quinta-feira, 30 de maio de 2019

O adeus d’O Corvo



Que terrivel notícia ! O Corvo vai desaparecer por razões de sustentabilidade financeira !
Esta era uma plataforma de grande jornalismo independente e que revelava grande capacidade de cobertura e conteúdos com meios limitadíssimos, inerentes à sua verdadeira independência, num contexto onde a urgência de um verdadeiro jornalismo Local é cada vez maior, mas em que "cada vez se produz menos noticiário local."
Um grande Abraço de Solidariedade, e já, de Saudade
OVOODOCORVO

O adeus d’O Corvo

O Corvo
Texto
29 Maio, 2019

O Corvo cessa hoje a sua publicação. O fim chega por não termos conseguido encontrar forma de garantir a sustentabilidade financeira indispensável à continuidade do jornal. Apesar dos esforços desenvolvidos desde o início do projecto, a 1 de Março de 2013, e com especial vigor nos últimos dois anos, após o renovado impulso nascido de uma reconfiguração do capital da empresa, esgotámos a capacidade para continuar a fazer jornalismo independente de qualidade. Porque foi disso que se tratou, desde o começo: informar sem agendas escondidas e com a intenção de ajudar a dar relevo aos assuntos que, no nosso entendimento, pudessem reflectir os principais desafios quotidianos enfrentados por uma comunidade tão ampla e heterogénea como é a que vive a cidade de Lisboa. Tudo isto num contexto de radical mudança na comunicação social.

O objectivo foi expresso, logo no início, quando nos apresentámos aos leitores: “O Corvo nasce da constatação de que cada vez se produz menos noticiário local. A crise da imprensa tem a ver com esse afastamento dos media relativamente às questões da cidadania quotidiana. Em paralelo, se as tecnologias cada vez mais o permitem, cada vez menos os cidadãos são chamados a pronunciar-se e a intervir na resolução dos problemas que enfrentam”. Com esse propósito, avançámos na cobertura sistemática e diária dos assuntos que identificámos como pertinentes na definição da qualidade de vida da capital portuguesa, num período em que também ela passava por mudanças de vulto.

Fosse, primeiro, pelas crises habitacional e social nascidas da conjuntura económica e da nova lei do arrendamento, ou, pouco depois, a elas se justapondo, as revoluções turística, comercial e de reabilitação urbana, as alterações na vida e na configuração da cidade foram enormes. Quase diárias. E continuam a sê-lo. A Lisboa de 2013 é muito diferente da de 2019, tendo vindo a assistir a imensas e profundas transformações, umas positivas e outras negativas. Delas foi O Corvo dando conta com os meios de que dispunha. Tendo delimitado o raio de acção ao interior das fronteiras da capital, acreditámos sempre num jornalismo feito como expressão dos desejos e das ansiedades cartografáveis nas almas dos que habitam uma cidade com tal dimensão, diversidade, história e complexidade – reflectindo, por conseguinte, interesses e percepções necessariamente distintos e, muitas vezes, conflituantes. Tal acompanhamento noticioso foi sendo seguido por cada vez mais gente.

Muitas dessas pessoas acabaram por contribuir para que melhorássemos enquanto órgão de comunicação social, seja através da sua leitura crítica dos conteúdos que fomos produzindo ou através das suas pertinentes dicas e sugestões. Na verdade, os nossos leitores revelaram-se exigentes e apontaram o dedo aos erros que, como seria inevitável, acabámos por cometer. O que, em boa verdade, nos ajudou a sermos ainda mais atentos, empenhados e rigorosos no que fizemos. A todas essas pessoas, das que nos lêem desde há seis anos às que entretanto se lhes foram juntando, somos imensamente gratos. Não podia ser doutra forma. Foi para elas que trabalhámos. De igual modo, é fundamental agradecer o inestimável valor trazido a O Corvo por todos os que aqui escreveram, fotografaram, ilustraram e filmaram, ajudando a conferir-lhe forma e credibilidade. Infelizmente, tal não foi suficiente para garantir a continuidade do jornal. É uma fase que termina. Outras portas se poderão abrir. As grandes cidades são mutantes por definição. E Lisboa é especial.

