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OVOODOCORVO
Madonna acusa Portugal de ingratidão. Basílio Horta diz que
“há coisas que o dinheiro não paga”
(…) ‘E depois culpa o agente por ter vindo morar para
Portugal: “A culpa é tua. Tu é que me convenceste a vir morar para cá”.
24/3/2019
Madonna pressionou a autarquia a voltar atrás e permitir a
entrada de um cavalo num palacete. Basílio Horta não cede: "Há coisas que
o dinheiro não paga". Madonna acusa Portugal de ingratidão.
Madonna diz que já fez muito por Portugal. Basílio Horta não
cede às pressões da cantora
Autor
Marta Leite Ferreira
O presidente da Câmara de Sintra reagiu este domingo às
notícias de que tinha impedido a cantora norte-americana Madonna de levar um
cavalo puro-sangue lusitano para dentro da Quinta Nova da Assunção — um
palacete do século XIX — para gravar uma parte de um novo videoclip. Em
declarações ao Expresso, Basílio Horta sublinha que “há coisas que o dinheiro
não paga”: “Em condição nenhuma deixaria entrar um cavalo no palácio, não tem
qualquer sentido! A Madonna é uma artista, mas o palácio é de todos e não é
para ser estragado”, justifica.
Para gravar o videoclip da canção “Indian Summer”, Madonna
pediu autorização à Câmara de Sintra para usar o hall principal do edifício em
Belas. O documento foi enviado pela produtora “Twenty Four Seven” para a
autarquia a 12 de março e pedia a reserva do espaço entre os dias 15 e 20 de
março para uma filmagem “de uma cantora conhecida mundialmente”. De acordo com
o plano apresentado pela produtora, a que o Expresso teve acesso, as gravações
só aconteceriam nos últimos dois dias entre as 17h e as 07h.
Depois de analisado pela Câmara de Sintra, o pedido de
filmagem foi aceite. Mas nem todo o plano tinha luz verde da autarquia de
Basílio Horta: a cena que mostraria um “cavalo deitado no chão a interagir com
a protagonista”, que seria filmado durante “um tempo de filmagem muito
reduzido” de “entre uma hora e uma hora e meia” não podia acontecer “por
motivos de segurança”, argumentou a Câmara.
É que “o soalho de madeira assenta sobre uma caixa de ar e
podia ser danificado”, explica fonte da autarquia ao Expresso, completando
aquilo que a Câmara já tinha respondido à cantora: “O piso do rés do chão
assenta sobre estrutura de vigas de madeira, sendo a caixa de ar ventilada,
portanto um piso não estabilizado estruturalmente, o que impede a utilização de
atividades que provoquem vibrações”, pode ler-se no relatório enviado à “Twenty
Four Seven”.
Conforme noticiado pelo Correio da Manhã na edição de sábado,
o agente informou Madonna da decisão da Câmara por mensagem: “Desculpa, minha
rainha. Estou a fazer o meu melhor. Telefonei a muita gente e enviei varias
mensagens. Infelizmente, o homem que pode decidir não está disponível, mas em
alguma altura vai estar”. Mas a cantora não gostou da resposta: “Amanhã é tarde
demais. Vamos filmar noutro lado. Esquece”. A seguir acrescenta: “Já dei tanto
a este país e quando peço um favor simples, de facto para mostrar Portugal ao
mundo, a resposta que obtenho é negativa”. E depois culpa o agente por ter
vindo morar para Portugal: “A culpa é tua. Tu é que me convenceste a vir morar
para cá”.
Em reações prestadas ao Expresso, o Gabinete do presidente
da Câmara confirmou que os funcionários de Madonna tentaram pressionar a
autarquia a mudar de opinião. “Até disseram que iam falar com o
primeiro-ministro”, conta a fonte do gabinete ao jornal. Mas nada reverteu a
resposta de Basílio Horta, que se recusou a conversar com a produtora da
cantora: “As pressões não são habituais. Mas também as pessoas sabem que,
comigo, não resultam. Se fosse um português nem se atrevia a tentar. Levo muito
a sério o princípio da igualdade”, explicou o autarca.
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