Grécia. Manifestação espontânea
em Atenas contra a “chantagem” sobre o governo
Por Jornal i com
Agência Lusa
publicado em 5 Fev
2015
“Por fim um governo que respeita os compromissos do seu programa eleitoral
e defende os interesses do nosso país”
Milhares de
pessoas responderam hoje a um apelo nas redes sociais e manifestaram-se contra
a “chantagem” exercida sobre o Governo grego após a decisão de quarta-feira do
BCE em restringir os mecanismos de financiamento dos bancos gregos.
Os manifestantes,
cerca de 5.000 segundo a polícia, concentraram-se em silêncio e sem cartazes ou
bandeiras na praça Syntagma, no centro de Atenas e frente ao parlamento, palco
nos últimos anos de grandes manifestações anti-austeridade, para demonstrar o
seu “apoio” ao governo de esquerda Syriza que “ousa defender os interesses dos
gregos”, referiam em declarações à agência noticiosa France-Presse diversos
participantes.
“É a primeira
manifestação a favor de um governo”, congratulou-se Télémaque Papatheodorou,
engenheiro, acompanhado pela sua amiga Dimitra Spyridopoulou, advogada.
“Por fim um
governo que respeita os compromissos do seu programa eleitoral e defende os
interesses do nosso país”, sublinhou à France-Presse este engenheiro com cerca
de 30 anos.
“Nenhuma
chantagem! Dignidade agora!”, proclamava o apelo à manifestação divulgado no
Facebook.
Esta manifestação
surgiu na sequência do périplo, com balanço mitigado, do primeiro-ministro da
Grécia Alexis Tsipras e do seu ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, a Roma,
Paris, Bruxelas e Berlim para tentar obter apoios ao seu projecto de
renegociação da dívida grega.
Na noite de
quarta-feira, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou subitamente que deixaria
de aceitar títulos de dívida pública grega nas suas operações de
refinanciamento.
“A decisão do BCE
demonstra a pressão sobre a Grécia mas tudo isso não é nada em comparação com
os problemas das pessoas que têm fome ou se suicidam”, acrescentou Dimitra
Spyridopoulou.
Para Nikoletta,
P., 55 anos, cujo filho imigrou há um ano para encontrar trabalho no estrangeiro,
“os anteriores governos, de direita ou socialistas, falavam em retoma mas não
faziam nada”.
“”Não queremos
ser estrangulados por isso não é bom para a Grécia e para a Europa”, explicou
esta empregada de uma agência de turismo.
“Não temos nada a
perder, é por isso que defendemos o governo, pelo menos não vão delapidar todos
os recursos públicos”, assinalou Stavroula Drakopoulou, 55 anos, professora.
Hoje, uma fonte
do sector bancário citada pela France-Presse assegurou que o BCE estará
disponível para emprestar até 60 mil milhões de euros como medida de urgência
aos bancos gregos.
O Governo de
Alexis Tsipras anunciou o fim das privatizações, impostas pelos credores
internacionais, e medidas para enfrentar a “crise humanitária” na Grécia após
seis anos de recessão e de drásticas medidas de austeridade em troca dos
empréstimos internacionais.
Em Salónica,
segunda cidade grega no norte do país, cerca de 500 pessoas reuniram-se para
exigir o “fim da chantagem” do BCE, como referia uma das faixas empunhadas
pelos manifestantes.
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