A
nova luz da Livraria Lello
O vitral do teto foi
retirado pela primeira vez para limpeza e restauro. A luminosidade de
1906 voltou à livraria
A fachada em tons
ocre exibe agora as cores da inauguração de 1906 e o vitral
restaurado devolve ao interior do espaço uma luminosidade
desconhecida. Entradas pagas custearam a primeira fase das obras.
Hoje a Livraria Lello reabre de cara lavada num dia que será longo,
com Harry Potter a fechar
Neste sábado a Rua
das Carmelitas, no Porto, apresenta-se renovada, permitindo uma
viagem até ao passado à boleia do restauro da fachada da Livraria
Lello. Às 10.30, o pano que tapa a frente do centenário espaço de
estilo neogótico será descerrado durante um momento cénico,
acompanhado pela descrição do arqueólogo e historiador Joel Cleto,
revelando as cores originais que marcaram a inauguração em 1906 e
"das quais ninguém tem memória". O DN foi espreitar a
conclusão das obras, ainda no meio dos andaimes.
Sem estragar o fator
surpresa, a diretora de comunicação da Lello, Mariana Peres,
resumiu os três meses de uma obra meticulosa: "Iniciámos o
projeto para restaurar ou reabilitar a fachada até que começámos a
perceber, com o trabalho, alguma pesquisa documental e depois
pesquisa técnica, que a fachada não é exatamente como nós a
conhecíamos [em tons ocre]. Com as camadas de tinta, concluímos que
era diferente e chegámos às camadas iniciais da inauguração. A
partir daí e também baseados no álbum descritivo com imagens a
preto e branco - com uma grande gama de cinzas - e nas ilustrações
originais de José Bielman das duas meninas (um lado representa a
Arte e o outro a Ciência) com uma gama cromática brutal, amarelos,
azuis, cores muito vivas, avançámos. Isto tudo com o aval e o
acompanhamento da Direção Regional da Cultura do Norte que foi
validando o trabalho."
A investigação e o
exaustivo trabalho oferece agora "uma fachada muito mais rica",
além de "um regresso no futuro ao passado, apresentando o
edifício original da abertura, como era em 1906". No interior
será estreada uma nova luz com o restaurado vitral com a divisa da
casa. A vidraça de oito metros de comprimento por 3,5 metros de
largura da autoria do arquiteto holandês Gerardus Samuel van Krieken
foi desmontada pela primeira vez desde a sua existência. Foi alvo de
limpeza, restauro e correção de danos oferecendo agora uma
luminosidade há muito esquecida.
Enquanto os
trabalhos se foram desenvolvendo, a fachada foi decorada ( e os
andaimes tapados) com um megapainel pintado, no local, pelos
graffiters Mr. Dheo e Pariz One, retirado há uns dias e ainda com
destino "a ser ponderado".
Mariana Peres
revelou que foi "tudo custeado pela Livraria Lello" e muito
suportado pelo sistema de vouchers de entrada - três euros
dedutíveis na compra de livros - implementado há cerca de um ano e
que "é um projeto de sucesso". "Conseguimos resgatar
a livraria, devolvendo-lhe a génese livreira. Somos uma livraria,
não somos um museu, por isso conseguimos libertar o espaço do
excesso de fluxo turístico e também de pessoas que ficam cá
simplesmente para tirar uma fotografia. Temos regulado o fluxo e
temos conseguido que as pessoas que vêm cá adquiram um livro.
Aumentámos muito as vendas, estando a vender cinco mil livros por
semana."
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