Para que esta peça jornalística fosse mais equilibrada, a respectiva repórter deveria ter tido o cuidado de falar com os moradores da zona ... e avaliar as consequências de "toda esta dinâmica" baseada exclusivamente num conceito de "cidade" como palco de eventos, Happenings e afins ... para uma zona residencial onde MORA GENTE ...
Afirmar, de passagem, que a Rua Rosa só tem 3 moradores, confirma aliás que a "regeneração" é baseada apenas em estratégias de curto prazo, e no efémero ... sem tentar desenvolver um equílibrio estável e duradouro com a mais importante função da cidade : a Residencial.
Se a jornalista tivesse investigado sociológicamente a área, ter-se-ia apercebido que MORAM na envolvente um grande número de pessoas expostas diáriamente às "dinâmicas" descritas de forma tão "empolgante" pela mesma.
De resto o Largo de S. Paulo constitui no seu TODO o ARQUÉTIPO do Pombalino, tal como foi concebido por Eugénio dos Santos e Carlos Mardel.
Impõe-se um Restauro de Exteriores e INTERIORES rigoroso e seguindo as normas internacionais.
http://ovoodocorvo.blogspot.nl/2012/01/agora-que-depois-de-varias-criticas-o.html
António Sérgio Rosa de Carvalho
Afirmar, de passagem, que a Rua Rosa só tem 3 moradores, confirma aliás que a "regeneração" é baseada apenas em estratégias de curto prazo, e no efémero ... sem tentar desenvolver um equílibrio estável e duradouro com a mais importante função da cidade : a Residencial.
Se a jornalista tivesse investigado sociológicamente a área, ter-se-ia apercebido que MORAM na envolvente um grande número de pessoas expostas diáriamente às "dinâmicas" descritas de forma tão "empolgante" pela mesma.
De resto o Largo de S. Paulo constitui no seu TODO o ARQUÉTIPO do Pombalino, tal como foi concebido por Eugénio dos Santos e Carlos Mardel.
Impõe-se um Restauro de Exteriores e INTERIORES rigoroso e seguindo as normas internacionais.
http://ovoodocorvo.blogspot.nl/2012/01/agora-que-depois-de-varias-criticas-o.html
António Sérgio Rosa de Carvalho
"Mafalda Sousa, da associação ambientalista Quercus,
questionou o contributo que o PAR pode dar para resolver problemas de ruído nas
zonas de diversão nocturna, como Bairro Alto, Cais do Sodré e Docas de
Alcântara. José Canedo explicou que essas zonas não são consideradas
prioritárias, dada a expressão pontual dos níveis de ruído, mas a autarquia já
adoptou medidas que condicionam o funcionamento dos estabelecimentos. Paulo
Pais considerou, a propósito, que essa questão é mais de “ordem pública”, uma
vez que o principal ruído se deve ao consumo de bebidas fora dos bares, o que
não é proibido em Portugal, ao contrário de outros países europeus."
In 94 MIL LISBOETAS EXPOSTOS A RUÍDO ACIMA DOS LIMITES LEGAIS
/ Blog O Corvo / http://ocorvo.pt/2014/01/10/94-mil-lisboetas-expostos-a-ruido-acima-dos-limites-legais/
O bairro onde todos querem estar
por Alexandra Ho / 15 de Janeiro, 2014 / in SOL online
Visto durante décadas como uma zona de copos, droga e
prostituição, o Cais do Sodré está a renovar-se e há cada vez mais empresários
interessados em apostar no bairro. Depois dos bares, estão a aparecer os
restaurantes para clientes mais exigentes e no futuro prevê-se a abertura de
novos espaços comerciais, com uma aposta forte ligada à arte.
Todos os dias a cena repete-se. “Desculpe, conhece alguém
que tenha um espaço aqui no Cais do Sodré para alugar?”. A pergunta, sempre a
mesma, começou a tornar-se frequente de há dois anos para cá – depois da
inauguração da Pensão Amor, Bar da Velha Senhora e Povo –, naquilo que os
comerciantes locais chamam de ‘a nova vaga’ de popularidade do bairro lisboeta.
Às vezes, no mesmo dia, chegam a ser “cinco, seis ou sete” pessoas diferentes a
entrar na pastelaria Quatro Estações, no Largo de São Paulo, só para tentar
obter uma lista das lojas disponíveis para arrendar.
Há 16 anos no ‘café do bairro’, como lhe chamam os outros
comerciantes, Paulo Graça é, dizem, a pessoa certa com quem falar. A que sabe
praticamente tudo do que se passa naqueles quarteirões. Por isso, lá vai
dizendo a quem pergunta quem se deve contactar. “Aquelas lojas [e aponta para o
lado esquerdo do Largo] pertencem todas a um banco, mas é uma agência
[imobiliária] que as está a alugar”, comenta.
