domingo, 2 de novembro de 2014

Novo regime é o "enterro" da reabilitação urbana, diz especialista

"Esse regime é o enterro da reabilitação", disse hoje João Appleton, engenheiro civil e especialista em estruturas, defendendo que devia aproveitar-se o facto de a reabilitação urbana ser ainda o único "setor com vida" na área da construção civil para impor a realização de estudos de avaliação do desempenho sísmico dos edifícios.

Novo regime é o "enterro" da reabilitação urbana, diz especialista

Por Agência Lusa
publicado em 1 Nov 2014 in (Jornal) i online

É uma "aberração jurídica"

O novo regime criado pelo Governo para simplificar a reabilitação urbana é o "enterro" desta área e uma "aberração jurídica", acusou hoje um especialista do setor, defendendo a obrigatoriedade de avaliação da vulnerabilidade sísmica da estrutura dos edifícios.

O Governo aprovou em fevereiro deste ano um regime excecional e transitório que prevê a dispensa, durante sete anos, de diversas obrigações técnicas na reabilitação de edifícios, permitindo poupar entre 30 a 40% nos custos totais das obras, aplicável nos casos de reabilitação de edifícios com pelo menos 30 anos e que se destinem ao uso habitacional.

"Esse regime é o enterro da reabilitação", disse hoje João Appleton, engenheiro civil e especialista em estruturas, defendendo que devia aproveitar-se o facto de a reabilitação urbana ser ainda o único "setor com vida" na área da construção civil para impor a realização de estudos de avaliação do desempenho sísmico dos edifícios.

O especialista falava no encerramento do XV Encontro Nacional de Municípios com Centro Histórico, que termina hoje em Lagos e que contou com a participação de responsáveis de várias câmaras municipais do país e ainda com as presenças dos secretários de estado da Administração Local, na abertura, e do Desenvolvimento Regional, no encerramento.

O novo regime anunciado pelo Governo como a solução para reabilitar a baixo custo milhares de habitações devolutas não prevê a obrigatoriedade de reforço antissísmico, como acontece nas novas construções e apenas exige que se garanta "que os edifícios não fiquem piores do que estavam", acrescentou João Appleton.

"Faz-me confusão que se fale de um regime de reabilitação, negando no conteúdo dos diplomas o próprio significado do termo", considerou o especialista, sublinhando que devia ser obrigatório realizar estudos de avaliação aos edifícios para, em função dos resultados, determinar as medidas a tomar.

O engenheiro lamentou, ainda, que possa haver no mercado dois imóveis iguais na aparência, mas completamente diferentes em termos de resistência, que sejam colocados da mesma maneira no mercado, sem que seja transmitido ao potencial comprador informação sobre a sua vulnerabilidade e resistência.


Durante o encerramento do encontro foi lançada a edição de 2014/2015 do Prémio Nacional de Arquitetura Alexandre Herculano e atribuído um prémios de louvor e uma medalha de ouro a duas personalidades.

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