Endogamia na Política = Favorecimento Dinástico e Nepotismo
(…)“Não se espera que António Costa demita um ou dois
ministros ou despeça dois ou três altos funcionários para se livrar de um dos
seus piores pesadelos para as eleições que aí vêm.”
Ah espera-se … espera-se, pois o papel contínuamente erosivo
no prestígio da classe política e na garantia de Transparência e Qualidade no
funcionamento das Instituições Democráticas destes casos, que em muitos Países
da Europa levam ao Voto de Protesto, assim o exigem.
Apenas uma discussão séria !? Não . Actos, aceitação da situação e demissões adequadas e correctivas.
Apenas uma discussão séria !? Não . Actos, aceitação da situação e demissões adequadas e correctivas.
Ler Também : “PSD e PS abrem alas a deputados-advogados e
oriundos do sector financeiro
Propostas de última hora na Comissão da Transparência
invertem a tendência de aumentar as restrições ao exercício do mandato de
deputado” https://www.publico.pt/2019/03/29/politica/noticia/psd-ps-abrem-alas-deputadosadvogados-financeiros-1867244?fbclid=IwAR3q7NpCjT-8TrMdBI8jx16AcG1JFySR-fQjD36zTi7DHRHKaMhhG9sOOhE
OVOODOCORVO
EDITORIAL
A endogamia no Governo exige uma discussão séria
O caso é de tal forma revelador das debilidades do regime,
dos partidos e dos quadros políticos que discuti-lo se torna obrigatório doa a
quem doer – neste caso ao PS e ao Governo.
Manuel Carvalho
29 de Março de 2019, 6:55
Percebe-se que o primeiro-ministro tente esvaziar a polémica
que cola ao PS e ao Governo o anátema das organizações meio dinásticas, meio
nepotistas. E percebe-se também que o faça recorrendo à ideia segundo a qual a
existência de marido e mulher e filhos no seio do Governo não deu origem a
escândalos de favorecimento.
Percebe-se isso tudo numa lógica de defesa política, mas não
se aceita que a polémica levantada com a nomeação de Mariana Vieira da Silva se
transforme numa querela mesquinha como as que tantas vezes inquinam a política
em Portugal. O caso é de tal forma revelador das debilidades do regime, dos
partidos e dos quadros políticos que discuti-lo se torna obrigatório doa a quem
doer – neste caso ao PS e ao Governo.
E para que a discussão seja útil não vale o argumento de que
outros que não o PS já seguiram vícios como os que maculam hoje o partido do
Governo. Nem cair na demagogia de citar exemplos que usam a passagem de um
patriarca pelo Governo nos anos de 1980, como Carlos Mota Pinto, para se
insurgirem contra a presença contemporânea do filho no PSD. Ou até vituperar um
secretário de Estado ou um ministro pelo facto de a sua mulher trabalhar numa
qualquer organização da esfera pública.
O que é indispensável é notar que o Governo caiu nas teias
da endogamia. Que um partido como o PS se sustenta numa teia de relações
desenhada num espaço fechado, como bem notou João Miguel Tavares – e que o PSD
perdeu a sua velha competência para recrutar o que de melhor havia nas empresas
ou na academia. E, como se notou aqui no editorial de quarta-feira, que essa
endogamia leva a um ensimesmamento nocivo para a qualidade da vida pública.
Não se espera que António Costa demita um ou dois ministros
ou despeça dois ou três altos funcionários para se livrar de um dos seus piores
pesadelos para as eleições que aí vêm. Mas importa deixar escrito que situações
como a actual não se podem repetir. É crucial para a qualidade da governação e
da democracia que os partidos se abram a gente nova e às novas formas de ver e
sentir a sociedade.
António Costa não o pode dizer, mas o país pode e deve: uma
República decente dispensa uma corte de amigos e familiares e um país
democrático recusa um Conselho de Ministros onde as emoções maritais ou filiais
coexistem pari passu com a racionalidade que se exige à boa governação.
Family affair rocks Portuguese government
António Costa’s Socialists hit back at accusations of
nepotism.
By IVO
OLIVEIRA 3/28/19, 4:25 PM CET Updated
3/28/19, 7:14 PM CET
The world may have gotten used to Ivanka and Jared in the
White House but family ties are causing a commotion in Portuguese politics.
After last month's government reshuffle, the Cabinet now
features a married couple and a father-daughter pair, prompting allegations of
nepotism from the opposition.
The controversy has rocked Portugal's Socialist minority
government — which last month survived a motion of no confidence lodged over a
recent wave of public sector strikes — ahead of a general election scheduled
for October.
