Zona euro. Alemanha quer cortar
fundos aos países que não façam reformas
Por António
Ribeiro Ferreira
publicado em 4 Nov
2014 in
(jornal) i online
Berlim está a pôr
na ordem países como França e Itália e quer aprovar uma lista de castigos para
quem não andar na linha
A crise política
na União Europeia não comove Berlim e a senhora Merkel. Antes pelo contrário.
Depois de França e Itália terem posto o pé em ramo verde, os dois países foram
obrigados a apresentar medidas de austeridade por não cumprirem dentro dos prazos
estipulados a redução dos défices públicos. Os maus exemplos de Paris e Roma
levaram Berlim a propor outras medidas para castigar quem ponha em causa a
ordem alemã. Assim, a Alemanha quer reforçar o controlo do processo de reformas
na zona euro e defende que as recomendações da Comissão Europeia sejam
vinculativas e os países que não as cumprem num determinado prazo sejam
penalizados com cortes de fundos.
A proposta consta
de um documento subscrito pelos ministros alemães das Finanças, Wolfgang
Schäuble, e da Economia, Sigmar Gabriel, publicada domingo pela revista
"Der Spiegel". Segundo a publicação, o governo alemão entregou a
proposta em finais de Outubro à Comissão Europeia, ao presidente do Eurogrupo e
à presidência rotativa da União Europeia (UE), actualmente ocupada pela Itália.
O objectivo dos
dois ministros, segundo explica a revista, é que o processo de vigilância e
sanções seja vinculativo, efectivo e transparente, para que os parceiros
europeus se apliquem nas reformas necessárias para a consolidação orçamental e
para aumentar a competitividade da região.
CASTIGOS FINANCEIROS
Se não forem
cumpridos os compromissos subscritos pelos estados, os dois ministros recuperam
a ideia de impor penalizações financeiras e cortar as transferências de fundos
que os países recebem. Uma conduta correcta seria recompensada economicamente.
De acordo com Schäuble e Gabriel, os governos nacionais têm aplicado de forma
"insuficiente" as recomendações de Bruxelas e o debate sobre a
necessidade de reformas tem alcançado "um êxito limitado".
O documento,
assinado pelo democrata-cristão Schäuble e pelo social-democrata Sigmar Gabriel
é um aviso a toda a navegação europeia de que não haverá mudanças na política
europeia nos próximos tempos. E como a zona euro e a União Europeia são
comandadas por Berlim, as esperanças reinantes em algumas capitais europeias,
como Lisboa, de de que a Comissão Europeia liderada por Juncker vai ser muito
diferente da Comissão liderada por Durão Barroso, são manifestamente
exageradas. A austeridade, as reformas estruturais e o cumprimento das metas
estabelecidas pelo Tratado Orçamental são mesmo para cumprir.
PORTUGAL NA CORDA BAMBA
No caso de
Portugal, por exemplo, que irá receber 26 mil milhões de euros em fundos
estruturais até 2020, o país está obrigado pelo Tratado Orçamental a reduzir
não só o défice nominal para um valor abaixo dos 3% do PIB, algo que pode
acontecer já em 2015, como reduzir o défice estrutural 0,5% do PIB ao ano. E
como o Orçamento do Estado para 2015 só prevê uma redução de 0,1%, é natural
que Lisboa trema com a proposta alemã. Com os investimentos em queda ou
estagnados, os dinheiros de Bruxelas são a única esperança de investimento a
curto e médio prazo. Com Lusa
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