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PCP
exige cimeira intergovernamental para reversão dos tratados europeus
2/7/2016, OBSERVADOR
Jerónimo de Sousa
exigiu este sábado uma conferência intergovernamental para aprovar
a reversibilidade dos tratados. Responsáveis europeus na mira do
comunista: são os "cavaleiros do apocalipse"
O secretário-geral
do PCP fez este sábado duras acusações a responsáveis de
instituições europeias, comparando-os aos “cavaleiros do
apocalipse” e acusando-os de chantagearem Portugal. Jerónimo de
Sousa exige uma conferência intergovernamental para aprovar a
reversibilidade dos tratados europeus.
“Só poderemos
andar de coluna direita quando rompermos com os constrangimentos que
nos impõe esta União Europeia”, concluiu Jerónimo de Sousa no
final de um discurso que encerrou uma conferência do PCP sobre
políticas culturais na Casa do Alentejo, em Lisboa.
No atual quadro da
União Europeia, Jerónimo de Sousa defendeu que seja convocada com
urgência “uma cimeira intergovernamental com o objetivo da
consagração institucional da reversibilidade dos tratados, da
suspensão imediata e revogação do Tratado Orçamental, bem como da
revogação do Tratado de Lisboa”.
“Hoje está cada
vez mais claro que dentro do Euro, Portugal fica amarrado à
estagnação e à recessão, ao desaproveitamento das suas
potencialidades, ao subdesenvolvimento, ao empobrecimento, à
dependência e à submissão nacional”, sustentou.
Na parte final de
uma intervenção dominada pelas questões da cultura, o líder dos
comunistas referiu-se de forma crítica às “abusivas e
inaceitáveis ingerências” no rumo do país por parte de
responsáveis europeus, dizendo que “há meses que estes
pressionam, intrigam, manipulam e ameaçam face a qualquer medida que
represente uma reversão de políticas de exploração das quais
foram coautores”.
“Como o presidente
do BCE (Banco Central Europeu) [Mário Draghi], chega-se ao ponto de
questionar a Constituição da República portuguesa. Tratam Portugal
como se fosse uma colónia”, disse.
Mas Jerónimo de
Sousa visou também recentes declarações proferidas pelo
responsável do Fundo Monetário Internacional, Subir Lall, pelo
ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, e pelo
vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, sobre
ameaça de um segundo resgate ou sobre o congelamento de fundos
comunitários.
Episódios que, de
acordo com o líder comunista, traduziram “a natureza de classe da
União Europeia” e até deixaram a ideia de que “convocaram os
cavaleiros do apocalipse contra um povo e um país”.
“No tempo da
ocupação pelas hostes do Império, os ocupantes colocavam os
ocupados perante um tronco a meio metro do solo, obrigando os chefes
vencidos da região a passar rastejante perante o seu povo. Hoje não
se usa o tronco, mas o défice, o euro e os tratados com vista à
chantagem sobre o nosso povo”, disse.
Na perspetiva de
Jerónimo de Sousa, os recentes resultados do referendo no Reino
Unido demonstraram a existência crescente de elementos de
“desagregação” na União Europeia.
“A vitória pela
saída do Reino Unido, num referendo realizado num quadro de
gigantesca e inaceitáveis pressões por parte dos grandes grupos
económicos e do capital financeiro, constitui um elemento de enorme
importância política para os povos da Europa. Uma decisão que é
uma vitória sobre o medo, sobre as inevitabilidades, sobre a
submissão e o catastrofismo”, defendeu Jerónimo de Sousa.
O líder comunista
disse reconhecer “múltiplas motivações que estiveram presentes
na convocação deste referendo, algumas manifestamente de caráter
reacionário e xenófobo que o PCP decididamente combate e repudia”.
“Mas, no que
respeita a essa preocupação com os emigrantes, alguns já se
esqueceram que a União Europeia e a Grã-Bretanha fizeram um acordo
do mais xenófobo em relação aos emigrantes – um acordo que,
felizmente, não entrou em vigor face ao resultado do referendo e
tudo se desmanchou?”, apontou Jerónimo de Sousa.