Na Branco sobre Branco, loja e ateliê de decoração na Rua de
São Paulo, as arquitectas de interior Paula Laranjo e Vera Moreira também são
questionadas diariamente com o mesmo assunto. E Victor Miguel, empregado há 52
anos na Vestotel e Servivest, casas de fardas e uniformes na Rua Nova do
Carvalho, diz o mesmo ao SOL: “Todos os dias entram aqui pessoas a perguntar se
conheço quem queira alugar as suas lojas”. Normalmente, constatar este
interesse deixaria entusiasmada qualquer pessoa que viu, ao longo de cinco
décadas, tantos negócios morrer, mas Victor Miguel tem muitas reservas. “Querem
todos o mesmo: abrir uma casa de petiscos e vender bebidas. Não há ninguém
interessado em trazer para aqui uma sapataria, um cabeleireiro, uma loja de
roupa...”, lamenta. Se Victor Miguel ainda vai estar atrás do balcão da loja
das fardas quando essa desejada transformação acontecer só o tempo o dirá, mas
há planos para que o cenário futuro do Cais do Sodré não inclua apenas ‘copos’.
Tânia Figueiredo e Joana Champalimaud, ambas de 27 anos, são
duas das novas inquilinas do Largo de São Paulo. Instaladas num antiga loja de
ferragens, abriram há um mês a Galeria, uma pop-up store que quer dar uma
morada temporária a pequenas marcas e start-ups portuguesas que vendem,
maioritariamente, os seus produtos online. É verdade que também servem
refeições ligeiras e vendem cerveja para a rua, mas pretendem ser mais do que
apenas um bar. O espaço funciona num esquema rotativo e, de duas em duas
semanas, mudam os ‘inquilinos’ para dar lugar a novos projectos. “Com esta
renovação os clientes também ficam a ganhar porque têm novidades constantes”,
comenta Tânia.
Restaurantes e galerias
Quando a ideia de iniciar o projecto surgiu, a localização
foi imediatamente decidida. “Ainda pensámos muito no Chiado e no Príncipe Real,
mas além do Cais do Sodré também ser o centro da cidade, as rendas não são tão
altas. É uma zona com óptimos acessos e, depois, este Largo tem imensa magia e
história”, diz a jovem empreendedora. A par disso, Tânia acredita que esta zona
da cidade tem “imenso potencial” e, num futuro próximo, “vai ter bastante
movimento”.
Há cinco anos, quando mudaram a Branco sobre Branco da
Avenida da Liberdade para a Rua de São Paulo, Vera Moreira e Paula Laranjo já
imaginavam que, mais cedo ou mais tarde, o Cais do Sodré iria sofrer uma
transformação. “Toda a gente nos dizia que Santos é que era, especialmente
nesta área da decoração, mas percebemos logo que fazia mais sentido estarmos
aqui. É uma zona histórica muito forte e estamos no centro da cidade”, refere
Paula.
O músico Rui Pregal da Cunha partilha desta convicção. Há
três semanas abriu o restaurante mexicano Las Ficheras, mas a localização foi
mais circunstancial. Luz, sócia do antigo Hérois do Mar, passava todos os dias
na Rua dos Remolares de bicicleta a caminho do Terreiro do Paço onde a dupla,
juntamente com outros quatro amigos, tem o restaurante Can the Can. Numa dessas
deslocações matinais, percebeu que a loja onde comprava cabos de aço para
prender as mesas da esplanada no Can the Can estava fechada. Ainda sem qualquer
anúncio de aluguer à porta, Luz começou imediatamente a tentar descobrir de
quem era o espaço e, em poucas semanas, já o estava a arrendar. Mesmo sem ter
ideia do que ela e os sócios poderiam fazer ali.
Depois de muita ponderação, decidiram-se por um restaurante
mexicano, “um tipo de comida que não há muito em Lisboa”. Para desenvolverem a
ideia, foram todos de férias para o México e de lá trouxeram o conceito que dá
nome ao restaurante. “Las Ficheras é como são conhecidas as mulheres que
trabalhavam nos cabarés mexicanos, a quem os homens entregavam uma ficha,
semelhante à dos casinos, em troca de uma bebida, companhia ou uma dança”,
explica Luz. “Achámos logo que tinha tudo a ver”, ou não fosse a história do
Cais do Sodré feita de culturas marginais ligadas ao alterne.
