Que terrivel notícia ! O Corvo vai desaparecer por razões de sustentabilidade financeira !
Esta era uma plataforma de grande jornalismo independente e
que revelava grande capacidade de cobertura e conteúdos com meios
limitadíssimos, inerentes à sua verdadeira independência, num contexto onde a
urgência de um verdadeiro jornalismo Local é cada vez maior, mas em que
"cada vez se produz menos noticiário local."
Um grande Abraço de Solidariedade, e já, de Saudade
OVOODOCORVO
O adeus d’O Corvo
O Corvo
Texto
29 Maio, 2019
O Corvo cessa hoje a sua publicação. O fim chega por não
termos conseguido encontrar forma de garantir a sustentabilidade financeira
indispensável à continuidade do jornal. Apesar dos esforços desenvolvidos desde
o início do projecto, a 1 de Março de 2013, e com especial vigor nos últimos
dois anos, após o renovado impulso nascido de uma reconfiguração do capital da
empresa, esgotámos a capacidade para continuar a fazer jornalismo independente
de qualidade. Porque foi disso que se tratou, desde o começo: informar sem
agendas escondidas e com a intenção de ajudar a dar relevo aos assuntos que, no
nosso entendimento, pudessem reflectir os principais desafios quotidianos
enfrentados por uma comunidade tão ampla e heterogénea como é a que vive a
cidade de Lisboa. Tudo isto num contexto de radical mudança na comunicação
social.
O objectivo foi expresso, logo no início, quando nos
apresentámos aos leitores: “O Corvo nasce da constatação de que cada vez se
produz menos noticiário local. A crise da imprensa tem a ver com esse
afastamento dos media relativamente às questões da cidadania quotidiana. Em
paralelo, se as tecnologias cada vez mais o permitem, cada vez menos os
cidadãos são chamados a pronunciar-se e a intervir na resolução dos problemas
que enfrentam”. Com esse propósito, avançámos na cobertura sistemática e diária
dos assuntos que identificámos como pertinentes na definição da qualidade de
vida da capital portuguesa, num período em que também ela passava por mudanças
de vulto.
Fosse, primeiro, pelas crises habitacional e social nascidas
da conjuntura económica e da nova lei do arrendamento, ou, pouco depois, a elas
se justapondo, as revoluções turística, comercial e de reabilitação urbana, as
alterações na vida e na configuração da cidade foram enormes. Quase diárias. E
continuam a sê-lo. A Lisboa de 2013 é muito diferente da de 2019, tendo vindo a
assistir a imensas e profundas transformações, umas positivas e outras
negativas. Delas foi O Corvo dando conta com os meios de que dispunha. Tendo
delimitado o raio de acção ao interior das fronteiras da capital, acreditámos
sempre num jornalismo feito como expressão dos desejos e das ansiedades
cartografáveis nas almas dos que habitam uma cidade com tal dimensão,
diversidade, história e complexidade – reflectindo, por conseguinte, interesses
e percepções necessariamente distintos e, muitas vezes, conflituantes. Tal
acompanhamento noticioso foi sendo seguido por cada vez mais gente.
Muitas dessas pessoas acabaram por contribuir para que
melhorássemos enquanto órgão de comunicação social, seja através da sua leitura
crítica dos conteúdos que fomos produzindo ou através das suas pertinentes
dicas e sugestões. Na verdade, os nossos leitores revelaram-se exigentes e
apontaram o dedo aos erros que, como seria inevitável, acabámos por cometer. O
que, em boa verdade, nos ajudou a sermos ainda mais atentos, empenhados e
rigorosos no que fizemos. A todas essas pessoas, das que nos lêem desde há seis
anos às que entretanto se lhes foram juntando, somos imensamente gratos. Não
podia ser doutra forma. Foi para elas que trabalhámos. De igual modo, é
fundamental agradecer o inestimável valor trazido a O Corvo por todos os que
aqui escreveram, fotografaram, ilustraram e filmaram, ajudando a conferir-lhe
forma e credibilidade. Infelizmente, tal não foi suficiente para garantir a
continuidade do jornal. É uma fase que termina. Outras portas se poderão abrir.
