Caixa. Governo
admite corte de 2.500 trabalhadores até 2020
Rita Dinis /
4/7/2016, OBSERVADOR
Secretário de
Estado do Tesouro assumiu perante sindicato da Caixa que
reestruturação passará por redução de cerca de 2.500
trabalhadores até 2020 -- mas sem despedimentos.
O secretário de
Estado do Tesouro, Ricardo Mourinho Félix, terá assumido perante o
sindicato de trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos que o plano
de reestruturação do banco público passa por um corte de cerca de
2.500 trabalhadores até 2020, começando em 2017 e prevendo-se a sua
aplicação ao longo de três anos. A informação, segundo avança o
Jornal de Negócios, terá sido transmitida pelo governante na
passada quinta-feira durante um encontro que teve com o sindicato, e
cujas conclusões foram hoje divulgadas através de um comunicado.
“A redução
prevista do número de trabalhadores será da ordem dos 2.500. Embora
essa avaliação seja feita pela nova administração e prevendo-se a
sua aplicação a partir de 2017 e ao longo de três anos. Foi
garantido que não haverá despedimentos e que a redução passaria
por reformas ou reformas antecipadas, sempre por acordo entre a CGD e
o trabalhador“, lê-se no comunicado do Sindicato dos Trabalhadores
das Empresas do Grupo Caixa (STEC). Ou seja, o número ainda não é
certo uma vez que dependerá de avaliação feita pela nova
administração, liderada por António Domingues, que ainda não
assumiu funções.
“A entrada em
funções da futura Administração está pendente de uma nova
obrigação da CE (a avaliação da idoneidade dos elementos
propostos)”, lê-se no comunicado, onde o sindicato esclarece que o
Governo garantiu que a entrada em funções da nova administração
“estaria para breve”.
A par da redução
de pessoal, irá haver também redução de balcões, especialmente
no estrangeiro, em países como França e Espanha, e na Venezuela.
Nesses locais onde vai diminuir a presença do banco estatal
português, o STEC sublinha que, de acordo com o Governo, estão a
ser preparados acordos preferenciais com bancos locais dos países em
questão.
A redução de
balcões irá ocorrer maioritariamente no estrangeiro, onde os
interesses da CGD e dos seus clientes passariam a ser assegurados por
um Banco local através de acordo preferencial. No entanto, a nível
dos Palop, o plano aposta num crescimento sustentável”, lê-se.
No mesmo comunicado,
onde elenca as conclusões da reunião com o governante, o sindicato
afirma que o Governo não avançou com novos dados sobre a injeção
de capital que se prevê que seja feita. “O Governo assume, sem
reservas, uma CGD de capital totalmente público, com uma dimensão
nunca inferior à atual, em termos de quota de mercado, mas que
permita apoiar mais as empresas, nomeadamente as PME, de uma forma
mais próxima, e continuar a ser para a população o fiel
depositário das suas poupanças e o seu banco de referência”,
lê-se.
Nas últimas
declarações, tanto o ministro das Finanças como o
primeiro-ministro optaram por não avançar números, remetendo para
as negociações que ainda decorrem com a Comissão Europeia, e que,
segundo António Costa, estão prestes a ficar concluídas.
Esta terça-feira
arranca, no Parlamento, uma comissão de inquérito sobre a gestão e
recapitalização do banco público, que foi imposta por PSD e CDS-PP
através de um requerimento potestativo (de caráter obrigatório). A
comissão será presidida pelo social-democrata José de Matos
Correia. “O Governo está também bastante preocupado com o
desgaste da imagem da CGD, nomeadamente com o que se vier a passar na
Comissão Parlamentar de Inquérito”, acrescenta o sindicato nas
conclusões da reunião.
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