Prime Minister António Costa's new Cabinet includes Interior
Minister Eduardo Cabrita and his wife, Sea Minister Ana Paula Vitorino, as well
as Presidency Minister Mariana Vieira da Silva, daughter of Labor Minister José
António Vieira da Silva.
The scandal has been simmering for some weeks but gained
traction on Tuesday, when Spanish newspaper El País published a scathing
article on the recent appointments after Portugal's opposition took aim at the
government's staffing policy.
"It is perception that is important, because it gives
the impression you just need a relative to pull the strings so you can have a
political career" — Luís de Sousa, research fellow at the University of
Lisbon's social sciences institute
“The Council of Ministers looks like a Christmas
dinner," Rui Rio, the leader of the Portuguese center-right opposition
Social Democratic Party (PSD), quipped on Monday, adding that even worse than
all the relatives in Cabinet is that the Socialists think of it as normal.
The family ties in Portugal's government don’t stop at
Cabinet level. According to Portuguese newspaper Jornal Económico, 27 people
with family links either to one another, or to senior Socialist politicians,
hold or used to hold jobs in state institutions during Costa's tenure as prime
minister.
There’s the newly appointed Infrastructure Minister Pedro
Nuno Santos, whose wife Ana Catarina Gamboa is chief of staff for Duarte
Cordeiro, the secretary of state for parliamentary affairs. Cordeiro's wife
Susana Ramos, meanwhile, was nominated to manage a public fund earlier this
year.
Then there's Ana Catarina Mendes, the Socialist Party's
deputy secretary-general, whose brother António Mendonça Mendes works as
secretary of state for fiscal affairs while his wife, Patrícia Melo e Castro,
is a member of the prime minister's staff.
Portuguese Prime Minister, António Costa, flanked by
Infrastructure Minister Pedro Nuno Santos | Manuel de Almeida/EPA-EFE
Nuno Santos responded to criticism of his wife's appointment
in a Facebook post, saying that the public has a right "to want to ensure
that positions of political power are not used for some to serve themselves and
their families." But he argued that his wife is "a person of enormous
competence" and does not deserve to be discriminated against in her career
because of their marriage.
But Luís de Sousa, a research fellow at the University of
Lisbon's social sciences institute, said that appointing family members is
damaging to public perception of politics.
"The question of possible conflict of interest, though
important, might not be the most crucial. It is perception that is important,
because it gives the impression you just need a relative to pull the strings so
you can have a political career," he said.
When appointing ministers, "if there is no competition
or tender, then you need it to be transparent and show the person's merit
beyond family ties," he added. "It is not enough to say that a
particular choice is based on political trust."
Moreover, if these family ties are unpopular among voters,
"they also impair the circulation and renovation of the political
elite," de Sousa said.
Portugal's center-right opposition has called on the
Socialist government to explain why so many relatives hold positions of power.
"It is against the impartiality principle. There is no
parallel in any European democratic government of such quantity of crossed
relationships in a governmental structure," Paulo Rangel, a Portuguese MEP
and vice president of the European People's Party group, told POLITICO.
"Prime Minister António Costa needs to explain this matter."
The Left Bloc party, which together with the Communist Party
backs the Socialist government in parliament, also criticized Costa's
appointments, albeit in a gentler manner. The Bloc’s leader Catarina Martins
called on the government to engage in "reflection" on family ties in
the executive branch, adding that “democracy requires more space to breathe.”
Portuguese José António Vieira da Silva, Minister of Labor, Solidarity,
and Social Security, at the start of the Social Affairs Policy Ministers
Council in Brussels, Belgium, March 15, 2019 | Olivier Hoslet/EPA-EFE
The Socialists have hit back at both their parliamentary
allies and the opposition, defending the Cabinet appointments.
Carlos César, the Socialists' president and parliamentary
leader — whose son Francisco is the Socialists' parliamentary leader in the
Azores regional assembly — expressed surprise at the Bloc's reaction. He
claimed that "family connections are direct and abundant in [the Bloc's]
parliamentary group,” alluding to the presence of two sisters in the party.
Socialist MEP Carlos Zorrinho said the opposition's focus on
the scandal is a sign that things are going well in Portugal.
"When this is the big debate put forward by the
opposition, it is a sign that other themes of society and economy are doing
well," he told POLITICO. "The opposition is focused on this because
it has no room for maneuver on other topics. What is important is that addressing
this matter from a populist point of view should be avoided."
Yet scandal has shown no sign of going away. This week, even
more family ties in the government came to light.
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