quarta-feira, 27 de março de 2019

A política do círculo familiar / O estar-se em família na política prejudica a “renovação das elites” no país / E a sogra? Ninguém nomeia a sogra?

À mulher de César não basta parecer honesta e a César também não.

A política do círculo familiar
As últimas nomeações do Governo são contraproducentes: pioram a relação de confiança nos políticos e na política e apagam o eventual mérito dos escolhidos.

Amílcar Correia / EDITORIAL
27 de Março de 2019, 6:07

Confundir família política com política familiar nem é bom para o PS, nem é bom para o Governo e muito menos para o sistema político. O emaranhado de relações familiares entre os membros do actual Governo, acentuado a poucos meses do final da legislatura com uma sucessão de nomeações surpreendentes, ou não, ou é um acto inconsciente e negligente, ou é uma prática descarada e sobranceira.

Em ambos os casos, é uma má (e desnecessária) prática. O primeiro-ministro não vê qualquer mal nisso, certamente porque acredita que as pessoas que vivem mais próximas umas das outras acabam, inevitavelmente, por se casar, primeiro, e por pertencer ao mesmo governo, a seguir. O Presidente dos EUA – um país onde as dinastias são quase tão comuns como na Coreia do Norte – deve ter pensado o mesmo quando convidou a filha e o genro para integrarem a sua administração.

É óbvio que no sector privado existem dinastias e ligações familiares, mais ou menos perigosas, mas a verdade é que a endogamia política levanta outras dúvidas e outras condicionantes éticas.

O PS desistiu da paixão que tinha pelos independentes e pela sociedade civil, quando se dedicava a organizar Estados Gerais para descobrir e atrair novos protagonistas, a pensar na renovação dos seus quadros e em algo que fosse para lá da mera esfera partidária. Actualmente, a atracção parece restringir-se ao círculo familiar, misturando-o com a esfera partidária, dando a entender que os tradicionais esquemas de formação e de recrutamento ou não estão a funcionar como deviam, ou não têm mesmo qualquer interesse organizacional e político.

Embora não tenham precedentes a este nível, os recrutamentos mais recentes não têm, forçosamente, de pôr em causa a credibilidade do Governo de António Costa, nem tão-pouco de suscitar dúvidas quanto a possíveis clientelismos. Mas, convenhamos, estas nomeações são contraproducentes: pioram a relação de confiança nos políticos e na política e apagam o eventual mérito dos escolhidos. Um governo assim é um governo em círculo familiar, ensimesmado, que trava qualquer renovação, que confirma e alimenta a desconfiança do eleitorado e que reforça os estereótipos sobre uma elite que se apodera do Estado e do estado das coisas, constituída por pessoas que não perseguem a causa pública, mas sim uma carreira fácil e garantida.

À mulher de César não basta parecer honesta e a César também não.

O estar-se em família na política prejudica a “renovação das elites” no país
Académicos ouvidos pelo PÚBLICO consideram que existência de relações familiares na política não contribui para restabelecer a já frágil confiança dos cidadãos nos políticos. E que a política tem de dar o exemplo.

 Maria João Lopes
Maria João Lopes 26 de Março de 2019, 17:08

O tema pode até não ser novo e a existência de dinastias também não ser um exclusivo da política, mas o certo é que está a incomodar muita gente. A existência de relações familiares na política, mais concretamente no Governo, tem feito correr muita tinta nos jornais. No último fim-de-semana, mais vozes se levantaram em protesto. Os académicos ouvidos pelo PÚBLICO, nesta terça-feira, são críticos da existência destas situações e, entre outros problemas, referem que estas práticas colocam entraves à “renovação das elites” no país.

Nos últimos dias, o tema voltou pela mão de diferentes protagonistas políticos: do Bloco de Esquerda ao PSD. A controvérsia continua a dever-se às relações familiares existentes entre ministros deste Governo, como é o caso, por exemplo, de Eduardo Cabrita e Ana Paula Vitorino (marido e mulher) e José Vieira da Silva e Mariana Vieira da Silva (pai e filha). Outro caso que causa burburinho: Ana Catarina Gamboa, mulher do ministro das Infra-estruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, foi nomeada para chefe do gabinete do secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro.

Luís de Sousa é investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e debruça-se sobre questões relacionadas com ética e corrupção. O também membro Transparência e Integridade - Associação Cívica, da qual já foi presidente, não tem dúvidas de que a existência destes laços familiares na política – e num executivo – levanta vários problemas: em primeiro lugar, “desconstrói a visão idealista” de que na política estão as pessoas que, “pelo seu percurso profissional e mérito, em determinado momento da vida, estão disponíveis para retribuir à sociedade”. Ou seja, “passa a noção de que basta ser filho de A ou B para entrar na política” e que a política serve de “rampa” para a progressão na carreira ou para os negócios, diz o especialista.

