se.
A autarquia
pretende também pôr alguns espaços de grande valor patrimonial e outros, pelo
contrário, devolutos ou subutilizados, à disposição de artistas que neles
queiram desenvolver as suas criações. Estas residências têm um orçamento
previsto de 72 mil euros, devem perdurar, pelo menos, um mês e envolver a
população residente. Por outro lado, vão ser feitos convites públicos à
apresentação de pequenos projectos de valorização artística, social, turística
e cultural do centro histórico do Porto, principalmente nos seus aspectos mais
simbólicos e imateriais. Para esta vertente, o orçamento apontado é de 150 mil
euros. Um pouco mais do que os 149 mil euros previstos para a contratação de
três técnicos para apoio operacional à execução de todo o projecto.
Bem maior, 290
mil euros, é a fatia reservada para as chamadas “Grandes acções de
envolvimento, activação e promoção”, com as quais a Porto Lazer pretende
“divulgar e promover” o património da área em causa, “com enfoque no Morro da
Sé e Eixo Mouzinho/Flores”, criando uma notoriedade que o posicione como
“território atractivo para a produção de conteúdos criativos”. Os restantes 77
mil euros previstos nesta candidatura seriam para avaliação e monitorização dos
eventos e para a promoção de acções de voluntariado, para apoio às várias
acções previstas.
“A arquitectura
do Centro Histórico do Porto já é tida pelos turistas como o ponto mais
atractivo da cidade. A oferta de um programa cultural excepcional, assente na
nova criação e fortemente entrosado com a expressão cultural das comunidades
residentes, poderá ser um excelente indutor para o aumento desta procura, em
termos quantitativos e qualitativos, ao mesmo tempo que compromete os
habitantes do território na sua salvaguarda e valorização”, defende a maioria
liderada por Rui Moreira, na proposta que vai esta terça-feira à reunião de
câmara.
O herdeiro do
Manobras
Este projecto que
a Porto Lazer apresentou ao Programa Operacional Regional segue, com maior
ambição e prolongamento no tempo, a filosofia do Manobras. Em dois períodos
curtos de 2011 e 2012 este projecto apoiou inúmeras iniciativas de animação e
valorização do Centro Histórico do Porto, tendo terminado, em Outubro de 2012,
com o afundamento, no mar, de uma barca em cujo interior foram guardadas, e
seladas, recordações da cidade naquele ano.
A bARCA da
Memória vai ser aberta daqui a 98 anos (porque dois já passaram, ou quase,
entretanto). Lá dentro seguiram cartas, muitas cartas, mas também CD,
fotografias, sameiras, porta-chaves, tesouras e até as estatísticas criminais
do Porto do ano anterior, entregues pelo Comando Metropolitano da PSP. O
projecto, difícil de concretizar por problemas no afundamento da barca, foi
imaginado por José Carretas e posto em prática, na altura, pela associação
cultural Panmixia.
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