As grandes cidades são mutantes por definição. E Lisboa é especial.
A todos os que, ao longo destes anos, colaboraram com O
Corvo, Obrigado:
Álvaro Suárez Trabanco
Álvaro Filho
Alexandre Neves
Ana Maria Brás
Andreia Friaças
António Caeiro
António Ramos
Bruno Portela
Carla Rosado
Carlos de António
Cláudia Silveira
Catarina Lente
Daniel Toledo
Eva Massy
Fernanda Ribeiro
Fernando Faria
Francisco Neves
Daniele Franco
Sofia Minetto
Freddy Vaca
Hugo David
Hugo Henriques
Isabel Braga
Isabel Dias
João Paulo Dias
João Pedro Pincha
João Morales
Kátia Catulo
Laura Alves
Libia Florentino
Lucas Muller
Luís Filipe Sebastião
Luís Francisco
Marcos Fernandes
Margarita Cardoso de Meneses
Mariana Garcia
Mário de Carvalho
Mário Cameira
Nuno Oliveira
Paula Ferreira
Pedro Arede
Pedro Carreira Garcia
Rita da Nova
Rita Dantas
Rita Neves Costa
Rita Ponce
Rui Lagartinho
Samuel Alemão
Sandra Oliveira
Sérgio Alves
Sérgio Gouveia
Sofia Marques
Sofia Morais
Susana Moreira Marques
Susana Simplício
PSD de Lisboa quer atribuir medalha da cidade ao jornal O
Corvo
A proposta recebeu o apoio do PCP e o municipío foi
questionado se poderia “fazer alguma coisa” quanto ao encerramento do jornal.
Lusa 30 de Maio de 2019, 7:36
O jornal foi fundado em 2013 DR
O vereador do PSD na Câmara de Lisboa João Pedro Costa
defendeu esta quarta-feira a atribuição de uma medalha da cidade de Lisboa ao
jornal digital O Corvo, uma publicação dedicada à capital que anunciou o seu
fim.
A ideia surgiu sob a forma de uma proposta extra-agenda na
reunião pública do executivo municipal e recebeu o apoio da vereadora do PCP
Ana Jara, que lamentou o desaparecimento do jornal digital e questionou se o
município poderia “fazer alguma coisa, além de uma medalha, que é justa”.
Alia quer mostrar que as muçulmanas não são “tristes
mulheres de véu”, nem precisam “de ser salvas”
O presidente da câmara, Fernando Medina (PS), esclareceu que
o “regulamento da medalha” estipula que o executivo só aprova as propostas
feitas à “comissão da medalha”, sugerindo que João Pedro Costa dirija à
entidade o pedido.
O digital O Corvo, lançado em Março de 2013 e dedicado à
cidade de Lisboa, anunciou na quarta-feira o seu encerramento por não ter
conseguido encontrar forma de garantir a sustentabilidade financeira essencial
para a continuidade da publicação.
Numa nota publicada na página na internet da publicação, O
Corvo esclarece que, “apesar dos esforços desenvolvidos desde o início do
projecto, a 1 de Março de 2013, e com especial vigor nos últimos dois anos”,
ficou esgotada a “capacidade para continuar a fazer jornalismo independente de
qualidade”.
“A Lisboa de 2013 é muito diferente da de 2019, tendo vindo
a assistir a imensas e profundas transformações, umas positivas e outras
negativas. Delas foi O Corvo dando conta com os meios de que dispunha. Tendo delimitado
o raio de acção ao interior das fronteiras da capital, acreditámos sempre num
jornalismo feito como expressão dos desejos e das ansiedades cartografáveis nas
almas dos que habitam uma cidade com tal dimensão, diversidade, história e
complexidade”, é referido.
Na mensagem, a direcção do jornal, fundado por Samuel
Alemão, lembra que desde 2013 tentaram “informar sem agendas escondidas e com a
intenção de ajudar a dar relevo aos assuntos” que “pudessem reflectir os
principais desafios quotidianos enfrentados por uma comunidade tão ampla e
heterogénea como é a que vive a cidade de Lisboa”.
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