Em segundo lugar, considera que contribui para a “não circulação e não renovação das elites”. Para Luís de Sousa, este tipo de práticas ajuda a que o sistema fique “estanque”, dificultando a entrada de “novas ideias” e de “pessoas que imprimam algum dinamismo aos sistemas de decisão e à política em geral”. Por outras palavras: “Afecta o recrutamento dinâmico da classe política”.


Por fim, mas não menos importante, pode prejudicar os processos de decisão, na medida em que pode pôr em causa a “objectividade e a imparcialidade” necessárias em certos momentos.


Já para o sociólogo e académico Pedro Adão e Silva, a questão do conflito de interesses é o aspecto menos relevante desta discussão. O mais relevante, diz, é uma “questão bastante profunda, de fechamento social e privatização da política”: “Aconteceu à política aquilo que aconteceu à maior parte das esferas da nossa vida que funciona numa espécie de bolha”, diz, referindo-se a “dificuldades de recrutamento” e a um “circuito fechado em que as pessoas se conhecem todas e têm poucas raízes naquilo que acontece fora das relações partidárias”.

Apesar de estar a falar do que se passa na política, Pedro Adão e Silva poderia estar a falar de outros sectores: “Acontece nos segmentos de elites. Mas a política não devia levar a que isto acontecesse.”

Diferenças entre a esquerda e a direita
Luís de Sousa –​ para quem a ética não se reduz à legalidade – e o politólogo André Freire concordam que estas práticas prejudicam a relação de confiança entre os cidadãos e os políticos. “Os cidadãos já andam desconfiados da política e dos políticos. [Estas situações] não são muito benéficas para melhorar este estado de coisas. Não é um elemento positivo para restaurar a confiança”, declara André Freire.

São “situações dúbias do ponto de vista ético”, mesmo que cumprindo a legalidade, concorda Luís de Sousa, notando que tocam num ponto “sensível” – na “questão do mérito para aceder a certas posições”. Criam desconfiança: “Fica sempre a suspeita de que não há critério ou rigor.”


A análise de Pedro Adão e Silva toca ainda noutros pontos. O docente considera que estas polémicas afastam eventuais novos rostos da política, reforçando o “padrão” em vez de o contrariar. E também entende que a discussão “encerra uma dimensão de género muito sensível”, relacionada com a entrada mais tardia, e que ainda enfrenta “obstáculos”, das mulheres na política. Apesar de considerar “natural que as mulheres que tenham actividade política se juntem com quem tem actividade política”, elas acabam por ser “o elemento novo, a novidade” no meio da discussão.

O sociólogo considera ainda que há uma “diferença entre a esquerda e a direita” no que toca a estes “mecanismos” de recrutamento e que pode levar a um maior número de ligações de proximidade à esquerda. Porquê? Porque o percurso à esquerda é, muitas vezes, marcado pela “participação cívica e política” desde cedo, começando logo na associação de estudantes da faculdade, por exemplo, até a um eventual “culminar” em algum cargo. Neste caso, a vida política, social e privada cruzam-se, e as pessoas conhecem-se, daquele meio, desde cedo. Já à direita, continua Pedro Adão e Silva, aquele recrutamento é feito “tipicamente” a partir dos “meios privados”.

Na hora de votar
Para André Freire, a desconfiança que estas escolhas geram no eleitorado é prejudicial para o ambiente democrático: “Independentemente da competência e das qualidades profissionais e políticas das pessoas, em política não basta ser, é preciso parecer. Em termos de imagem não é benéfico para o PS, para o Governo e para as instituições. É verdade que há países como os EUA, em que há dinastias políticas, mas confesso que não me parece muito republicano, devia haver um certo pudor.”


Outro ponto em que André Freire e Luís de Sousa concordam é na possibilidade de o assunto ter um impacto reduzido na hora do voto. Mesmo admitindo que o tema entre nas campanhas eleitorais que se avizinham, os académicos recordam que, na hora de votar, há outros factores de peso que passam, sobretudo, pelos indicadores económicos (emprego, poder de compra, entre outros). Para que este tema adquirisse essa relevância, teria de ter, por exemplo, contornos de “escândalo” com “dimensão penal”, diz Luís de Sousa, ressalvando, no entanto, que esta leitura pode mudar se houver uma sucessão de casos que o motive. “Os efeitos disto são mais difusos e vão além do partido que está no Governo. Afecta a classe política de forma geral e difusa, não tanto o voto”, acrescenta André Freire.

