sábado, 2 de novembro de 2013

Orçamento Participativo de Lisboa ganhou votos e tornou-se palco de "verdadeiras campanhas eleitorais"


Orçamento Participativo de Lisboa ganhou votos e tornou-se palco de "verdadeiras campanhas eleitorais"


Os projectos vencedores são anunciados na quarta-feira. A possibilidade de votar por SMS foi a maior novidade desta 6.ª edição
O número de votos no Orçamento Participativo de Lisboa tem vindo a crescer de ano para ano e a edição de 2013 não foi excepção. Aquilo que também tem ganho peso desde 2008, segundo a vereadora da Inovação e Modernização Administrativa da Câmara de Lisboa, é a organização das pessoas "em grupos" para apresentar propostas e a realização de "verdadeiras campanhas eleitorais" para angariar votos nelas.
Os projectos mais votados desta edição, à qual a Câmara de Lisboa consagrou uma verba de 2,5 milhões de euros, só serão anunciados na próxima quarta-feira. Mas sabe-se já que as 208 propostas em disputa recolheram um total de 35.922 votos, o número mais elevado desde que o Orçamento Participativo da capital teve início.
Em 2008 houve apenas 1101 participações, em 2009 foram 4719, em 2010 subiu para 11.570 e em 2011 para 17.887. Até aí, cada pessoa podia votar apenas uma vez. A partir de 2012, as regras foram alteradas e cada cidadão passou a poder eleger um projecto de valor igual ou inferior a 150 mil euros e outro que custe até 500 mil euros. Desde que isso aconteceu, o número de votos deu um salto: 29.911 no ano passado e 35.922 na edição deste ano.
A possibilidade de votar nos projectos por SMS gratuito, à semelhança do que já acontecia no Orçamento Participativo de Cascais, foi uma das novidades de 2013. A vereadora da Modernização Administrativa adiantou ao PÚBLICO que houve 24.805 votos registados desta forma, tendo os restantes 11.117 chegado à Câmara de Lisboa através da Internet.
"Correu bem esta experiência por SMS", avalia a vereadora Graça Fonseca, que entende que faz sentido em edições futuras manter essa possibilidade, em conjugação com a votação através do portal Lisboa Participa, no qual estão já registadas 54.391 mil pessoas.
Quanto ao autocarro do Orçamento Participativo, que circulou pela cidade e no qual era possível receber esclarecimentos sobre o processo e também votar, a autarca socialista diz que, no essencial, essa é "uma forma de dar apoio a algumas zonas da cidade e comunidades". E, acrescenta, de ajudar a que "as pessoas reconheçam o Orçamento Participativo e se lembrem de que está a acontecer".
A segunda novidade deste ano foi a instalação temporária no Príncipe Real de uma "árvore da participação", na qual os cidadãos foram convidados a pendurar um desejo para a cidade. "Procuramos todos os anos ter alguma novidade e estar no espaço público para desafiar as pessoas", explica a vereadora, sem levantar o véu sobre o que se poderá esperar da edição de 2014.
Graça Fonseca diz que desde 2008 tem notado a existências de "duas dinâmicas" interessantes que têm vindo a ganhar peso. A primeira é a organização das pessoas "em grupos" para apresentarem uma só proposta, em vez de várias de conteúdo semelhante, para evitar uma dispersão de votos.
A segunda dinâmica de que fala a autarca é o facto de nas últimas edições do Orçamento Participativo, e especialmente nesta que agora chegou ao fim, se realizarem "verdadeiras campanhas eleitorais". "Não basta ter ideias, é preciso lutar por elas. E as pessoas estão muito disponíveis para lutarem pelas suas ideias", diz Graça Fonseca, dando como exemplo a divulgação de vídeos no YouTube e a criação de páginas no Facebook e no Twitter para promover diferentes propostas.
A autarca sublinha que "o objectivo central" do Orçamento Participativo de Lisboa "é fazer com que as pessoas tenham confiança nos processos de participação e se sintam envolvidas na governação da cidade". "Se cada um der um bocadinho do seu tempo à cidade, ela vai ficar melhor", conclui.

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