sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Grécia. Manifestação espontânea em Atenas contra a “chantagem” sobre o governo


Grécia. Manifestação espontânea em Atenas contra a “chantagem” sobre o governo
Por Jornal i com Agência Lusa
publicado em 5 Fev 2015

“Por fim um governo que respeita os compromissos do seu programa eleitoral e defende os interesses do nosso país”

Milhares de pessoas responderam hoje a um apelo nas redes sociais e manifestaram-se contra a “chantagem” exercida sobre o Governo grego após a decisão de quarta-feira do BCE em restringir os mecanismos de financiamento dos bancos gregos.

Os manifestantes, cerca de 5.000 segundo a polícia, concentraram-se em silêncio e sem cartazes ou bandeiras na praça Syntagma, no centro de Atenas e frente ao parlamento, palco nos últimos anos de grandes manifestações anti-austeridade, para demonstrar o seu “apoio” ao governo de esquerda Syriza que “ousa defender os interesses dos gregos”, referiam em declarações à agência noticiosa France-Presse diversos participantes.

“É a primeira manifestação a favor de um governo”, congratulou-se Télémaque Papatheodorou, engenheiro, acompanhado pela sua amiga Dimitra Spyridopoulou, advogada.

“Por fim um governo que respeita os compromissos do seu programa eleitoral e defende os interesses do nosso país”, sublinhou à France-Presse este engenheiro com cerca de 30 anos.

“Nenhuma chantagem! Dignidade agora!”, proclamava o apelo à manifestação divulgado no Facebook.

Esta manifestação surgiu na sequência do périplo, com balanço mitigado, do primeiro-ministro da Grécia Alexis Tsipras e do seu ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, a Roma, Paris, Bruxelas e Berlim para tentar obter apoios ao seu projecto de renegociação da dívida grega.

Na noite de quarta-feira, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou subitamente que deixaria de aceitar títulos de dívida pública grega nas suas operações de refinanciamento.

“A decisão do BCE demonstra a pressão sobre a Grécia mas tudo isso não é nada em comparação com os problemas das pessoas que têm fome ou se suicidam”, acrescentou Dimitra Spyridopoulou.

Para Nikoletta, P., 55 anos, cujo filho imigrou há um ano para encontrar trabalho no estrangeiro, “os anteriores governos, de direita ou socialistas, falavam em retoma mas não faziam nada”.

“”Não queremos ser estrangulados por isso não é bom para a Grécia e para a Europa”, explicou esta empregada de uma agência de turismo.

“Não temos nada a perder, é por isso que defendemos o governo, pelo menos não vão delapidar todos os recursos públicos”, assinalou Stavroula Drakopoulou, 55 anos, professora.

Hoje, uma fonte do sector bancário citada pela France-Presse assegurou que o BCE estará disponível para emprestar até 60 mil milhões de euros como medida de urgência aos bancos gregos.

O Governo de Alexis Tsipras anunciou o fim das privatizações, impostas pelos credores internacionais, e medidas para enfrentar a “crise humanitária” na Grécia após seis anos de recessão e de drásticas medidas de austeridade em troca dos empréstimos internacionais.


Em Salónica, segunda cidade grega no norte do país, cerca de 500 pessoas reuniram-se para exigir o “fim da chantagem” do BCE, como referia uma das faixas empunhadas pelos manifestantes.

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