Pedro Adão e Silva considera que estas polémicas são mais penalizadoras para o Governo do que propriamente benéficas para os adversários: “Não creio que valha votos à oposição.” Até porque, explica, “estes temas da qualidade da democracia tendem a surgir mais quando a economia está bem” e “sai do centro do debate”. Se estas polémicas vão ou não pesar na hora de votar, Pedro Adão e Silva considera que depende de factores como o emprego/desemprego: “Os indicadores económicos contam, mas não são hegemónicos”, alerta.

Para Luís de Sousa, o argumento da confiança política para nomear alguém não chega. Porque para esse lugar, além da confiança política, é sempre necessária a competência técnica, argumenta. Apesar de estas relações familiares também existirem noutros sectores da sociedade, André Freire ressalva que a política, a “res publica”, tem uma responsabilidade diferente: “Tem de dar o exemplo. O exemplo republicano. Este tipo de coisas é característico dos regimes caracterizados pela hereditariedade.”

Os dois académicos não vêem com maus olhos uma tomada de posição da parte do Presidente da República. Para Luís de Sousa, o Presidente “deve tomar posição sobre esta e qualquer outra questão que afecte o clima ético da política”. Apesar de sublinhar que, “numa democracia liberal, as várias instituições políticas controlam-se umas às outras” e que não é “descabido” esperar que Marcelo se pronuncie ou intervenha, André Freire ressalva que tal não é uma “obrigação”.

Marcelo (que também tem, na sua genealogia, pergaminhos políticos) já tentou esvaziar a polémica, considerando, em Fevereiro, que o que estava em causa era “mérito próprio”. Nesta terça-feira não perdeu tempo e voltou a lembrar o processo de tomada de posse deste Governo: “Aceitei a solução nomeada pelo Presidente Cavaco Silva, que foi a de nomear quatro membros do Governo com relações familiares, todos com assento no Conselho de Ministros e tomei-a, aliás, partindo do princípio que o Presidente Cavaco Silva, ao nomear, tinha ponderado a qualidade das carreiras e o mérito dos nomeados para o exercício das funções. Depois disso, não nomeei nenhum outro membro do Governo com relações familiares, com exercício de funções no executivo e com assento em Conselho de Ministros.”

Antes, no início das declarações que fez aos jornalistas, ressalvou: “Tenho sobre essa matéria uma posição muito pessoal. Ao longo da minha vida política e também agora no exercício da Presidência, que é o entender que família do Presidente não é Presidente. Nisso, peco por excesso.”

Em Fevereiro, o politólogo António Costa Pinto, que tem estudado as elites, não se mostrava surpreendido com a existência de casos em que a vocação política era um traço comum na família. E, em declarações ao PÚBLICO, distinguia familismo de clientelismo. “Na maior parte dos casos, nas democracias modernas esta dimensão familiar foi perdendo os traços de clientelismo”.


 E a sogra? Ninguém nomeia a sogra?
Ainda está por aferir quais as consequências de toda esta endogamia e aparente nepotismo no Governo.

LUÍS AGUIAR-CONRARIA
27 de Março de 2019, 6:20

Como era previsível, o Conselho de Ministros com mulher e marido e filha e pai era apenas a ponta do icebergue das relações intrincadas da família socialista. E, se muitos reagiram com indiferença, perguntando qual é o mal, neste momento já só os que padecem de partidarite aguda não consideram tudo isto uma pouca-vergonha. Sabemos que entre comissões disto ou daquilo, gabinetes de ministros ou secretários de Estado, as nomeações preferenciais vão para maridos, mulheres, filhos, irmãos, genros e ex-mulheres. Apenas as sogras ficam de fora, essas ninguém nomeia.

Mea culpa, quando há umas semanas escrevi sobre os laços familiares no Governo, não imaginava que a endogamia, os conflitos de interesses e o nepotismo fossem tão graves. Esse foi um efeito positivo da nomeação de Mariana Vieira da Silva para ministra da Modernização Administrativa. Aumentou o escrutínio. Só por isso, já valeu a pena tê-la com o pai no Conselho de Ministros.

Ainda assim, não sei se este nível de endogamia é uma característica distintiva deste Governo ou se já vem de governos anteriores. Por um lado, tenho a tentação de achar que sempre foi assim e que não havia denúncias porque se considera isto normal. Por outro lado, lembro-me que no governo de Passos Coelho houve um escândalo semelhante. Foi com a nomeação da mulher do ministro Nuno Crato para o Conselho Científico das Ciências Sociais e Humanidades da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Perante o que vemos hoje, até parece absurdo que tenha levantado celeuma. A nomeação da mulher de Crato para um dos conselhos científicos da FCT deveria ter sido evitada, sublinhe-se. Mas não tem a gravidade de, por exemplo, ter a mulher do ministro do Ambiente como chefe de gabinete de um secretário de Estado do Ambiente. O nível de conflito de interesses e a aparência de nepotismo simplesmente não são comparáveis.

