Theresa
May e Andrea Leadsom vão disputar liderança dos conservadores
JOÃO RUELA RIBEIRO
07/07/2016 – PÚBLICO
O
ministro da Justiça Michael Gove foi afastado da corrida. Reino
Unido vai voltar a ter uma mulher na chefia do Governo após Margaret
Thatcher.
O Reino Unido irá
ter pela segunda vez na sua história uma mulher à frente do
Governo. A liderança do Partido Conservador irá ser disputada por
Theresa May e Andrea Leadsom. As duas candidatas recolheram mais
votos na votação desta quinta-feira, que ditou o afastamento de
Michael Gove.
O voto veio
confirmar o favoritismo da ministra do Interior, Theresa May, que
contou com o apoio de 199 deputados tories — mais do que os seus
dois adversários conseguiram em conjunto. O resultado espelhou
também a ordem de preferência manifestada nas duas primeiras rondas
de votações. Na véspera, May e Leadsom tinham sido as duas mais
votadas e era expectável que o ministro da Justiça Michael Gove
acabasse por ser excluído. A decisão final está marcada para a
próxima terça-feira.
Durante a tarde,
ainda se chegou a antever que Gove pudesse assegurar apoio suficiente
para ficar em segundo lugar. Alguns jornalistas avançaram a
informação de que a campanha de Theresa May tinha estado a juntar
deputados que a apoiam para votarem em Gove, de forma a evitar um
confronto final com Leadsom, que é encarada pela ministra do
Interior como uma candidata mais temível.
May é a grande
favorita para suceder a David Cameron e encetar as negociações com
a União Europeia referentes à saída do Reino Unido. A ministra fez
uma campanha discreta a favor da manutenção, mas já garantiu que o
resultado do referendo de 23 de Junho será respeitado. Porém, May,
tal como Cameron, tem sugerido que o caminho até à saída deve ser
feito sem pressas e objecto de muita negociação.
O derradeiro
obstáculo entre May e o n.º 10 de Downing Street chama-se Andrea
Leadsom, uma até agora pouco conhecida secretária de Estado que
representa a linha mais entusiasta em relação ao "Brexit".
O resultado do referendo foi descrito por Leadsom como "uma
grande oportunidade". Quando lançou a sua candidatura à
liderança dos conservadores, a secretária de Estado da Energia
disse que pretende que as negociações entre o Reino Unido e
Bruxelas sejam "o mais curtas possível" para que a saída
se concretize rapidamente.
A antiga funcionária
do Barclays passou a gozar de grande popularidade, especialmente
depois de ter do seu lado o ex-mayor de Londres, Boris Johnson, cujo
projecto de candidatura saiu furado quando Gove se adiantou. No
entanto, assim que passou a estar na ribalta da política britânica,
o percurso de Leadsom passou a estar sob maior escrutínio e o seu
currículo começou a levantar dúvidas. Alguns dos seus antigos
colegas no Barclays manifestaram desconfiança em relação ao papel
que a própria diz ter tido quando por lá passou.
No currículo, a
candidata diz ter gerido "enormes equipas" no banco e ter
participado na gestão da crise que ditou o colapso do banco de
investimento Barings, em 1995. Robert Stephens, um antigo colega, foi
citado pelo The Times a dizer que Leadsom "não geriu qualquer
equipa, grande ou pequena, e certamente não geriu qualquer fundo".
A secção de humor
do Huffington Post não desperdiçou a oportunidade de ridicularizar
a polémica e desenhou um currículo fictício de Leadsom, em que lhe
é atribuída a descoberta da electricidade ou a autoria do golo da
vitória inglesa na final do Campeonato do Mundo de 1966.
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