Num só ano, a Coca-Cola produziu três milhões de toneladas
de plástico
Relatório publicado esta quinta-feira, 14 de Março, revela
que a Nestlé produziu cerca de 1,7 milhões de toneladas de plástico em 2017.
P3 14 de Março de 2019, 14:22
É inédito: pela
primeira vez, conhece-se o volume de plástico produzido pelas embalagens da
Coca-Cola. Foram aproximadamente três milhões de toneladas de plástico ao longo
de todo o ano de 2017 — o equivalente à produção de 200 mil garrafas por
minuto, como mostrou o relatório publicado nesta quinta-feira, 14 de Março,
pela Fundação Ellen MacArthur, criada com o objectivo de acelerar a passagem
para uma economia circular.
Foi esta a Fundação que lançou um repto, em Outubro de 2018,
assinado por mais de 350 entidades que se comprometeram a reduzir e eliminar o
uso de embalagens de plástico e a aumentar a transparência acerca das
quantidades dessa matéria-prima utilizada actualmente. Entre essas entidades,
há empresas — como a Coca-Cola, a Danone e a Sonae MC (do mesmo grupo que o
PÚBLICO) —, governos (como o de Portugal, através do Ministério do Ambiente e
da Transição Energética), associações e membros da academia.
Este é um desafio com três vértices: eliminar o uso de
embalagens desnecessárias de plástico, passando das descartáveis para as
reutilizáveis; inovar para assegurar que 100% dos plásticos podem ser
reutilizados, reciclados ou decompostos até 2025; e criar uma economia circular
para aumentar o volume de plástico reutilizado e reciclado.
É nesse sentido que surge o relatório New Plastics Economy
Gobal Commitment, no qual 31 grandes empresas de várias áreas acedem ao pedido
de uma maior transparência no que diz respeito à produção de plástico. Em
conjunto, essas 31 empresas produzem oito milhões de toneladas de plástico a
cada ano.
Além da Coca-Cola, também a Nestlé, Unilever e Danone
revelaram quantas toneladas de plástico geraram ao longo de um ano. A Nestlé
revelou que produz cerca de 1,7 milhões de toneladas de plástico; a Unilever
610 mil toneladas e a Danone 750 mil toneladas. O grupo espanhol Inditex — que
detém marcas de roupa, como a Zara — produziu 690 toneladas de embalagens de
plástico em 2017.
“A decisão de mais de 30 empresas revelarem publicamente os
seus volumes anuais de plástico neste relatório é um passo importante para uma
maior transparência”, escreveu a Fundação. “Aplaudimos as empresas que estão a
publicar estes dados e encorajamos todas as empresas que fazem e usam plástico
a revelarem a sua pegada de plástico.”
Mas, apesar de este ser um passo em frente, ainda está longe
de se alcançar a “verdadeira escala do problema, especialmente no que diz
respeito à eliminação de itens desnecessários e inovação com vista aos modelos
de reutilização”, disse Sander Defruyt, líder do projecto relacionado com a
nova economia de plástico. É preciso “maiores investimentos, inovações e
programas de transformação a começar agora, para se perceber o impacto em
2025”.
Nem todos revelam quanto plástico produzem
Das 150 empresas que assinaram o documento, no qual se
comprometiam a reduzir a poluição provocada pelo plástico, a maior parte ainda
se recusa a divulgar publicamente a sua produção de plástico. De entre o lote
dessas empresas conta-se a Pepsi, H&M, L’Oréal, Walmart, Marks&Spencer
e Burberry — empresa de produtos de luxo criticada por ter queimado stock
excedente para evitar a contrafacção.
A Sonae MC (do mesmo grupo do PÚBLICO) também assinou o
compromisso, mas não revelou quantas toneladas de plástico produz. No relatório
da Fundação lê-se que o volume de produção de plástico será contabilizado no
final de 2019. Entre as medidas que a empresa portuguesa se comprometeu a
implementar para cumprir com os quatro objectivos principais do desafio
conta-se o incentivo monetário para quem reutilizar os sacos de compras do
Continente Online ou embalar os produtos de limpeza em embalagens recicladas,
ainda em 2019.
Sem comentários:
Enviar um comentário