SEF
desmantela rede que falsificava documentos para pedidos de
nacionalidade
Centenas
usaram documentos falsos que atestavam terem nascido nas antigas
colónias portuguesas na Índia
Pedro Sales Dias /
3-6-2015 / PÚBLICO
O Serviço de
Estrangeiros e Fronteiras (SEF) desmantelou ontem uma rede suspeita
de facilitar a aquisição de nacionalidade portuguesa a cidadãos
indianos através de documentos falsos. Cerca de 60 inspectores
estiveram envolvidos numa grande operação, designada Livro Mágico,
em Lisboa e Vila Franca de Xira, durante a qual foram detidos três
suspeitos e foram realizadas 15 buscas, de acordo com um comunicado
enviado pelo SEF.
Além dos detidos,
foram também constituídos cinco arguidos neste inquérito-crime.
Serão todos entretanto presentes a um juiz no Tribunal de Instrução
Criminal de Lisboa para a determinação das medidas de coacção a
que ficarão sujeitos durante o desenrolar do processo.
Os suspeitos
recorriam à via de nacionalização de cidadãos indianos
alegadamente nascidos em antigos territórios portugueses na Índia,
com os documentos falsos. Na verdade, as pessoas em causa não tinham
nascido naqueles territórios e não estavam por isso em condições
legais para obter a nacionalidade portuguesa.
“A operação
Livro Mágico foi desencadeada na sequência de uma investigação
que decorre no SEF sob a direcção do Departamento de Investigação
e Acção Penal de Lisboa, na qual é visada uma organização
criminosa que, a troco de elevadas quantias monetárias, se dedicava
à aquisição fraudulenta da nacionalidade portuguesa para
estrangeiros alegadamente nascidos nos antigos territórios
portuguesas na Índia, recorrendo a documentos falsos, nomeadamente
assentos e certificados de nascimento emitidos de forma fraudulenta”,
esclareceu o SEF.
Este esquema terá
permitido a atribuição de nacionalidade portuguesa a centenas de
cidadãos indianos com a “consequente emissão de passaportes,
cartões de cidadão, cartas de condução e outra documentação
portuguesa a cidadãos que não são oriundos das antigas colónias
portuguesas na Índia”, sublinha o comunicado.
A investigação
começou há cerca de um ano e meio após uma troca de informação
com as autoridades dos Estados Unidos da América, Canadá e do Reino
Unido. Segundo o SEF, as pessoas que adquiriam a nacionalidade
portuguesa através deste esquema viajavam depois para estes países.
A investigação beneficiou ainda da troca de informação com a
Europol, o serviço europeu de polícia.
Durante a operação,
os inspectores do SEF apreenderam muita documentação relacionada
com o “processo fraudulento”, “abundante material informático,
telemóveis, correspondência, uma viatura, cartões de crédito e
cerca de vinte mil euros”, ouro e jóias.
Através da
documentação apreendida, o SEF conseguiu recolher dados suficientes
para provar que muitas pessoas que adquiriram nacionalidade
portuguesa têm identidades diferentes daquelas que usaram para
solicitar a nacionalidade.
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