A todos os que, ao longo destes anos, colaboraram com O Corvo, Obrigado:

Álvaro Suárez Trabanco

Álvaro Filho

Alexandre Neves

Ana Maria Brás

Andreia Friaças

António Caeiro

António Ramos

Bruno Portela

Carla Rosado

Carlos de António

Cláudia Silveira

Catarina Lente

Daniel Toledo

Eva Massy

Fernanda Ribeiro

Fernando Faria

Francisco Neves

Daniele Franco

Sofia Minetto

Freddy Vaca

Hugo David

Hugo Henriques

Isabel Braga

Isabel Dias

João Paulo Dias

João Pedro Pincha

João Morales

Kátia Catulo

Laura Alves

Libia Florentino

Lucas Muller

Luís Filipe Sebastião

Luís Francisco

Marcos Fernandes

Margarita Cardoso de Meneses

Mariana Garcia

Mário de Carvalho

Mário Cameira

Nuno Oliveira

Paula Ferreira

Pedro Arede

Pedro Carreira Garcia

Rita da Nova

Rita Dantas

Rita Neves Costa

Rita Ponce

Rui Lagartinho

Samuel Alemão

Sandra Oliveira

Sérgio Alves

Sérgio Gouveia

Sofia Marques

Sofia Morais

Susana Moreira Marques

Susana Simplício


PSD de Lisboa quer atribuir medalha da cidade ao jornal O Corvo

A proposta recebeu o apoio do PCP e o municipío foi questionado se poderia “fazer alguma coisa” quanto ao encerramento do jornal.

Lusa 30 de Maio de 2019, 7:36

O jornal foi fundado em 2013 DR

O vereador do PSD na Câmara de Lisboa João Pedro Costa defendeu esta quarta-feira a atribuição de uma medalha da cidade de Lisboa ao jornal digital O Corvo, uma publicação dedicada à capital que anunciou o seu fim.

A ideia surgiu sob a forma de uma proposta extra-agenda na reunião pública do executivo municipal e recebeu o apoio da vereadora do PCP Ana Jara, que lamentou o desaparecimento do jornal digital e questionou se o município poderia “fazer alguma coisa, além de uma medalha, que é justa”.

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O presidente da câmara, Fernando Medina (PS), esclareceu que o “regulamento da medalha” estipula que o executivo só aprova as propostas feitas à “comissão da medalha”, sugerindo que João Pedro Costa dirija à entidade o pedido.

O digital O Corvo, lançado em Março de 2013 e dedicado à cidade de Lisboa, anunciou na quarta-feira o seu encerramento por não ter conseguido encontrar forma de garantir a sustentabilidade financeira essencial para a continuidade da publicação.

Numa nota publicada na página na internet da publicação, O Corvo esclarece que, “apesar dos esforços desenvolvidos desde o início do projecto, a 1 de Março de 2013, e com especial vigor nos últimos dois anos”, ficou esgotada a “capacidade para continuar a fazer jornalismo independente de qualidade”.

“A Lisboa de 2013 é muito diferente da de 2019, tendo vindo a assistir a imensas e profundas transformações, umas positivas e outras negativas. Delas foi O Corvo dando conta com os meios de que dispunha. Tendo delimitado o raio de acção ao interior das fronteiras da capital, acreditámos sempre num jornalismo feito como expressão dos desejos e das ansiedades cartografáveis nas almas dos que habitam uma cidade com tal dimensão, diversidade, história e complexidade”, é referido.

Na mensagem, a direcção do jornal, fundado por Samuel Alemão, lembra que desde 2013 tentaram “informar sem agendas escondidas e com a intenção de ajudar a dar relevo aos assuntos” que “pudessem reflectir os principais desafios quotidianos enfrentados por uma comunidade tão ampla e heterogénea como é a que vive a cidade de Lisboa”.

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