O
erro que deu “mil Saddams” ao mundo
DIRECÇÃO EDITORIAL
07/07/2016 / PÚBLICO
Não se estranha a
forma dura como a comissão que investigou a participação britânica
na guerra do Iraque fez do seu relatório um libelo contra Tony
Blair. A pretexto de que seria pior os EUA de W. Bush embarcarem
sozinhos nessa aventura bélica, Blair não só se juntou a eles como
papagueou “certezas” que nunca teve. O resultado viu-se na época,
não foi preciso esperar muito tempo. Mas hoje, à distância de uns
terríveis treze anos, podemos ver mais além. Não só a invasão
foi injustificada, como a actuação dos EUA e do Reino Unido no
Iraque após o derrube de Saddam foi a todos os títulos desastrosa.
Khadim, o iraquiano que odiava Saddam e deu em 2003 o primeiro golpe
na estátua do ditador derrubada em Bagdad, diz hoje de forma lapidar
à BBC: “Saddam foi-se, mas agora temos mil Saddams.” Bush
imaginava um “efeito dominó” de democracias, mas foi o contrário
disso que ele (ajudado por Blair) legou ao mundo.
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