Mas voltemos às minhas dúvidas. O facto de a nomeação da mulher de Nuno Crato ter dado polémica sugere que havia algum escrutínio. E, se assim foi, somos levados a concluir que o actual nível de endogamia e nepotismo não tem antecedentes. Será o resultado de o Partido Socialista ter sido Governo durante 16 dos últimos 23 anos? Tornaram-se no partido do regime e sentem-se inimputáveis?


Insisto, não tenho dados suficientes que me permitam descartar liminarmente a hipótese de outros governos serem tão permeáveis a laços familiares como este. É provável que a equipa socialista comece a fazer um levantamento de relações familiares nos outros partidos. Por exemplo, já ficámos a saber por Carlos César — que, salvo erro, tem a mulher, o filho, a nora e o irmão em cargos políticos ou de nomeação política — que a irmã de Luís Marques Mendes é deputada e que Joana Mortágua é irmã de Mariana Mortágua. Informação surpreendente! Olhando para a cara delas, ninguém diria. É provável, e desejável, que no futuro fiquemos a conhecer mais casos. Nada melhor do que a transparência.

O que fazer com toda esta informação? Vamos detalhar numa lei todas as possíveis incompatibilidades familiares para cargos de nomeação política? Espero que não. Um político tem o direito de nomear quem quer para um cargo de confiança política. Não devemos confundir o imoral com o ilegal. Esta falha ética deve ser julgada pelos portugueses e não pelos tribunais. Apenas devemos exigir transparência. Em democracia os eleitores têm de ser responsabilizados.

No domingo passado, na Rádio Renascença, discuti este assunto com Nuno Botelho e Nuno Garoupa. Nuno Garoupa argumentou que, se o Governo se sentia à vontade para fazer todas estas nomeações em catadupa, era porque sabia que não seria eleitoralmente penalizado, como se podia ver pelas sondagens. Contrapus que era impossível aos eleitores penalizarem o que era do desconhecimento geral.

Já depois deste debate, foi tornado público uma sondagem da Aximage, que dá uma forte subida do PSD nas intenções de voto. Um aumento de 20 para 29% dificilmente se deve à natural aleatoriedade da amostra, pelo que deverá ter algum significado. No entanto, o trabalho de campo da sondagem foi feito entre 9 e 13 de Março e a carta de amor de Pedro Nuno Santos à sua mulher foi publicada a 17. Nessa carta, Pedro Nuno Santos descreve o extraordinário percurso profissional da mulher. Depois de acabar o curso, antes de se iniciar em cargos de nomeação política, trabalhou para a empresa de consultoria Augusto Mateus & Associados. Imagino que a empresa ser de um ex-ministro de um governo do PS seja uma mera coincidência e que não houve qualquer favoritismo partidário. Adiante, como a carta é posterior ao trabalho de campo da sondagem, é improvável que a aproximação do PSD ao PS se deva a qualquer penalização ao PS por causa deste assunto.

Muito possivelmente, dever-se-á às listas para o Parlamento Europeu, com o PS a fazer escolhas incompreensíveis. Por um lado, tem como cabeça-de-lista o rosto do principal falhanço da governação socialista. Pedro Marques, enquanto ministro do Planeamento e das Infra-estruturas, é o responsável político pelos recordes negativos do investimento público dos últimos anos. Por outro, relegou para segundo lugar uma excelente ministra, Maria Manuel Leitão Marques, que, ela sim, seria um excelente nome para a Comissão Europeia. Para compor o ramalhete, apresenta como número três da lista Pedro Silva Pereira.

Eu tinha decidido votar no PS para o Parlamento Europeu. Era um prémio justo pelo facto de terem mantido todos os compromissos europeus, empenho esse personificado na eleição de Mário Centeno para presidente do Eurogrupo. O PS tinha voltado a ser a principal voz europeísta em Portugal, mesmo com o singular apoio na Assembleia da República. Perderam o meu voto no exacto dia em que decidiram manter Pedro Silva Pereira, um clone político de José Sócrates, como deputado europeu.

Mas tergiverso. Em Portugal, a endogamia é bem aceite. Vemos isso, por exemplo, na sucessão das empresas, com lideranças a passarem naturalmente de pais para filhos (ou filhas, um saudável progresso recente, dado que duplica a probabilidade de encontrarem a liderança certa), na academia e em diversas outras profissões, com filhos a sucederem-se aos pais como se fosse normal. Por isso, ainda está por aferir quais as consequências de toda esta endogamia e aparente nepotismo no Governo. Neste momento, tudo é transparente e ninguém pode alegar desconhecimento. Se, ainda assim, não houver penalização eleitoral, é porque não nos sentimos incomodados com o assunto, caso em que temos o que merecemos.

Professor da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho

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