Este é o primeiro projecto de Pregal da Cunha e amigos no
bairro, mas há mais coisas planeadas. Para já nenhum dos sócios quer revelar o
que aí vem, mas Sara Barreto, gerente do Las Ficheras, confirma que a loja ao
lado da Galeria, no Largo de São Paulo, está alugada por eles. Tal como aconteceu
com o restaurante, o que vai ali nascer ainda está por decidir, mas Pregal da
Cunha deixa pistas: “Para se tornarem interessantes e conseguirem sobreviver,
os bairros têm que ter várias dinâmicas. Não pode ser só copos. Têm de ser
pequenos microcosmos com tudo, desde comes e bebes até galerias de arte e
coisas para a comunidade”.
Essa mesma chamada de atenção já foi feita à Câmara
Municipal de Lisboa pela Associação Cais do Sodré, criada há dois anos por
vários comerciantes locais, nomeadamente os da Rua Nova do Carvalho, conhecida
por todos como a ‘rua cor-de-rosa’. Gonçalo Riscado, sócio do Musicbox e do
restaurante Povo e porta-voz desta organização, é o primeiro a dizer que não
gosta de restringir nada, mas “para se proteger os bairros deve haver um limite
sobre o que pode existir numa determinada área de negócio”. Especialmente
quando o lado negativo desse excesso já se começa a sentir.
Diversão desde os anos 70
Zona de diversão e espaços de entretenimento há várias
décadas, “desde os tempos dos marinheiros”, com o Jamaica “a tornar-se um ponto
de referência no final dos anos 70” ,
a noite do Cais do Sodré passou, depois, por um longo período de abandono.
“Aquilo que as pessoas da época se queixam é que os marinheiros passaram a ter
de soprar no balão quando regressavam aos navios. Antes era beber até cair...”.
Mas há sete anos, quando o Musicbox se instalou no extinto
Texas (uma antiga casa de alterne) e o_Europa reabriu, o Cais do Sodré
recuperou algum do movimento passado. “Tirando o Jamaica, que teve sempre um
público hiper ecléctico e fiel, tudo à volta não funcionava. Há sete anos não
se passava nada aqui e o ambiente era de alguma decadência”, recorda Gonçalo
Riscado.
Apostando numa programação periódica de espectáculos,
essencialmente de música, uma vez que a área de trabalho de Gonçalo e dos seus
sócios sempre se focou mais na área artística e não na noite, o Musicbox
“trouxe uma energia nova”, com o bairro a receber um público cada vez mais
diversificado. E esse novo buzz despertou o interesse para outros projectos
aparecerem.
Como em tudo há sempre quem reprove e alguns moradores,
mesmo que em número reduzido (na ‘rua cor-de-rosa’ vivem três pessoas),
queixaram-se, sobretudo, dos after hours do Europa. José Vicente, de 77 anos,
da Alfaiataria João Bento Vicente (negócio de família inaugurado pelo seu
bisavô em 1987), diz que o pior era “a droga que essas festas movimentavam e
ter, logo às nove da manhã, gente muito mal encarada, aos caídos, nos passeios
junto à loja”. Por isso, em Janeiro, quando a Câmara determinou o fim dos after
hours (que entretanto se propagaram por todo o quarteirão) a decisão foi
contestada pelos comerciantes afectados, mas aplaudida pelos moradores e
lojistas mais antigos.
Além do barulho e das pessoas “mal educadas” que
frequentavam as discotecas até ao meio-dia, José Vicente considera que a medida
também ajudou a diminuir a prostituição no bairro. “Agora praticamente acabou”.
Antónia (nome fictício), de 53 anos, que há 17 anos vem vender o corpo para o
Cais do Sodré, confirma que há cada vez menos mulheres nestas ruas, mas diz que
o negócio também se reduziu por causa da crescente popularidade da ‘rua
cor-de-rosa’. “Agora anda aqui muita gente e os clientes têm medo de serem
vistos. E os bares agora também não nos deixam entrar. Só o Liverpool”.
O boom com a Pensão Amor
Esta azáfama ganhou dimensões maiores há dois anos, com a
abertura da Pensão Amor. Seguiram-se Sol e Pesca, Bar da Velha Senhora e Povo.
“Com esta última vaga, criou-se aqui uma dinâmica mais actual e pensámos que
fazia sentido fazer qualquer coisa em conjunto, até porque são tudo projectos
que chegam com conteúdo e com identidades muito fortes”, contextualiza
Gonçalo_Riscado, em nome da Associação Cais do Sodré. E assim nasceu a ‘rua
cor-de-rosa’.