O resultado do
referendo britânico, em suma, na perspetiva de Jerónimo de Sousa,
constitui “uma oportunidade para se enfrentarem e resolverem os
reais problemas dos povos, questionando todo o processo de integração
capitalista da União Europeia e abrindo um novo e diferente caminho
de cooperação baseado em Estados soberanos e iguais em direitos”.
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Bloco
insiste em referendo para “enterrar tratado das sanções”
2/7/2016, OBSERVADOR
A coordenadora do
Bloco de Esquerda, Catarina Martins, insistiu este sábado na
necessidade de um referendo para "enterrar o tratado das
sanções".
A coordenadora do
Bloco de Esquerda, Catarina Martins, insistiu este sábado na
necessidade de um referendo para “enterrar o tratado das sanções”.
“Eu acho que o
ideal era que num Conselho Europeu ou numa conferência
intergovernamental se enterrasse de vez o Tratado Orçamental, mas se
isso não acontecer quem vive neste país tem de ser chamado a
pronunciar-se antes que o tratado seja Tratado Europeu, para não
deixar que o Tratado Orçamental seja o tratado das sanções para
sempre”, afirmou Catarina Martins.
A líder do Bloco
discursava no encerramento da V convenção regional do Bloco/Açores,
em Ponta Delgada, ilha de São Miguel.
“Se houver sanções
e se a nível europeu não for possível enterrar o tratado das
sanções, que se referende em Portugal se deixamos ou não que esse
tratado se transforme em tratado europeu para que possamos cá lutar
por essa coisa tão importante chamada a dignidade do nosso país e a
dignidade de cada um e de cada uma de nós”, continuou Catarina
Martins.
Para a responsável
do Bloco de Esquerda, “lutar pela dignidade nunca é ficar
isolados” e admitiu que a iniciativa de referendo é difícil.
“Eu sei que a
proposta é difícil e eu sei que cada vez que há confronto, há
muita gente que fica com medo, mas convenhamos o que Portugal tem de
fazer é trabalhar para enterrar o tratado das sanções, para
enterrar o Tratado Orçamental”, defendeu, para reiterar que “se
elas são injustas, inaceitáveis” tem de ser enterrado “o
mecanismo que as propõe, é esse o caminho”.
Catarina Martins
manifestou ainda concordância com a proposta do PCP de uma
“conferência intergovernamental para rever todos os tratados”.
“Achamos muito
bem, faça-se a conferência intergovernamental, não desperdiçamos
nenhuma proposta que seja boa, mas eu confesso que não tenho assim
tanta esperança no que dirá Angela Merkel (chanceler alemã) ou
François Hollande (Presidente francês) ou Rajoy (do PP espanhol,
partido mais votado nas eleições de domingo) nessa conferência
intergovernamental”, acrescentou.
Este sábado, o
secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defendeu que no atual
quadro da União Europeia seja convocada com urgência “uma cimeira
intergovernamental com o objetivo da consagração institucional da
reversibilidade dos tratados, da suspensão imediata e revogação do
Tratado Orçamental, bem como da revogação do Tratado de Lisboa”.
No passado domingo,
a coordenadora do Bloco de Esquerda disse que se a Comissão Europeia
avançar com sanções contra Portugal por défice excessivo o
partido colocará na agenda um referendo em Portugal sobre a Europa.
“Se tomar uma
iniciativa gravíssima de provocar Portugal, a Comissão declara
guerra a Portugal. Pior ainda, se aplicar sanção e usar para
pressionar o Orçamento [do Estado] para 2017 com mais impostos,
declara guerra a Portugal. E Portugal só pode responder recusando as
sanções e anunciando que haverá um referendo nacional”, advertiu
a bloquista, que falava em Lisboa na sessão de encerramento da X
Convenção do partido.
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