Movimento
cívico quer devolver o brilho de outros tempos ao Parque das Nações
POR O CORVO • 25
JULHO, 2016 •
Um grupo de cidadãos
mobilizou-se em torno da defesa urbanística, cultural e paisagística
da zona e fundou a associação A Cidade Imaginada Parque das Nações
(ACIPN). O objetivo principal passa por cooperar e “fazer-se ouvir”
junto das entidades gestoras do espaço. Mas também por preservar a
qualidade de vida e o legado patrimonial da Expo’98, que, segundo
este colectivo, “tem vindo a sofrer uma enorme degradação do
espaço público”.
Texto: Pedro Arede
Em 1991, quando
Lisboa foi escolhida para acolher a Expo’98, parecia impossível
que a zona oriental da capital, degradada, poluída e recheada de
velhos armazéns e instalações industriais, acolhesse um evento de
tal envergadura e fosse o palco de uma transformação tão profunda.
Agora, 18 anos após
a exposição mundial, e depois de uma profunda e admirável
intervenção, ao nível da renovação e requalificação urbana e
ambiental, parece difícil acreditar na degradação de alguns
equipamentos e espaços comuns da freguesia do Parque das Nações. É
o caso de certos espaços verdes. Mas também há quem aponte a falta
de manutenção na Alameda dos Oceanos e na Avenida Dom João II.
Por isso mesmo,
para dizer “basta!” e devolver o brilho de outros tempos ao
Parque das Nações, procurando manter o padrão de qualidade
pós-Expo’98, um grupo de cidadãos decidiu unir-se e fundar A
Cidade Imaginada Parque das Nações (ACIPN), uma associação
cívica, cultural e ambiental, sem fins lucrativos, nem cor política.
“A ACIPN nasceu em
Março deste ano, com o intuito de preservar a qualidade urbana do
tempo da Parque Expo”, conta ao Corvo Célia Simões, presidente da
direcção da associação. “Não temos qualquer ligação política
e temos procurado mobilizar os residentes para se envolverem na
discussão pública dos problemas de gestão urbanística”,
acrescenta.
A Cidade Imaginada
conta já com cerca de uma centena de associados e tem-se desdobrado
em diversas frentes e actividades para promover a melhoria do espaço
público da zona. Exemplo disso foi a ação levada a cabo na Alameda
dos Oceanos e Avenida Dom João II e que permitiu verificar, por
exemplo, que metade das lâmpadas dos candeeiros dessas vias estão
fundidas ou desligadas.
Outra situação
sublinhada por Célia Simões diz respeito às obras de
requalificação dos Jardins Garcia de Orta, onde se constatou que
arquitecta responsável pelo projecto, Cristina Castel-Branco, não
foi envolvida no projeto de requalificação daquele espaço.
“Infelizmente, muitas vezes é assim. Nunca nos procuram e fazem o
que querem”, diz a responsável.
Mas, apesar de
sentir que, muitas vezes, a ACIPN está a “remar contra a maré”,
sobretudo quando se trata de estabelecer diálogo com a Câmara
Municipal de Lisboa ou a Junta de Freguesia do Parque das Nações, a
responsável afirma que, neste ainda curto percurso de vida, o apoio
da população e dos comerciantes da zona tem-se feito sentir de
forma vincada.
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