Como, simultaneamente, a autarquia decidiu fechar a rua ao
trânsito, os comerciantes juntaram-se e pintaram o asfalto de rosa, numa
“referência”, também, “às ‘meninas’” que por ali andavam. Por ter sido feita
por amadores, a pintura durou apenas duas semanas. Mas em Setembro, desta vez
com o apoio técnico da Câmara e o patrocínio da Absolut Vodka, reinaugurou-se o
projecto, com o cor-de-rosa a ser agora definitivo.
Desde essa altura o número de inaugurações tem sido
crescente. Só neste mês de Dezembro foram quatro os novos espaços a abrir no Cais
do Sodré, somando-se a isso a renovação de outros estabelecimentos mais
antigos. Como em tudo o que é popular, “há um lado muito positivo em termos de
intervenção e reabilitação, mas há riscos”. Segundo Gonçalo Riscado há um
evidente: “A questão do botellón”.
Tal como aconteceu no Bairro Alto, “a possibilidade de
transformar qualquer espaço com dois metros quadrados numa mangueira de venda
de cerveja para a rua, com música e preços a disputarem a atenção dos clientes,
representa destruição e uma oferta muito mais desinteressante”. Basta dar um
passeio pelos quarteirões anexos à ‘rua cor-de-rosa’ para verificar a
quantidade de restaurantes que abriram uma janela para a rua com uma torre de
imperial a servir até altas horas, ou os estabelecimentos com os tais dois
metros quadrados a vender cerveja a 0,50 cêntimos. “O conceito é não ter
conceito nenhum e o Cais do Sodré está a ficar cercado. O licenciamento zero é
uma coisa fantástica, mas um restaurante não é um bar e um bar não é uma
discoteca e, historicamente, o Cais sempre funcionou para dentro, com as boites
e as casas de alterne”.
Apesar do ‘botellómetro’, como lhe chama Gonçalo Riscado,
estar a crescer no Cais do Sodré, a verdade é que, equilibradamente, também
estão a nascer projectos com conceitos interessantes e que valorizam a oferta
de diversão e cultural. O Sabotage, na Rua de São Paulo, promove concertos de
rock and roll desde Abril; a loja de discos Trem Azul, na Rua do Alecrim há
nove anos, tem agora um bar e um palco com programação semanal e o jazz já não
é filho único; Catarina Portas instalou mais um dos seus Quiosque do Refresco
no Largo de São Paulo; O Bom, o Mau e o Vilão, igualmente na Rua do Alecrim,
abriu há três semanas e também aposta numa oferta cultural semanal, com ciclos
de cinema, concertos de músicos nacionais, actuações de DJ e exposições
rotativas de artistas emergentes de Belas Artes.
A par disso, a MainSide, empresa que explora a Pensão Amor
(e, em Alcântara, a Lx Factory), abriu há uma semana o restaurante Casa de
Pasto, com carta assinada pelo chef Diogo Noronha, que saiu em Setembro do
Pedro e o Lobo. José Carvalho, administrador da MainSide, explica que a Casa de
Pasto, situada no primeiro andar do n.º 20 da Rua de São Paulo, é “uma
recriação de um tipo de restauração que havia em Lisboa”. “O restaurante
resguardado da rua, mas com um ambiente mais familiar. Uma espécie de sala de
jantar fora de casa”.
Com este restaurante, a MainSide reforça a sua aposta
no_Cais do Sodré, até porque considera o bairro a sua “casa”. “Sempre
acreditámos muito nesta zona e a própria situação de abandono e má reputação em
que ela ficou durante tantos anos resguardou-a. Há aqui um potencial incrível e
a nós interessa-nos projectos com conteúdo e conceito”. E a aposta vai
continuar para 2014. Nos dois últimos andares do prédio da Pensão Amor -– que
além do bar tem outros dois pisos ocupados com escritórios de pequenas empresas
– vai nascer, “entre o Verão e o Inverno”, um museu erótico, com o
coleccionador Paulo Moura, de Coimbra, a ceder o seu acervo para exposição.
No próximo ano, a revista Time Out também se muda
definitivamente para o Mercado da Ribeira, promovendo uma série de actividades.
Actualmente em obras, o objectivo é inaugurar “no final do primeiro semestre”,
se possível coincidindo com as festas da cidade. De acordo com João Cepeda,
director da revista, além da actual actividade tradicional do mercado, vai ser
“criado uma sala de espectáculos, um espaço para feiras e mercados, outro de
informação turística e uma forte componente gastronómica, com
mini-restauração”. Tudo num conceito associado aos conteúdos da própria Time
Out e que vai contribuir para um Cais do Sodré mais dinâmico e interessante.
Sem comentários:
Enviar um comentário