Emel quer investir 40 milhões em
parques e na expansão das zonas tarifadas
INÊS BOAVENTURA
26/05/2014 - PÚBLICO
A partir de 13 de Junho será possível pagar o estacionamento na via pública
com o telemóvel.
A Empresa Pública Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (Emel)
prevê criar oito novos parques de estacionamento e passar a explorar mais 12
mil lugares à superfície em várias zonas da cidade. Em causa está um
investimento de cerca de 40 milhões de euros, que o recentemente reconduzido
presidente do conselho de administração da empresa quer concretizar até 2017.
Alvalade,
Arroios, Amoreiras, Rato, Lapa, Bairro Alto, Castelo e Campo das Cebolas são os
locais onde os novos parques, com um total estimado de 1.789 lugares, vão ser
construídos. António Júlio de Almeida, presidente da Emel, explica que vários
destes equipamentos destinam-se a colmatar carências de estacionamento em zonas
residenciais, e acrescenta que mesmo aqueles que têm uma finalidade diversa,
como o do Rato (que pretende funcionar como “dissuasor” da entrada de veículos
privados na área da Avenida da Liberdade/Baixa), “terão sempre uma componente
residencial”.
Em 2012, segundo
dados do Relatório e Contas desse ano, a Emel tinha uma oferta de
estacionamento em parques de quase quatro mil lugares. Já na via pública, o
número de lugares geridos por esta empresa da Câmara de Lisboa era superior a
43 mil.
Nos próximos três
anos, a ambição do conselho de administração é aumentar esse número em 12 mil,
com a expansão da actividade para artérias de zonas tão diversas como Carnide,
Benfica, Laranjeiras, Avenida da Igreja, Alameda, Anjos, Socorro, Campo de
Ourique, Lapa, Madragoa e Parque das Nações. António Júlio de Almeida sublinha
que, muitas vezes, são os próprios moradores e os presidentes das juntas de
freguesia quem pede à Emel que passe a actuar numa determinada área.
O presidente da
empresa, que em 2012 apresentou um resultado líquido de 1,998 milhões de euros,
frisa que o investimento de 40 milhões de euros em causa deverá ser feito “com
pouco recurso ao crédito”. A menos, admite, em entrevista ao PÚBLICO, que a
Câmara de Lisboa assuma a gestão da Carris e do Metropolitano de Lisboa e que
as receitas provenientes do estacionamento venham, como já admitiu António
Costa, a ser usadas para o seu financiamento.
“Os nossos
recursos estão à disponibilidade da câmara, para ajudar a financiar” essas
empresas, diz António Júlio de Almeida, reconhecendo que, se tal vier a
acontecer, então será necessário a Emel contrair empréstimos bancários mais
avultados para suportar os investimentos previstos. Uma possibilidade que não
preocupa o economista, que garante que a empresa tem “uma capacidade muito
grande de encaixe”.
Há cerca de três
meses, a decisão do presidente da Câmara de Lisboa de reconduzir António Júlio
de Almeida como presidente da EMEL provocou uma cisão na maioria que governa o
município: os dois vereadores do Cidadãos por Lisboa votaram contra por fazerem
uma avaliação negativa do seu trabalho. Antes, também o ex-vereador da
Mobilidade, Fernando Nunes da Silva, que pertence ao mesmo movimento, criticara
o economista, acusando-o de, com a sua “resistência à mudança”, ter levado ao
“sucessivo protelamento da concretização” de uma série de projectos.
António Júlio de
Almeida refuta essas críticas e, sem querer entrar em pormenores, garante estar
em “total sintonia” com António Costa, que depois das últimas eleições
autárquicas assumiu a tutela da empresa de estacionamento. “Somos uma empresa
internacionalizada, que produz resultados, organizada e diversificada em termos
de actividade”, resume o economista, lembrando que, em 2009, quando assumiu o
cargo, a Emel estava “falida”.
O presidente da
empresa garante que continua empenhado na criação de uma rede de bicicletas
eléctricas de uso partilhado, mas diz que o modelo cuja concretização chegou a
ser anunciada pelo então vereador Nunes da Silva tinha problemas ao nível
técnico e jurídico. Segundo António Júlio de Almeida, estava em causa um
investimento municipal de 1,4 milhões de euros.
Até Setembro, mês
em que se assinala a Semana Europeia da Mobilidade, António Júlio de Almeida
espera ter novidades sobre esse tema e sobre um outro: a introdução de um novo
sistema de gestão de cargas e descargas. Em ambos os casos, a solução a
desenvolver deverá passar pelo lançamento de concursos públicos. Já para pagar
o estacionamento através do telemóvel será preciso esperar muito menos tempo,
dado que essa possibilidade passará a estar disponível a partir do dia 13 de
Junho.
Estacionamento em
segunda fila "tem vindo a diminuir"
Pouco mais de um
ano depois de ter anunciado que iria reforçar o combate ao estacionamento em
segunda fila num conjunto de 20 artérias do centro da cidade, a Emel considera
que este fenómeno “tem vindo a diminuir, como resultado da insistência da
fiscalização, tanto através dos apeados como, essencialmente, pela frequente
passagem dos reboques”.
Esta foi a
avaliação transmitida ao PÚBLICO pela empresa, juntamente com um gráfico no
qual se mostra o número de contra-ordenações, de desbloqueamentos e de remoções
de veículos em segunda fila ocorridos em cada mês, entre Janeiro de 2012 e
Abril deste ano. Nele é visível que foi no primeiro desses meses que houve mais
contra-ordenações aplicadas (294) e mais carros bloqueados (91). Já o mês com
mais remoções (18) foi Fevereiro de 2013, que foi aquele em que a Emel anunciou
que iria reforçar a fiscalização.
Durante o ano de
2012, o número de contra-ordenações ultrapassou, na maioria dos meses, as duas
centenas, enquanto no ano seguinte isso só ocorreu em Fevereiro. Comparando
2013 com 2014, verifica-se que o número de desbloqueamentos tem vindo a cair
significativamente e que também as remoções vêm decaindo desde meados do ano
passado. É com base nestes dados, e também nos relatos que lhe são transmitidos
pelos funcionários que trabalham no terreno, que a Emel conclui que “o número
de infracções tem vindo a diminuir”.
“Enquanto cidadão
que anda pela cidade, acho que a situação está melhor nalgumas artérias. Nas
ruas em que centrámos a nossa acção, claramente”, avalia o presidente do
conselho de administração da empresa. Ainda assim, António Júlio de Almeida
reconhece que “acabar com a segunda fila é impossível”, e lembra que “a atitude
dos condutores” é fulcral.
Em breve, a
empresa da Câmara de Lisboa deverá lançar uma nova página na Internet, que o
seu presidente pretende que seja “mais interactiva” e que disponibilize mais
informações. Também prevista está a criação de “um clube Emel”, que, segundo
António Júlio de Almeida, permitirá que quem se lhe associar ganhe “benefícios”
em troca de pontos acumulados com serviços prestados pela empresa, incluindo
estacionamento e aluguer de bicicletas em alguns dos seus parques de
estacionamento.
Sem comentários:
Enviar um comentário